27 de junho de 2016

Por que 28 de junho é o Dia do Orgulho LGBT

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28 de Junho é o Dia do Orgulho LGBT. Um bom ponto de partida para recontar esta história é lembrar que não se trata apenas de “orgulho gay”. A sigla LGBT abriga mais identidades que essas quatro letras dão conta de explicar e é importante reforçar a participação também das lésbicas, bissexuais e pessoas trans no processo de afirmação das questões relacionadas à homossexualidade e à identidade de gênero. Se hoje este assunto pode ao menos ser discutido em alguns espaços da sociedade, é porque muita gente foi e continua indo às ruas demandar direitos e visibilidade.

Mas por que 28 de junho? A escolha da data não é aleatória e remete aos acontecimentos de 1969, no StoneWall-Inn, um bar que funcionava em Nova York numa época em que não eram permitidos espaços para convivência das pessoas LGBT. O Stonewall servia de ponto de encontro informal, e permanecia aberto em parte graças ao pagamento de propinas às autoridades locais. Mesmo com o suborno, eram comuns batidas policiais e agressões aos frequentadores do local. Até que eles resolveram se insurgir.

Não há consenso sobre quem iniciou o levante, mas é sabido que houve grande protagonismo de pessoas trans, drag queens e lésbicas, além dos gays, claro. O dia do estopim da revolta foi justamente um 28 de junho. A gota d´água teria sido a agressão que uma lésbica sofreu de um policial. Na sequência deste fato houve confusão e quebra-quebra e, num dado momento, uma travesti teria estimulado os presentes a lançarem moedas aos policiais, aos gritos de “Não é dinheiro que vocês querem? Tomem!”.

Há quem diga, talvez em tom de anedota, que a revolta de Stonewall tem relação também com a morte de Judy Garland. A grande estrela do cinema era adorada pela comunidade LGBT e muitos frequentadores do Stonewall-Inn estavam particularmente sensibilizados com a morte dela, ocorrida naquela mesma semana.

Seja qual for a versão, fato é que os protestos em Nova York duraram pelo menos três dias. E um ano depois, também num 28 de junho, as ruas da cidade recebiam a primeira Parada do Orgulho. De lá pra cá, houve alguns avanços, mas também alguns retrocessos – como, alías, é praxe nos processos sociais. Dentro da comunidade LGBT, porém, fortaleceu-se a convicção de que direitos são conquistados apenas com luta e visibilidade – o que acontece nas ruas, mas também no trabalho e a partir da nossa comunicação.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Ricardo Sales

Ricardo Sales é consultor de diversidade e pesquisador na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde se formou, realizou mestrado e atualmente cursa doutorado sobre políticas de diversidade nas organizações. Atua para clientes como Siemens, Ford, Heineken, Grupo Boticário, EDP e outros. Faz parte da equipe que revolucionou a comunicação de cerveja no país, atendendo a marca Skol. É conselheiro do Comitê de Diversidade do Itaú. Foi eleito pela Out&Equal um dos brasileiros mais influentes no assunto diversidade nas organizações. Ganhou em 2019 o Prêmio Aberje, o mais importante do país, na categoria diversidade, inclusão e comunicação não-violenta. Foi bolsista do Departamento de Estado do Governo dos EUA, sendo reconhecido como uma liderança mundial no tema diversidade. É também palestrante, professor da Fundação Dom Cabral, colunista da revista Você SA e membro fundador do grupo de estudos em diversidade e interculturalidade da ECA/USP. Contato: ricardo@maisdiversidade.com.br

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