30 de junho de 2021

Você vai mesmo continuar deixando 45 milhões de pessoas de fora?

Publicado originalmente no LinkedIn em 16 de junho de 2021

No tem mesmo outra forma de falar: são mais de 45 milhões de brasileiras e brasileiros com algum tipo de deficiência (segundo censo do IBGE de 2010) seja sensorial, motora ou cognitiva. Certamente mais de 12 milhões têm deficiência de natureza severa. Toda vez que você escreve no Linkedin, no Instagram ou em qualquer outra rede social, você pensa nisso? Você imagina que tua mensagem pode não estar chegando a estas pessoas?

Tecnologias recentes permitem ouvir um texto originalmente feito para leitura, o que amplia a quantidade de materiais acessíveis a pessoas com deficiência visual. Profissionais sem visão que hoje têm acesso a livros e outras publicações especializadas podem se qualificar com muito mais informação, garantindo um ganho de produtividade que favorece a todos, inclusive a empresa em que trabalham e a sociedade como um todo.

A inclusão além de ser uma questão humanitária (já falei isso aqui) é um bom negócio. Ao negligenciar a exclusão, você deixa de fora uma enorme audiência. Certeza de que não é de propósito, certo? Com base no conteúdo sensacional promovido pelos Encontros CCBB Sobre Acessibilidade Digital resolvi destacar um pouco do que pode ser feito para incluir todo mundo na comunicação digital.

1. Vontade. Comece a postar agora de forma mais inclusiva. E para projetos, é preciso considerar acessibilidade desde o início.

2. Descrição de imagem no Linkedin, Facebook, Instagram, e em todos os posts. É algo ao seu alcance e fundamental para a pessoa com baixa visão ou cega entender a imagem publicada. Vou fazer este aqui para você perceber que é simples e que você também pode começar agora mesmo. DESCRIÇÃO DE IMAGEM: Mosaico com fotos de todos os palestrantes dos Encontros, cada uma das fotos com uma moldura rosa indicativa da marca do evento. Do alto para baixo, da esquerda para a direita: Odilon Gonäalves, Alexandre Ohkawa, Fernando Campos, Paula Pfeifer, Beto Pereira, Marcos Lima, Leonardo Gleison, Leandrinha Du Art, Isa Meirelles, Simone Freire, Viviane Sarraf, Eric Klug, Diniz Candido, Reinaldo Ferraz.

3. Exposições online e físicas também precisam ser acessíveis. O mundo todo tem feito a transposição para o digital sem muitas vezes considerar conhecimentos há anos ao alcance das organizações. Assim como a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), audiodescrição, legendagem, peças táteis, aros magnéticos e toda tecnologia assistiva deve ser considerada. (Vale consultar a Lei!).

4. Você pensa na legenda em vários idiomas quando promove vídeos em eventos e debates online, certo? Então, debates online precisam contar com a tradução também para a Língua Brasileira de Sinais, utilizada por pessoas surdas sinalizadas. Mas isso não é tudo! A legenda em tempo real (eventos), conhecida como estenotipia, faz a diferença para a pessoa surda que não entende Libras. Aliás, as legendas são sempre boas para todo mundo, em vídeos e em transmissões. E não esqueça: audiodescrição nessas situações não um luxo à parte! É essencial.

5. Para reuniões online com a presença de pessoas com deficiência visual é preciso fazer uma autodescrição quando você se apresenta (caso não tenha áudio descrição contratada). Vou dar o exemplo: além de dizer “Boa tarde, sou a Lu Coen, uma comunicadora, e contar o que eu faço e sobre o que vim falar, é importante também me descrever fisicamente (pele, cabelo, olhos), roupas e fundo da tela. Super simples!!!

6. Para você que é programador ou está coordenando uma criação de um site. Estudo realizado pelo Movimento Web para Todos indicou que menos de 1% dos endereços ativos na Web brasileira tiveram sucesso em testes de acessibilidade aplicados. E a pesquisa do CCBB sobre Acesso a Arte e Cultura em ambientes digitais, divulgada pela Agência Galo, mostrou que oito em cada dez pessoas com deficiência (85,9%) acessariam conteúdos culturais com mais frequência se fosse mais fácil e acessível navegar por sites sobre o assunto.

O recado está dado: comunique pensando em inclusão, crie eventos pensando em inclusão e programe pensando em inclusão.

 

Texto escrito com base em manifesto sobre Encontros CCBB sobre Acessibilidade Digital.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luciana Coen

Profissional com mais de 20 anos de experiência em Comunicações Integradas, Jornalismo, Mídias Sociais, Relações Públicas e Sustentabilidade, Luciana Coen é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com MBA em Comunicações Corporativas pela Syracuse International e Fundação Getúlio Vargas em Assuntos e Comunicações Corporativas. Trabalhou como repórter e editora de veículos especializados em tecnologia como Computer World e CIO Magazine. Desde maio de 2014 é Diretora de Comunicações Integrada e Responsabilidade Social Corporativa da SAP Brasil. É membro do Conselho da Associação Brasileira das Comunicações Corporativas (Aberje) e dos Comitês de Comunicação da AHK e de Sustentabilidade Amcham-SP.

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