Governança e Comunicação: uma aproximação essencial

Aprender mais sobre Comunicação e sua relação íntima com a Governança Corporativa é fundamental para comunicadores, gestores e conselheiros. Quando bem alinhadas, elas podem renovar a cultura, garantir fluidez às informações e o maior engajamento em toda a organização.

Este é um desafio que se apresenta aos líderes e que ganha importância dia a dia. Essas duas áreas de conhecimento e gestão precisam atuar de forma mais integrada e planejada. Boas práticas de Governança e de Comunicação são elementos primordiais para o sucesso e a prosperidade das empresas.

Não existe longevidade empresarial sem Governança eficiente, assim como não existe Governança eficiente sem uma Comunicação estratégica bem planejada e executada com transparência. A articulação de ambas resulta em credibilidade e boa reputação, que são os melhores antídotos para crises – hoje tão frequentes por conta do avanço da tecnologia e do amadurecimento dos stakeholders.

Frequentemente encarada como uma exigência legal ou despesa inevitável, a Governança Corporativa é um mecanismo de defesa e de desenvolvimento aplicado às organizações. Surgiu exatamente considerando a necessidade constante de aprimorar o relacionamento entre indivíduos, instituições e governos. Afinal, há uma tendência em cada um de nós de operar a partir de sua visão, interesses e prioridades.

Quando as companhias começaram a se tornar mais complexas, o processo de decisão deixou de estar concentrado em uma só pessoa ou em um grupo restrito de gestores e novos pontos de vista, experiências e inteligências foram agregadas para se obter decisões mais éticas e responsáveis e que possam dialogar com o ecossistema aonde está inserida.

Os processos de governança se aprimoraram com o tempo e têm como referência mais recente os princípios ESG, que abrangem aspectos ambientais e sociais. A maior complexidade da economia tornou importante atuar com mais transparência e rigor, controlando atividades cotidianas como distribuição de recursos, coordenação de esforços coletivos e resolução de conflitos, assim como prestar contas do que se faz e para onde se quer ir.

Os conselhos – de administração ou consultivo – são instâncias relevantes no sistema de governança que se reúnem regularmente para refletir sobre o presente e o futuro da organização e têm a prerrogativa de tomar decisões em nome da organização. Porém, é importante ressaltar que a governança mais do que tomar decisões, também é responsável por fazer com que as decisões sejam colocadas em prática, se realizem.

Entre a decisão, a ação e o resultado existe uma intrincada cadeia de pessoas, interações e relacionamentos que podem contribuir ou inviabilizar as iniciativas, colocando em risco não apenas projetos, mas a sobrevivência da organização.

E a Comunicação com isso? Tudo. Promove desenvolvimento, crescimento, prosperidade, mas também pode gerar conflitos, mal-entendidos, manipulações tanto no âmbito individual como no corporativo. É a comunicação que nos permite compartilhar informações e significados, identificar desafios e elaborar soluções, gerar engajamento e alimentar conflito.

A aproximação entre Governança e Comunicação é mais necessária do que nunca para gerar senso de corresponsabilidade pelo cumprimento da estratégia e pelo alcance das metas empresariais.

As boas práticas de Governança dependem da qualidade e da eficácia da comunicação: a elaboração da pauta, os informes aos conselheiros, os diálogos durante a reunião, a redação da ata e finalmente, o compartilhamento das decisões para os colaboradores. Tudo isso para que a Governança cumpra sua missão mais relevante: ser a guardiã do propósito da organização.

Nessa jornada, a Comunicação de qualidade garante o exercício da liderança, conecta e engaja pessoas, promove o fluxo das informações, pode reduzir conflitos e crises em potencial e facilitar a tomada de decisões mais assertivas, justas e equânimes. Fundamental, portanto, para as empresas que buscam as melhores práticas de Governança.

Vania Bueno

Vania Bueno é especialista em comunicação empresarial e governança corporativa, com mais de 40 anos de experiência na área. Autora do livro “Comunicação e Governança: Parecer e Ser na Era da Transparência”, publicado pela Editora Aberje, é referência na conexão entre comunicação e governança como fatores estratégicos para a reputação, a liderança, a transparência e a sustentabilidade das organizações. Atua como palestrante, consultora e professora, ajudando empresas e lideranças a fortalecerem a coerência entre discurso e prática. É membro do Conselho Deliberativo do Capitalismo Consciente Brasil e criadora do conceito Deep Governance, uma abordagem que amplia a governança para além das estruturas formais, integrando cultura, ética e valores humanos no centro das decisões organizacionais.