16 de agosto de 2022

Gestão do Risco Corporativo: sua organização está atenta?

Man drawing the outline of a businessman stopping the domino effect in a conceptual image on gray background.

Sabemos que os riscos corporativos, muitas vezes, são ignorados pelas empresas, por falta de tempo, mapeamento prévio ou de uma cultura preventiva, sendo que o processo de gerenciamento de crises começa justamente com a gestão de risco.

Risco corporativo é todo e qualquer elemento que venha a causar dano à organização, sua imagem e reputação, nos mais diversos níveis. Muitas corporações ainda acreditam que gestão de risco esteja unicamente ligada ao financeiro ou à área de operações, ou seja, ao monitoramento de ameaças ligadas ao comprometimento do faturamento da empresa. Porém, essa visão é muito restrita e prejudicial à organização.

O fato é que os riscos não podem ser subestimados e as empresas que souberem e estiverem dispostas a reconhecer os eventos que podem ocasionar uma crise, estarão preparadas para enfrentá-la de maneira sensata e com menores danos à imagem da instituição. Afinal, quanto mais se investe na prevenção de crises e mapeamento dos riscos e ameaças, maiores são as chances de evitar ou gerenciar de maneira eficaz.

Precisamos ressaltar que danos vão além dos recursos tangíveis e afetam: familiares, parceiros, colaboradores, fornecedores, mídia, influenciadores e toda comunidade. Nesse sentido, acontecimentos negativos e eventos difíceis não representam necessariamente crises, contudo, pela forma como são administrados, têm potencial para se tornar. Como já diria o especialista em gestão de crises e comunicação, João José Forni, por trás de grande parte das crises envolvendo corporações, há sempre um deslize administrativo.

Organizações que não se preocupam com a identificação de ameaças que põem em risco sua imagem e reputação, se tornam mais vulneráveis à crise. É preciso entender que, qualquer problema, mesmo sendo um pequeno acontecimento negativo, tem potencial para se tornar algo grande, de muita repercussão. Às vezes, uma simples evolução de situações, inicialmente não percebidas pelos empresários, podem ir se desenvolvendo com acontecimentos contínuos e resultando em eventos críticos de forte magnitude.

Por outro lado,  o risco corporativo é diferente. De acordo com  a ISO 31.000:201, risco é o efeito que as incertezas têm sobre os objetivos das organizações. Logo, corporações de todos os setores, grandes ou pequenas, precisam lidar com diversos tipos de influências que podem comprometer seus objetivos, envolvendo tanto fatores internos como externos.

Dessa forma, também é essencial conhecer os chamados gatilhos de crise, ou triggers, os eventos geradores, que acionam a situação crítica. Lembrando que praticamente todas as crises dão sinais que vão ocorrer. É preciso estar atento aos sinais de alerta, no intuito de reduzir os danos causados à organização.

Vamos então entender as diferentes dimensões de risco corporativo e crise?

  • Risco é um aspecto isolado, identificável e que pode vir a influenciar uma atividade. Ex: risco do sistema financeiro ficar fora do ar.
  • Crise é um fenômeno complexo, não isolado e que pode potencializar a concretização de riscos múltiplos e simultâneos. Ex: Hackers invadem sistema de banco e roubam informações restritas de clientes.

Portanto, gestão de riscos é essencial, mas uma realidade ainda distante. Vivenciamos diariamente em nosso país um culto à “cultura do risco”: ‘não vamos mudar, pois ainda funciona’, ‘ para que reparar se ainda está servindo’, ‘não vamos substituir por enquanto”, e por aí vai.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, outro pensamento muito presente no mundo corporativo é o “mas isso nunca vai acontecer aqui”, ou então a célebre frase: “pensar em possíveis riscos e vulnerabilidades só atrai coisas ruins”. Vamos pensar positivo!”.

Ainda existe muita resistência quando o assunto é crise. O mundo muda todos os dias. Com isso, surgem diversos avanços tecnológicos, mas também incontáveis ameaças aos negócios. A humanidade está conectada e na era da Internet, onde em alguns segundos uma mensagem pode ser replicada para muitas pessoas, os eventos críticos ganham ainda mais alcance e visibilidade nas redes sociais.

Como trabalhar a gestão de riscos?

A gestão de crises também precisa ser planejada. Vamos começar a trabalhar na construção de uma cultura de prevenção de crises de dentro para fora, ou seja, começando na empresa.

Assim, o primeiro passo é construir o chamado mapa de riscos, que compreende o conjunto de temas, assuntos e situações que podem causar dano real ou potencial à empresa, de acordo com seu segmento de atuação.

Passos essenciais

De toda forma, por mais que a empresa tenha um mapa de risco, o líder também precisa investir em noções de comunicação integrada para manter o alinhamento das mensagens durante a crise.

Também cabe a ele, conhecer as principais áreas que afetam o negócio da sua empresa, ter visão do negócio como um todo, e saber explicar a cadeia de valor. Isso é agir com foco na prevenção.

Além disso, após o mapeamento, é necessário classificar e tipificar os possíveis riscos e crises, seguindo as etapas de:

  1.  Mapeamento de  riscos;
  2. Tipificar riscos (cenários e agrupamentos);
  3. Classificação (por gravidade x probabilidade);
  4. Formação do Comitê;
  5. Atuação na Prevenção e Gerenciamento.

Diferença de gestão e gerenciamento de crises

Se o gerenciamento de crises é quando a situação crítica já foi desencadeada, a gestão dos riscos antecede esse período, é o pré-crise.

Além da diferença entre gestão e gerenciamento de crises, também é importante que ela tenha noções de atendimento à imprensa, entenda a dinâmica e a hora certa de acionar o comitê de crise e seja capaz de manter a calma durante momentos de pressão e manter o time coeso.

Por isso, para apoiar você nesse processo, separamos mais alguns lembretes importantes para líderes em momentos de crise.

Enquanto comunicadores, esses passos são diferenciais para nossa preparação. Vamos lá?

Confira os passos a serem seguidos para gestão de riscos e crises:

  • Reunir a equipe de comunicação e alta direção;
  • Buscar dados e situações sobre o contexto da crise;
  • Convocar o time de crise;
  • Conduzir o monitoramento em tempo real das notícias;
  • Manter relacionamento com influenciadores e formadores de opinião;
  • Preparar e alinhar discursos para porta-vozes;
  • Integrar os canais;
  • Manter o discurso institucional alinhado durante todas as etapas da crise.

O futuro e reputação de qualquer empreendimento depende de uma eficiente administração, que engloba se preocupar com possíveis percalços; problemas que podem interromper a normalidade das atividades. Isso é ter visão de negócio. Independente do porte ou do segmento, toda empresa deve estar atenta aos riscos corporativos e zelar pelo seu maior bem: a reputação corporativa.

Vamos fortalecer a cultura do cuidado nas organizações?

 

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Isabela Pimentel

Consultora especializada em Planejamento de Comunicação Integrada, Mapeamento de Processos e Gestão de Projetos

Simone Ludwig

Consultora na Comunicação Integrada Cursos e Soluções, Especialista em Gestão de Crises.

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