21 de setembro de 2023

O caminho das pedras da governança

As áreas de comunicação nas empresas são organismos complexos e, mesmo em organizações de pequeno porte, com equipes enxutas, o número de atividades e processos conduzidos por elas são muitos. No entanto, na minha experiência com atendimento a diferentes instituições, vejo sempre que falta às equipes de comunicação uma coisa essencial: governança.

Os profissionais da área de comunicação trabalham de forma muito intuitiva e geralmente sabem quem faz o que, mas esse conhecimento costuma ficar restrito a poucas pessoas (em geral as com mais tempo de casa). Além disso, outra questão que impacta diretamente nessa falta de governança estabelecida é o dinamismo da profissão e das empresas. Como tudo muda o tempo todo, há uma resistência natural à formalização de papéis e responsabilidades.

Mas eu posso garantir que fazer esse trabalho é importantíssimo e pode te ajudar de muitas formas, desde agir rápido em momentos de crise ao onboarding de novos colaboradores. Organizar e registrar economiza tempo, ou seja, economiza dinheiro, o que por si só já faz valer o esforço.

Ok, já ficou claro que governança é importante, mas o que é governança para comunicação? É a forma como a área de comunicação se organiza, trabalha e interage com todos os seus grupos de interface tais como as demais áreas da empresa, os fornecedores, o corpo de executivos etc.

Eu, particularmente, gosto de olhar para a governança sob a ótica de 5 pilares: direção, restrição, política, comunicação e monitoramento.

  1. Direção: como me organizo e tomo minhas decisões. Ou seja, é a definição sobre a centralização ou descentralização dos canais de comunicação, sobre a organização da equipe por temáticas ou projetos, sobre a hierarquia a ser seguida etc.
  2. Restrição: o que delimita a minha atuação. Por exemplo, os tipos de conteúdo que não podem ser veiculados, os níveis de administração das ferramentas utilizadas ou o contrato com seus fornecedores e parceiros.
  3. Política: o documento que formaliza a direção e a restrição. Ele deve incluir regras, papéis e responsabilidades de cada ator.
  4. Comunicação: o processo de educação e divulgação dos acordos apresentados na política. Não importa se o plano é fazer um roadshow, um treinamento ou um bate-papo informal com seus grupos de interface, o que vale é que todos conheçam e entendam esse documento.
  5. Monitoramento: as verificações que a área de comunicação faz para garantir que a política está sendo seguida. A rotina de revisão dos administradores das ferramentas de comunicação ou a gestão do contrato de fornecedores são alguns exemplos.

Os benefícios de seguir esses pilares são muitos. O relacionamento com as áreas melhora sensivelmente (dado que as regras estão claras para todos, garantindo a equidade e transparência), a produtividade aumenta em função da diminuição de interferências e refações por falhas de entendimento e até a imagem da equipe de comunicação é beneficiada quando as demais áreas da empresa percebem essa organização e profissionalismo. Como eu disse, vale a pena. Quanto antes você começar, mais cedo colherá os frutos dessa transformação.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Juliana Neiva

Profissional com mais de 15 anos de experiência em comunicação corporativa. Hoje atua como Head de Comunicação na Ímpar gerindo uma equipe de quase 50 pessoas na condução de projetos e contas de Comunicação para empresas de diversos segmentos e portes. Passagem por grandes empresas como Accenture, Vale e Computer Sciences Corporation. Vasto conhecimento em Comunicação Interna, Estratégia de Comunicação, Projetos de Comunicação Digital, Gestão da Mudança e Atendimento. Formada em Relações Públicas pela Uerj e Mestrado em Comunicação Corporativa pela Kingston University London.

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