A sabedoria da boa interlocução nas relações humanas e na comunicação

Uma boa interlocução, com trocas, compartilhamentos e interações proveitosas, entre duas ou mais pessoas que se encontram para dialogar, é essencial nas relações humanas. Ainda não inventaram nada que substitua o olho no olho, a interatividade frente a frente. Disso sempre podem sair ações de cooperação, entendimento ou tomada de decisões. É um ato de comunicação. Não é só uma “conversa”, é um processo de construir sentido juntos.
“É junto dos bão que a gente fica mió”.
Eu adotei esse conceito como lema ao longo da minha vida profissional e nos meus relacionamentos de uma maneira geral. Por isso peguei emprestado esse provérbio, um ditado corrente que carrega grande sabedoria e é atribuído ao escritor João Guimarães Rosa, mas na realidade é uma adaptação popular, inspirada na sua obra, a partir da frase “É no junto do que sabe bem, que a gente aprende o melhor…”. [“Grande Sertão: Veredas”, pág. 249, Edição da Companhia das Letras, 2019 | pág. 302, Edição da Nova Fronteira, 1986, como nos relata a historiadora, editora, crítica literária e ensaísta Elfi Kürten Fenske].
Eu realmente quero ter por perto gente “melhor” do que eu e posso garantir que tem sido muito gratificante! Nem sempre é fácil e precisamos constantemente colocar o ego de lado… rsrsrsr. Tenho a sorte de conviver cada vez mais com pessoas de grande densidade, com quem aprendo muito, gente que me provoca uma das mais gratificantes atividades desta vida: pensar criticamente.
Nos tornamos pessoas melhores ao conviver com pessoas positivas, iluminadas e inspiradoras. Procuro manter, sempre que possível, encontros com aqueles ou aquelas que reconheço como gente que gosta de compartilhar aprendizados, que tem essa generosidade, gente inspiradora, que tem o desprendimento elevado de passar sua visão de mundo ou novos insights, com troca de compartilhamentos e atualizações. Felizmente a lista dessas pessoas no meu caderninho cresce a cada ano, com novos amigos e amigas que vão chegando.
O fenômeno do uso massivo das redes sociais faz com que tenhamos, atualmente, uma situação contraditória, paradoxal. Mais conexão e menos conversa. Pois curtir uma publicação não é dialogar. Reagir a um post não é necessariamente se expressar. Rolar o feed não é se relacionar. Trocar textos por WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens é bom, é ágil, mas não temos a troca “inteira”, a leitura de todos os signos linguísticos, o não verbal…Esse modelo de interação via redes sociais, rápido e fragmentado, muitas vezes substitui conversas presenciais, mas estas são mais profundas, contínuas e têm escuta e troca. No lugar de ricas conversas, temos “pílulas” de comunicação.
Como tratar somente de forma rasa, por exemplo, o urgente tema da segurança, no seu mais amplo e abrangente sentido, e nos seus diversos aspectos imbricados hoje em dia, como segurança alimentar, segurança das fronteiras, segurança geopolítica, segurança da governança, segurança social, segurança ambiental, segurança econômica, segurança pública, segurança cibernética… A Inteligência Artificial e seus poderes e seus limites, seus efeitos sobre o trabalho, sobre as profissões, sobre o dia a dia das pessoas e sobre os Estados nacionais…Sem conversas mais aprofundadas, fica difícil poder tratar tais assuntos com mais acuidade.
Nesta semana, tive um daqueles encontros dos “bão”. Almocei com o amigo Marcos Troyjo, o segundo ex-presidente do Banco do BRICS (2020-2023), cientista social, diplomata, economista. Prosa boa, daquelas para ampliar horizontes e nos fazer refletir, uma aula de geopolítica e comércio internacional, a partir da longa experiência que Troyjo tem por suas andanças pelo mundo nas relações políticas, econômicas, humanas e de comunicação.
Entoando “Bom Conselho”, de Chico Buarque:
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
[…]
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Se eu pudesse dar um conselho, diria para você já começar a organizar a sua agenda de contatos para o próximo ano com esse olhar de buscar inspiração e troca. E com disciplina mesmo, para que, dentre os seus inúmeros compromissos, possa haver almoços, cafés, jantares, happy hours e outros tipos de encontros para além do apetite ou do entretenimento, mas para fomentar a alma, a sua visão de mundo. Invista em você, fale com gente que contribua com o seu jeito de sentir o mundo.
Sua visão de mundo está diretamente ligada à qualidade da comunicação que você entrega para a sua empresa ou organização, para os seus contatos e para o mercado, além de melhorar a sua qualidade de vida. E não esqueça também de se preparar com afinco: estude, se atualize, leia e ouça análises e busque sempre agregar valor ao outro, não só receber, desfrutando da sua companhia. Uma troca justa, equilibrada, que nos fará refletir por um bom tempo.
Agora, fim de ano, pode ser um bom momento para essa organização de agendas. Lembre-se que o ano que vem será bem (ainda mais!) complexo: é ano eleitoral e teremos Copa do Mundo, fora todo o resto e aquilo que não se pode prever. Não é pouco. Em frente!
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