Atenção profissionais de comunicação: vem aí a linguagem contábil comum para divulgar impactos de sustentabilidade
Publicado originalmente no LinkedIn em 28 de agosto
Entram em vigor no dia 1º de janeiro de 2024 duas novas normas estabelecidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), que vão padronizar a linguagem da contabilidade para divulgação de riscos e oportunidades de questões de sustentabilidade. Criado em 2021, o ISSB é um órgão independente do setor privado que desenvolveu e aprovou as normas IFRS S1 e IFRS S2. Segundo a especialista em finanças verdes, Tatiana Assali, sócia e diretora da consultoria NINT, as normas têm impacto direto para os profissionais de comunicação. “Vocês vão precisar entender de planilha”, disse durante o evento “A comunicação para ESG” promovido pela JABUTICABA CONTEÚDO e pela Aberje.
Além de Tatiana, outro especialista em finanças sustentáveis presente foi Carlos Takahashi, vice-presidente da ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiros e de Capitais. Na abertura do encontro, Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, enumerou os desafios da comunicação nas corporações: a guerra cultural que arrasta o ESG; a saturação de linguagem (apropriação de temas relacionados ao ESG com vulgaridade); como encontrar o equilíbrio certo de transparência e, por fim – talvez o maior deles –, a mensuração dos resultados das iniciativas de ESG.
Dentre todos os desafios que a área de comunicação enfrenta para dar transparências às ações de ESG, Tatiana foi taxativa: “Por favor, parem de fazer relatórios com fotos de criancinhas em campos de lavanda. Mostrem informações que correspondem à realidade, porque o mercado tem equipes preparadas para avaliar e medir a sustentabilidade de uma empresa e sua capacidade de honrar seus compromissos”.
Carlos Takahashi também falou sobre a importância dos relatórios anuais integrados, que integram informações financeiras e de sustentabilidade. Mas alertou: “O relatório é um bom começo para uma empresa mostrar suas iniciativas de ESG, mas não termina nele. Cada vez mais as empresas vão passar por escrutínio pelos investidores”.
Outros dois temas que apareceram no evento foram as práticas de greenwashing (quando uma empresa declara ser mais sustentável do que realmente é) e greenhushing (quando empresas se recusam a divulgar metas de sustentabilidade por medo de serem cobradas lá na frente). Takahashi lembra que nenhuma dessas iniciativas é boa prática. “As empresas precisam modular a narrativa porque o mercado sabe quando a a informação não procede”, disse.
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