Empresas de comunicação lançam rede de colaboração em negócios

Com previsão de impulsionamento de negócios de 20%, a Oficina Consultoria apresentou um novo modelo de atuação no mercado de comunicação, reputação e influência em um evento em Brasília nesta semana. A proposta, de acordo com a empresa que lidera o movimento, é “romper com as estruturas tradicionais de negócios do setor, que operam com modelos centralizados e estruturas de conglomerados e holdings. A Rede de Reputação & Influência nasce como uma comunidade empresarial horizontal inédita, fundamentada na lógica da Nova Economia – cenário econômico marcado pelo digital, modelos inovadores e foco na experiência do cliente”.
A comunidade será lançada em evento em Brasília, já com a participação inicial de 25 empresas parceiras, entre elas a Inteligov, o Movimento Cidade, a Hexa Brasil o UAU Hub, Compaso Collab, a Forebrain, a RádioWeb, a V-Tracker, a Texto& Cia, Ideia Pesquisa, Capucchino PR, The Hub, entre outros. Os integrantes terão acesso a um escritório colaborativo em Brasília.

No evento, foi ressaltado pelas representantes da Oficina, Natália Lima, Patrícia Marins e Liliane Pinheiro, em palestra inaugural, que a empresa identificou que os clientes têm desafios de reputação cada vez mais complexos e que as soluções extrapolam o portfólio de comunicação e migram para negócios, por isso propõe a nova rede colaborativa. Ao mesmo tempo, ocorreu uma redução significativa no valor do orçamento da comunicação, segundo pesquisa Aberje/Valor Econômico, que demonstra uma queda de 14,8% em comparação com o ano passado. Até o momento, as agências têm buscado se organizar em conglomerados, por meio de fusões e aquisições. “Optamos por um caminho diferente e estamos apostando na nova economia da reputação, em que os negócios são impulsionados pela colaboração, com alinhamento de valores e ganha-ganha. Trouxemos uma consultoria especializada em modelagem de negócios, analisamos benchmarks no Brasil e exterior, conversamos com mais de 30 empresas dos segmentos de comunicação, marketing, pesquisa, dados, tecnologia, gestão de negócios, especializadas em ESG e gestão de conflitos e desenhamos o business plan da rede”, explica Patrícia Marins, sócia-fundadora da Oficina Consultoria.
“Não existe, até o momento, referência similar no mercado da comunicação. Os modelos atuais ainda são bastante convencionais. A Rede se ancora no capital coletivo, no capital humano e na inteligência compartilhada para gerar valor aos negócios de todos os parceiros. É um modelo horizontal e cooperativo, baseado em regras claras de negócio e convivência. Trata-se de um novo paradigma para o setor – uma comunidade as a service”, afirma Liliane Pinheiro, CEO da Oficina.
O modelo vem sendo estudado há mais de um ano, com apoio de uma consultoria especializada em gestão de negócios e pautado por benchmarking com referências internacionais, como o Fórum Econômico Mundial. A estratégia integra marketing, inteligência de mercado e desenvolvimento de negócios. “O objetivo principal do modelo é incrementar oportunidades de negócios em comunicação, reputação e influência, migrando de uma lógica tradicional de gestão de fornecedores para uma gestão baseada em comunidade. Essa comunidade se estrutura sobre uma governança que valoriza a confiança mútua, a colaboração e a construção de soluções coletivas”, explica Cauê Padilha, gestor responsável pela Governança e Operação da Rede. O diretor de capítulo Aberje Brasília, Giovanni Nobile, foi um dos comunicadores presentes no evento. De acordo com ele, a novidade é interessante para o mercado de comunicação empresarial por ofertar soluções com criatividade.
As redes colaborativas têm ganhado espaço na economia global. Segundo o relatório “Sharing Economy Market Size, Share | Global Growth 2024–2032”, divulgado em 2025, o mercado global de economia compartilhada foi de US$ 158,1 bilhões em 2023 e pode atingir quase US$ 2 trilhões até 2032, impulsionado pela preferência crescente por acesso em vez de posse. No setor corporativo, em 2024, 69% das grandes empresas já faziam parte de ecossistemas colaborativos voltados à inovação e fortalecimento de marca. Plataformas como a SAP Business Network, uma rede de negócios que movimenta US$ 6,2 trilhões por ano, conecta mais de 5 milhões de empresas, fornecedores, operadores logísticos e parceiros em todo o mundo. Marins destaca que a colaboração entre empresas acelera os negócios, mas também se tornam vetores de práticas ESG, de transparência e da geração de soluções em inovação social: “Para além de aumentar o volume de negócios e o valor agregado às marcas, a lógica de colaboração impulsiona a cocriação de valor social e econômico – promovendo a sustentabilidade e alinhando metas de inovação social e ESG a ganhos de competitividade”, aponta.
Destacado no relatório Corporate Social Innovation Compass, do Fórum Econômico Mundial com a Deloitte, o setor de inovação social adota comumente o modelo de redes colaborativas. O documento demonstra os benefícios das parcerias entre empresas e empreendimentos sociais — apontando como essas alianças facilitam a entrada em novos mercados, geram retorno financeiro e social e fortalecem o ecossistema da economia social — que já representa 7% do PIB global e emprega mais de 13,6 milhões de pessoas na União Europeia. A estimativa é que os investimentos de impacto ultrapassem US$ 1,8 trilhão até 2030.
A governança da Rede de Reputação & Influência contará com comitês específicos, como o Comitê de Oportunidades e uma instância central de decisão estratégica, com um plano de negócios em desenvolvimento que estabelece metas de crescimento e geração de valor para todos os participantes. A Oficina Consultoria atua como articuladora da comunidade, adotando uma estratégia integrada de marketing, negócios e inteligência.
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