05 de março de 2021

Você já sentiu raiva de jornalistas?

3 pontos essenciais para melhorar esta relação (e 3 gafes imperdoáveis para não cometer)

3 pontos essenciais para melhorar esta relação (e 3 gafes imperdoáveis para não cometer)

Antes de mais nada, quero te dizer que sou formada em Comunicação Social (Jornalismo) e fui jornalista de imprensa escrita por 15 anos. Trabalhei em grandes empresas como O Estado de S. Paulo e Editora Abril e em empresas sensacionais ultra-especializadas, como a IT Mídia. Tive oportunidades incríveis. Outras, nem tanto. (Um dia conto estas histórias…). Esta bagagem me ajudou muito a entender “o outro lado do balcão” quando passei a ser gestora de Relações com Imprensa. Agora, vamos aos pontos importantes desta delicada relação:

1) O jornalista é desconfiado. Ainda bem! Entenda que o jornalista tem um papel fundamental na nossa sociedade, há séculos. A função de qualquer jornalista é comunicar a verdade, em benefício da sociedade (incluindo você mesmo). Não precisa ir muito longe para entender o papel dos jornalistas na libertação do Brasil da ditadura, ou mesmo na cobertura de guerras. Então, entenda: o jornalista não está a seu serviço ou da sua empresa só porque você está concedendo uma entrevista a ele. Também não está a serviço do editor dele e nem do dono do jornal. Ele está realizando um trabalho social, fundamental para todos nós, que é o de mostrar a verdade. Na prática, isto significa, sim, que de saída ele não vai absorver o seu discurso vendedor. Ele vai desconfiar e questionar sim. Vale a tua empatia.

2) 3 erros básicos que você não pode cometer e porquê.

a. Atenda na hora, seja rápido. O jornal fecha, o programa tem hora para ir ao ar. Você já viu o Jornal Nacional atrasar e a Globo colocar um filme no lugar? Ou um dia em que a Folha de São Paulo ou a Veja “pularam” um dia ou uma semana? Não, né? Então, horário e deadline são sagrados. Ele precisa fazer a entrevista com você e outras fontes, escrever, editar e publicar. Tudo isto sem atrasar. Então, tem muito pouca negociação. Ah! E não, ele não podia ter avisado antes e não planejou com antecedência. Notícia não avisa antes que vai acontecer. Então, não tem muita margem de manobra. Por favor, abra espaço na tua agenda.

b. Ele não vai te mandar as perguntas antes da entrevista. Em primeiro lugar porque ele não é obrigado a fazer isto. Em segundo lugar porque, lembra que ele é desconfiado? Então, ele quer que você seja autêntico. E ele quer, também, ter a liberdade de mudar as perguntas na hora, conforme tuas respostas.

c. Não peça para revisar a matéria antes de ser publicada e nem para ver antes. Isto remete a censura e acaba com a sua reputação. O jornalista tem liberdade de escrever da forma como ele quiser, desde que respeite a verdade do que foi falado. Só quem pode mexer no texto dele são outros colegas de redação. Portanto, segure a ansiedade e insegurança. Confie no que você falou em entrevista e respeite o trabalho do Comunicador Social.

3) Você precisa estar preparado para falar com o jornalista. E esta preparação passa pelo básico, que é entender sobre o que ele quer falar, porque ele está fazendo aquela reportagem e, se possível, quem mais ele vai entrevistar e para quando ele precisa do teu retorno (deadline). Tudo isto precisa estar em um documento que chamamos de briefing. Até aí, pouca novidade. O que você precisa fazer, mesmo, é: estudar o assunto e o briefing e ter certeza de que você tem números, fatos (não adianta só ter percepções e opinões); não entrar esbaforido correndo de outro compromisso e fazer um “pouso forçado” na hora da entrevista. Isto vai te atrapalhar muito mais do que você imagina.

Publicado originalmente no LinkedIn em 02 de março de 2021.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luciana Coen

Profissional com mais de 20 anos de experiência em Comunicações Integradas, Jornalismo, Mídias Sociais, Relações Públicas e Sustentabilidade, Luciana Coen é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com MBA em Comunicações Corporativas pela Syracuse International e Fundação Getúlio Vargas em Assuntos e Comunicações Corporativas. Trabalhou como repórter e editora de veículos especializados em tecnologia como Computer World e CIO Magazine. Desde maio de 2014 é Diretora de Comunicações Integrada e Responsabilidade Social Corporativa da SAP Brasil. É membro do Conselho da Associação Brasileira das Comunicações Corporativas (Aberje) e dos Comitês de Comunicação da AHK e de Sustentabilidade Amcham-SP.

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