20 de setembro de 2021

Trabalho + Propósito

Assistindo ao documentário do Netflix “What Happened, Miss Simone?”, que retrata a vida e a obra da lendária pianista, cantora e ativista Nina Simone, é quase impossível não pensar em trabalho e propósito. Claro que ela pagou um preço alto por ter praticamente abdicado da infância em razão de um sonho maior. Difícil imaginar como poderia ter sido diferente em meio ao contexto de pobreza e segregação racial que dominava o sul dos Estados Unidos na década de 1930 e nas que a sucederam.

Sua formação em piano clássico exigiu que Nina, por muitos anos, passasse oito horas por dia na frente do instrumento, desde muito pequena. A jovem encontrou nas aulas de piano seu esteio para enfrentar as dificuldades vividas por uma humilde família da Carolina do Norte. Muito empenho e dedicação, somado a um talento nato, levaram-na a estudar na renomada escola Juilliard, em Nova York, e de lá para os palcos do mundo.

Com uma carreira já consagrada na música, Nina participou ativamente da luta pelos direitos civis e pela igualdade racial nos Estados Unidos, mesmo sofrendo boicote de gravadoras e casas de espetáculos, o que mais tarde comprometeria sua carreira. Mas ela tinha um propósito e não abriu mão dele. Como ela mesmo declarou à época, “é uma obrigação artística refletir o meu tempo”.

Olhando superficialmente o triunfo de Nina e de outros gênios das artes e do mundo dos negócios, soa como altamente inspiracional e pouco “transpiracional”. Algo como ganhar na loteria, tirar o bilhete premiado. Ter aquela ideia brilhante que, de repente, impactará a vida de milhares ou até milhões de pessoas. Ou seja, a lei do mínimo esforço para a obtenção do máximo resultado.

A luz elétrica, o avião, o plano de levar o ser humano à Lua, a internet, o smartphone, ou a canção My Baby Just Cares for Me. Criações como essas e tantas outras que marcaram a história da humanidade em diferentes períodos levaram tempo para amadurecer, serem testadas e demandaram um esforço gigantesco e a dedicação de muitas pessoas antes do reconhecimento público como algo transformador.

Trabalho, foco e comprometimento, adaptabilidade e resiliência são fatores-chave para levar uma ideia do papel à execução bem-sucedida, assim como cercar-se de pessoas que fazem a diferença, seja por seus conhecimentos técnicos, suas habilidades humanas e comportamentais, ou ambos.

Nina Simone fez tudo isso. Trabalhou muito. Enfrentou medos. Não desistiu diante dos obstáculos (e não foram poucos!). Quebrou estereótipos. Inspirou gerações. Fez história, e ficará para sempre nela. Com seu dedilhar sobre o piano, seu timbre único, sua genialidade, e seu propósito.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcos Santos

Marcos Santos é Diretor de Marketing e Demand-Generation da Unisys para América Latina, responsável pelo planejamento e execução das iniciativas de brand awareness e geração de demanda na região. Antes de ingressar na Unisys em 2012, Marcos desempenhou funções seniores em agências de Relações Públicas, como Sing Comunicação, Fundamento Grupo de Comunicação e Andreoli MSL. Graduado em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, Marcos possui MBA em Gestão da Comunicação Corporativa pela Aberje, curso de extensão (pós-graduação) em Análise de ROI em Programas de Marketing e Comunicação pela USP e completou o Programa MicroMaster em Digital Leadership pela Universidade de Boston.

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