27 de fevereiro de 2024

Comunicação no combate à violência contra as mulheres

Temos acompanhado com tristeza um número sem precedentes de ataques contra mulheres, sejam agressões verbais, físicas, emocionais, além de casos de assédio, estupro e assassinato. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas no primeiro semestre de 2023, o país registrou 722 feminicídios entre janeiro e junho, 2,6% a mais do que os crimes de mesma natureza contabilizados no primeiro semestre de 2022. Esse número que nos envergonha é o maior da série histórica para o primeiro semestre desde 2019. Ou seja, enquanto sociedade estamos andando para trás neste aspecto.

Não bastasse isso, personalidades do mundo do esporte, do entretenimento e do meio empresarial estampam frequentemente as manchetes dos noticiários com casos absurdos envolvendo agressões a mulheres. Joelma, Dani Calabresa, Luiza Brunet, Ana Hickmann, Naiara Azevedo, apenas para citar alguns exemplos de situações que vieram a público. Mas e quantos casos que permanecem ocultos, e o que é pior, com mulheres amedrontadas convivendo com o inimigo, à espera da próxima agressão, muitas vezes sem ter para onde ir por depender financeiramente do parceiro.

Um dos casos mais recentes envolveu o ex-jogador Daniel Alves, que acaba de ser condenado pela Justiça da Espanha a 4 anos e meio de prisão pelo estupro de uma jovem naquele país. A pena, metade da sentença pedida pelo Ministério Público espanhol, foi abrandada pelo fato do condenado ter conseguido pagar uma indenização no valor de 150 mil euros. Ou seja, a condição social e financeira de um condenado por estupro tem relação direta com o tamanho de sua pena. Lamentável. O corporativismo também é evidente nestes episódios, pois não se ouviu quaisquer declarações de jogadores e técnicos de futebol próximos ao atleta condenando o caso. Pior, tenta-se culpabilizar a vítima. De novo, lamentável.

Enquanto a Justiça deve rever imediatamente a falta de severidade para crimes como este, nós como sociedade, em especial os homens, temos o dever de protestar contra esse tipo de violência, e a comunicação é uma excelente ferramenta para endereçar o tema. Campanhas midiáticas sempre serão importantes, mas é preciso ir além e conscientizar toda uma nova geração de meninos a respeitarem uns aos outros, independente de gênero, cor de pele, etnia, religião ou orientação sexual, trabalhando fortemente essa comunicação proativa em escolas, igrejas, ONGs,  empresas e em todos os locais de convívio social. Este tema deve estar na pauta de toda a sociedade de forma permanente, para tentarmos barrar de vez esse mal que assola o nosso país.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcos Santos

Marcos Santos é Diretor de Marketing e Demand-Generation da Unisys para América Latina, responsável pelo planejamento e execução das iniciativas de brand awareness e geração de demanda na região. Antes de ingressar na Unisys em 2012, Marcos desempenhou funções seniores em agências de Relações Públicas, como Sing Comunicação, Fundamento Grupo de Comunicação e Andreoli MSL. Graduado em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, Marcos possui MBA em Gestão da Comunicação Corporativa pela Aberje, curso de extensão (pós-graduação) em Análise de ROI em Programas de Marketing e Comunicação pela USP e completou o Programa MicroMaster em Digital Leadership pela Universidade de Boston.

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