COP30: o Brasil está prestes a protagonizar a história — mas ainda não sabe disso

Estamos a três meses da maior conferência climática do planeta. Pela primeira vez, uma COP será sediada na Amazônia. Pela primeira vez, o mundo virá ao Brasil para discutir o futuro da humanidade em um território que ainda concentra boa parte das respostas (e das contradições). Ainda assim, o país parece alheio ao que está prestes a acontecer.
O dado é cristalino: segundo levantamento do Meio & Mensagem em parceria com a Vert Inteligência, o que mais se busca no Google sobre a COP30 é “o que é a COP30”. Isso, em pleno 2025. O país do agronegócio, da mineração, da energia, da biodiversidade, do clima instável, da juventude ativista e das catástrofes ambientais semanais ainda não conseguiu comunicar à sua própria população o que está em jogo.
Essa distância entre importância e percepção não é apenas uma falha de comunicação. É um sintoma grave. Significa que o Brasil corre o risco de sediar o evento do século, e não capitalizar em nada com ele. Significa que o debate mais estratégico da atualidade pode passar despercebido fora das bolhas de sempre.
E o mais alarmante: isso não é falta de pauta. É falta de estratégia.
Enquanto marcas e instituições se preparam para ocupar Belém com estandes e discursos sobre sustentabilidade, a maioria da população brasileira sequer foi convidada a entender, e muito menos a participar , dessa conversa. Continuamos falando sobre o clima, mas sem falar com as pessoas.
É aqui que entra o papel inadiável da comunicação.
Não se trata de fazer “divulgação”. Trata-se de tornar compreensível um tema que impacta a conta de luz, o preço do alimento, a segurança hídrica, o direito de ir e vir. Trata-se de mobilizar narrativas que conectem a Amazônia à mesa do brasileiro comum, que expliquem o que está em disputa quando se fala em carbono, adaptação, biodiversidade ou justiça climática.
Mas, acima de tudo, trata-se de romper com o vício da comunicação superficial, pasteurizada, inócua. A COP30 exige coragem narrativa. Exige comunicação que informe, eduque, emocione, provoque, desnaturalize.
A imprensa precisa sair da cobertura protocolar e se permitir perguntar o que está sendo escondido por trás dos discursos de compromisso. As agências precisam parar de tratar o ESG como um “tom de voz” e começar a tratá-lo como parte da estratégia de negócio. O setor público precisa entender que engajamento popular não se compra com slogans , mas se constrói com escuta, transparência e linguagem acessível.
O Brasil não pode perder a chance de fazer da COP30 um marco. E isso não depende só da política internacional. Depende de quem comunica, de quem pauta, de quem traduz, de quem transforma informação em ação.
Se a COP30 for apenas um evento para os já convencidos, teremos falhado. Mas se a COP30 for usada para gerar pertencimento, mobilização e uma virada cultural no país, o Brasil poderá, sim, sair maior do que entrou. E com um futuro mais claro, não só para o mundo, mas para os brasileiros que ainda nem sabem o que é a COP.
ARTIGOS E COLUNAS
Leila Gasparindo Geração Z e diversidade: uma contribuição inédita para a evolução da comunicação organizacionalLuis Alcubierre Reputação na era da desconfiança: o que está mudando na ComunicaçãoCamila Barbosa O custo oculto do monitoramento manual em relações governamentais
Destaques
- Encontro do Capítulo RJ da Aberje traz debriefing da COP30
- Conecta CI destaca simplificação, tecnologia e protagonismo das pessoas na evolução da Comunicação Interna
- Prêmio Aberje 2025 anuncia prêmios especiais: Comunicadores do Ano, CEO Comunicador, Mídias e outros
Notícias do Mercado
- Uber Advertising lança websérie “Join the Ride” sobre o poder das marcas
- TIM anuncia série documental sobre pesquisas na Antártica
- Race Comunicação é a nova agência de comunicação da AB Mauri Brasil


































