06 de dezembro de 2019

Vamos refletir sobre alguns resultados da Pesquisa Voluntariado Corporativo no Mundo, by Itaú Social

Há cerca de cinco anos, as empresas estavam preocupadas em alinhar seus programas de voluntariado aos objetivos de negócio. Hoje, estão mais preocupadas com os impactos internos na corporação e com a aquisição de habilidades de seus funcionários. A conclusão é um dos destaques da Pesquisa Voluntariado Corporativo no Mundo, elaborada pelo Itaú Social. O estudo foi realizado com 47 empresas nacionais, regionais e mundiais, sediadas na Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul.

A tendência para a próxima década é que as companhias optem por ações que agreguem valor e gerem mudanças contínuas, ao invés de investirem em projetos focados apenas em atos isolados. O estudo detectou que elas começam a reconhecer a importância de considerar as especificidades regionais no desenho dos programas, assim como a colaboração com programas de várias empresas em ações locais conjuntas. Ainda não há, entretanto, uma adesão ativa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e falta maior compreensão do tema.

A alta liderança tem demonstrado envolvimento com os programas de voluntariado, apoiando, incentivando os colaboradores e participando de algumas ações. Porém, há pouco engajamento da gerência média, que se traduz em falta de apoio e até uma certa indiferença. Isso pode ser explicado, em parte, pela difícil equação entre a pressão por resultados e a disponibilidade de horas para o funcionário sair do trabalho e atuar na comunidade.

Essa é uma questão que aparece entre as principais preocupações das empresas em relação ao voluntariado: o desafio do equilíbrio entre as responsabilidades como empregado e aquelas que ele tem como voluntário. Outros pontos de atenção são conciliar o padrão global às necessidades particulares; as ações necessárias com recursos disponíveis e as equipes pequenas; e inovação.

 

 

 

Um fator que pouco avançou nos últimos 15 anos, segundo o estudo, foi o pensamento avaliativo. As empresas ainda têm dificuldade em avaliar o impacto de suas ações e permanecem considerando como indicadores o registro de horas, de voluntários, das pessoas atendidas ou alcançadas.

Para grandes empresas mundiais, ter um programa global de voluntariado ainda é um desafio. A maioria ainda declara não sentir que seu programa é realmente global e consistente.Os principais temas de atuação continuam sendo educação, crianças e jovens, saúde e comunidade em geral. O apoio às catástrofes permanece entre as prioridades, mas muitas estão ajustando as ações às reais necessidades das regiões afetadas e suas populações. Na prática, querem ir além de ações pontuais de envio de alimentos e materiais, por exemplo. Outra tendência bastante focada em ações específicas são os programas cross-borders ou transnacionais, que envolvem a atuação do voluntariado em outros países.

A inovação se traduz nos variados formatos de desenho dos programas, seja pelo tema, pela criatividade na conexão com os objetivos de negócios, pelo tipo de ação ou pelo modelo de gestão.Entre as práticas citadas como inovadoras estão as escolas de líderes, com foco na capacitação dos voluntários que estão na governança dos programas; e o incentivo para que os funcionários proponham atividades com entidades sociais, estratégia capaz de multiplicar o número de ações.

Outro ponto inovador é a forma como está sendo visto o voluntário, considerado como agente de transformação local, que qualifica a atuação social da empresa nas comunidades onde está presente. “O protagonismo do voluntário traz a realidade da comunidade para dentro do Programa. Ele participa das decisões em relação à aplicação do investimento social e das prioridades para a atuação voluntária”, explica Claudia.

Entre as ações inspiradoras, as empresas destacam a possibilidade de transferir conhecimento aos membros da comunidade, capacitando-os a resolver os problemas locais. Algumas companhias citam também o envolvimento de clientes nos trabalhos voluntários.

A maioria das empresas se organiza e administra seus programas de voluntariado por meio de comitês. Essas pequenas células favorecem a conexão com o programa central, o vínculo com os voluntários e as parcerias locais com as organizações da sociedade civil. Os comitês podem ser regionais, ou podem estar organizados também por área de atuação (como meio ambiente, diversidade, empreendedorismo comunitário) ou área interna da empresa (como finanças e recursos humanos).

Os comitês locais normalmente são responsáveis pela comunicação e pela formação (à distância ou presencial) dos voluntários. As formações podem ser gerais, conceituais ou específicas para atividades, capacitando-os para mobilização, coordenação de eventos e de ações.

Além disso, cada vez mais empresas estão confiando em parcerias com as organizações da sociedade civil, reconhecendo o conhecimento que elas têm da realidade. Essa constatação reforça a preocupação das companhias com a transformação da sociedade por meio de um corpo de voluntários bem preparados e conectados com as necessidades ao redor do mundo.

 

ITAÚ SOCIAL –  O objetivo do Programa Itaú Social é criar condições que favoreçam a atuação social dos funcionários do banco Itaú, oferecendo oportunidades de participação e incentivando à prática voluntária. Os interessados em realizar ações de voluntariado contam com assessoria da equipe do Itaú Social para viabilizar suas propostas.

São oferecidas oportunidades de atuação em ações estruturadas pelo próprio Itaú Social – como nos casos das atividades de mediação de leitura e de educação financeira. Além disso, os funcionários são incentivados a propor atuações espontaneamente, em diferentes temáticas.

A estratégia de disseminação conta com duas frentes: a Rede de Ações Sociais Itaú (plataforma on-line que congrega as diversas oportunidades de atuação, onde os funcionários divulgam as atividades que realizam e conhecem iniciativas em suas regiões) e os Comitês Mobiliza Itaú (grupos que atuam junto às suas equipes para propagar as ações disponíveis e estimular a prática voluntária pelo país).

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Rodrigo Cogo

Rodrigo Cogo é o curador do Sinapse Conteúdos de Comunicação em Rede e responsável pela distribuição digital dos canais integrantes da plataforma. Formado em Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria, é especialista em Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Mestre em Ciências da Comunicação, com estudos voltados para a Memória Empresarial e Storytelling, ambos pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (SP). Atuou na Aberje por 14 anos, passando pelas áreas de Conteúdo, Marketing e Desenvolvimento Associativo e tendo sido professor em cursos livres e in company e no MBA da entidade por 10 anos. É autor do livro "Storytelling: as narrativas da memória na estratégia da comunicação".

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