Métricas de maturidade: como o tempo inelástico modela uma carreira de impacto

Se tudo é urgente, nada amadurece. A comunicação que só performa no “agora” coleciona picos e ruídos: muda de rota a cada trend, empilha peças brilhantes que não conversam sequer com a verdade, promete mais do que consegue sustentar (incluindo gafes em prêmios internacionais). Esse é um conflito perverso: calendário versus execução. Traz um descompasso com custo alto e dolorido: reputação sem densidade, inovação exibicionista, times exaustos. A virada começa quando aceitamos que performar é uma história boa, mas que precisa de cadência estratégica – e não só de adrenalina.
É neste ponto que quero abordar o que acredito sobre construção de trajetória profissional equilibrada em comunicação (ou qualquer outra área). De que tipo de amálgama resulta uma jornada estruturada e construída olhando mercado, transformação e pessoas? No mercado, posicionamento com lastro, coerência para atravessar ciclos (muitas vezes modismos) sem diluir a essência. Na transformação, subir a barra sem esgarçar o timing para construir conteúdo e exercer a criatividade. Nas pessoas, ritos de reflexão suficientes para usufruir de escuta e conectar-se com bom senso.
Faço aqui também uma provocação necessária: quem salta de lugar em lugar, no trabalho, coleciona variedade, mas habitualmente perde profundidade. A vida profissional “iô iô” é uma prática divertida no playground, mas sofre problemas sérios para garantir sabedoria – e performance – em qualquer tema. Como se chega a uma solução? Cadências explícitas, poucas e relevantes prioridades por trimestre; calendário que privilegia continuidade e profundidade sobre volume; marcos de verdade que nos obrigam a buscar, internalizar e depois aplicar aprendizados antes de abrir novas frentes. Um novo tipo de KPI. Que tal trocar as batidas métricas da vaidade e do alcance por métricas de maturidade?
Tensão resolvida na prática: menos conhecimento frugal, mais competência acumulada e acionada. A escolha é uma espécie de arquitetura do tempo. Ou, indo mais longe na metáfora, algo como a visão de fractal sobre nossas condutas onde o amplo se comunica com a parte e com total consequência. Isso é coerência.
O tempo é o senhor de todas as ocasiões. E nós somos os senhores das decisões. O tempo é inelástico e segue sua jornada. Nossas decisões vão impactando a nós mesmos e ao redor com toda a força de conhecimento que inserimos nelas. É perigosamente elástico. Grosso modo: pensou raso vai pisar raso e deixar irrelevância pelo caminho. Investiu em mergulhar fundo no conteúdo, estruturar pensamentos e informações relevantes, vai viver o mergulho qualitativo do impacto que bons profissionais são capazes de realizar. É a sabedoria que faz acontecer de verdade. A diluição de pensamento é trend enganosa, boba, miragem no tempo.
Posso falar por mim, colocando-me bem longe de ser o melhor exemplo, mas, certamente, sou uma das pessoas que mais me conhece…
Nos últimos 4 anos atuando como sócia na bowler essa lógica funcionou para mim. Não tem sido sobre correr mais e sim sobre entender melhor que cada projeto, cada cliente e cada entrega exige um “sprint” diferente. E acertar aqui que o melhor sprint implica em saber que é a quantidade de conhecimento que o tempo te faz acumular que garantirá passadas largas. O tempo é uma valência inelástica, como já escrevi, implacável, mas o conhecimento não, ele se internaliza nas construções de projetos reputacionais, gestão de crises, clarividência crítica e educativa sobre a capacidade transformadora da IA, e, enfim, na capacidade de transformar sem fazer barulho à toa. Estou me sentindo nesse mood ao celebrar essa jornada na bowler. Fugindo do autocentrismo, quis compartilhar com vocês como investir nosso tempo em ambientes e projetos de trabalho que, sim, florescem. É em um ecossistema assim, como o nosso, que valoriza e pratica a cadência estratégica que a gente sente esses princípios fazerem a diferença de verdade.
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