Nem conteúdo demais, nem de menos: qual o ponto de equilíbrio entre visibilidade e relevância?

O excesso de publicações pode desgastar a audiência. Diminuir a produção tende a afetar a presença digital. Entre os dois extremos, é preciso encontrar a medida certa.
Diante desse desafio, muitas decisões de comunicação falham. De um lado, empresas investem alto em conteúdo sem uma estratégia clara, produzindo em volume, mas sem propósito. De outro, há quem decida cortar a produção, acreditando que menos é mais, perdendo espaço justamente quando a presença consistente poderia consolidar a autoridade.
Mais conteúdo não é, necessariamente, melhor conteúdo
O dilema sobre a quantidade de publicações não é irrelevante. E não se trata apenas de competição entre marcas, mas de estar presente em espaços de ampla visibilidade, o que também significa estar mais próximo do consumidor. Acontece que estamos falando de ambientes em que o tempo e a atenção são ativos escassos; o conteúdo precisa disputar relevância com mensagens pessoais, notícias, entretenimento e múltiplas distrações.
Empresas que aumentam a produção sem critérios caem facilmente em armadilhas: repetição de mensagens, desalinhamento com os interesses do público, baixa performance orgânica e esgotamento de temas. Isso sem contar o custo de oportunidade: tempo e orçamento dedicados àquilo que pouco contribui para os objetivos estratégicos.
Mais do que produzir por produzir, é preciso entender o papel do conteúdo em cada fase da jornada, em cada canal e para cada público. A régua da quantidade só faz sentido quando combinada com intencionalidade.
Reduzir pode custar caro se for feito sem critério
Em momentos de reavaliação de investimentos, o conteúdo ainda é visto por muitas empresas como uma das primeiras frentes a serem cortadas. Eventualmente, reduzir o volume pode ser uma decisão acertada, desde que seja estratégica.
Cortar conteúdos redundantes, desalinhados ou pouco eficazes é desejável. Mas reduzir drasticamente a frequência ou a variedade de formatos pode afetar diretamente a visibilidade e a presença da marca nos pontos de contato mais importantes.
Menos conteúdo só é mais quando se investe em planejamento editorial, escuta ativa e revisão de métricas. A pausa na produção deve ser acompanhada de curadoria, reestruturação de mensagens e reuso inteligente do que já foi criado — não de silêncio.
O ponto de equilíbrio: qualidade, constância e contexto
O conteúdo ideal não é o mais frequente nem o mais esporádico. É o mais coerente com a estratégia da marca, com a disponibilidade do público e com os objetivos que se deseja alcançar. Alguns pontos ajudam a encontrar esse equilíbrio:
- planejamento editorial – um calendário de conteúdo bem estruturado evita excessos e garante diversidade de formatos, temas e abordagens;
- monitoramento contínuo – os dados devem mostrar o que funciona e o que pode ser descontinuado;
- integração entre áreas – quando marketing, branding, produto e relacionamento atuam em conjunto, o conteúdo deixa de ser apenas uma frente tática e passa a refletir a estratégia do negócio;
- flexibilidade para testar – nem toda mudança precisa ser radical; é possível testar volumes, formatos e abordagens diferentes em campanhas ou períodos específicos e só então decidir, com base em evidências.
Ao tratar o conteúdo como algo estratégico, a régua da quantidade passa a ser apenas uma das variáveis. O foco se desloca da produção para a entrega de valor. O conteúdo deixa de ser um subproduto da operação de marketing e passa a atuar como um ativo que fortalece posicionamento, relacionamento e percepção de marca.
A dose certa de conteúdo não está em um número fixo de posts por semana, nem na quantidade de vídeos lançados por mês. Ela depende da capacidade da marca de manter-se relevante, presente e conectada com seu público. Sem exagero e sem ausência.
Produzir conteúdo exige mais do que volume: pede contexto, consistência e escuta ativa. E, principalmente, coragem para dizer menos quando for preciso. E para dizer mais, quando isso realmente fizer sentido.
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