08 de dezembro de 2023

Inteligência Artificial Generativa: inimiga ou aliada?

A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais inserida no nosso dia a dia, interagindo com o mundo ao nosso redor e facilitando a vida de pessoas e empresas. Trata-se de uma área da Ciência da Computação cujo objetivo é criar sistemas que sejam capazes de realizar tarefas por meio de machine learning (ou aprendizado de máquina) para nos liberar de atividades consideradas mecânicas. É ela que está por trás daquela recomendação certeira no seu streaming preferido, do anúncio que surge no seu feed ‘do nada’ e da classificação de fotos nas suas redes sociais, com direito a vídeos divertidos das suas melhores lembranças.

Mas e a IA generativa? Um dos assuntos mais comentados desde o final de 2022 com a popularização do ChatGPT, essa tecnologia é capaz de criar algo totalmente novo a partir de uma análise intrincada dos padrões de dados existentes. No mundo dos negócios, é possível vislumbrar aplicações da IA generativa em diferentes setores. Na área jurídica, por exemplo, ela pode realizar pesquisas e analisar jurisprudências. Na indústria, consegue desenvolver novos produtos com base nas preferências e comportamentos do cliente. Já no setor de finanças, serve para avaliação do risco de crédito e recomendar investimentos sob medida. Na medicina, tem avançado bastante na precisão e agilidade de diagnósticos. A lista de possibilidades é longa e muito real. Tanto é que dados de um estudo recente conduzido pela Bloomberg Intelligence (BI) apontam que as IAs generativas terão um mercado de US$ 1,3 trilhão até 2032.

Agora, olhando para os setores considerados mais criativos, como o marketing e a publicidade, de que maneira essa nova tecnologia vem transformando o jeito como as marcas se comunicam com seus públicos? Será esse o temido momento em que a criatividade e engenhosidade humanas serão definitivamente substituídas pelas máquinas? A verdade é que materiais produzidos pela IA sem a supervisão de profissionais qualificados não costumam alcançar o impacto esperado e nem mobilizar o interesse genuíno dos consumidores. Se usada de forma inteligente e responsável, a IA generativa pode trazer uma série de benefícios, como aumento da eficiência em termos de tempo e custos, escalabilidade, personalização e criatividade. O segredo é encará-la como uma ferramenta de suporte, não como adversária. Ela trouxe uma explosão de criatividade, democratizando a criação. Uma campanha pode ser criada em segundos.

Assim como vem acontecendo em outras partes do mundo, a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) elaborou um guia sobre os impactos da IA Generativa na Publicidade. Dentre as recomendações, a Associação incentiva a capacitação e qualificação das equipes para que o uso da tecnologia seja feito de modo adequado e seguro, além do desenvolvimento de políticas de governança internas e a incorporação de preceitos éticos e normas morais nos comandos presentes nos sistemas de IA Generativa, dentre outros. São medidas que visam desmistificar essa nova tecnologia e incentivar seu uso de forma ética e responsável. Afinal, ela criou um mundo de ilusões. Imagens e músicas “falsas”. Recentemente, campanhas com inteligência artificial envolvendo pessoas que não estão vivas. A IA tem um fator que pode potencializar a fake News. Por isso, é importante discutir regulamentação e evoluir as camadas delas para os novos cenários. Se a inteligência artificial pode ser treinada e receber informações capazes resolver problemas como conselhos para um dilema, cada vez mais as pessoas ficarão conectadas e usarão estes recursos. O que vai ser essencial é usar essa tecnologia para fortalecer as nossas raízes humanas.

Historicamente, a cada vez que surge uma inovação, ela vem acompanhada de temores e discussões sobre a sua adequação. Já vimos isso acontecer com o surgimento do rádio, da televisão e da internet. Já que o progresso é inevitável, precisamos ir além das discussões filosóficas e incentivar a criação de regras capazes de abranger tópicos como governança de dados pessoais e privacidade, documentação e manutenção de registros, transparência e prestação de contas, supervisão humana, precisão e segurança. É preciso criar padrões que orientem a geração responsável de conteúdos por esses novos sistemas, criar diretrizes e auditorias contínuas de processos e incentivar empresas e lideranças a refletirem sobre os seus papeis nessa nova realidade. Até porque nossa realidade atual é extremamente desigual e não queremos que modelos ultrapassados do “mundo real” se perpetuem no digital com a IA. Inclusive porque o que está posto ainda hoje, infelizmente, continua envolto em muito racismo, machismo, sexismo, gordofobia, LGBTfobia etc. Então, precisamos muito do olhar humano para promover a diversidade e inclusão nestes conteúdos que vão ser produzidos pela IA. Afinal, neste novo modelo de sociedade, onde a tecnologia evolui de forma cada vez mais rápida e as relações humanas são constantemente alteradas, é fundamental encontrar caminhos para lidar com estes impactos, observando com muita atenção sempre questões éticas e de segurança.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Patricia Santana de Oliveira

Formada em Jornalismo, com pós-graduação em Marketing e MBA em Comunicação Corporativa, soma mais de dez anos de experiência em comunicação corporativa. Tem passagem por agências de PR e Publicidade e está há mais de 2 anos à frente da área de Comunicação Corporativa da TecBan, no qual é responsável por construir uma reputação positiva de longo prazo para a empresa e seus negócios, por meio de ações de comunicação 360º.

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