Já está disponível no Netflix o documentário Rompendo Barreiras, que traz uma abordagem bastante educativa, científica e clara sobre a importância da década em que estamos, em linha com o que preconiza a Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris.
O documentário, que estreou no início deste mês de junho, é narrado por David Attenborough, dirigido por Jon Clay, e contém várias entrevistas, principalmente com o cientista sueco Johan Rockström, professor de ciência ambiental do Centro de Resiliência de Estocolmo. O climatologista brasileiro Carlos Nobre também é um dos entrevistados, abordando a barreira que está sendo rompida com o desmate da Amazônia.
O filme parte de uma lógica semelhante à do livro Os Limites do Crescimento (Donella Meadows, Dennis Meadows, Jørgen Randers e William Behrens III), de 1972, de que há limites físicos para a economia e, consequentemente, para a manutenção do estilo de vida moderno.
Rockström estabelece nove barreiras naturais para a civilização e analisa cada uma delas com uma classificação em três estágios: se estamos em uma zona verde (ainda em equilíbrio), amarela (há sinais de alerta) e vermelha (há sinais de colapso e podemos estar nos aproximando de um ponto sem volta).
As nove barreiras são: a camada de ozônio, a acidificação dos oceanos, a disponibilidade de água doce, a poluição da atmosfera, lixo e poluentes, o clima, a cobertura florestal, a biodiversidade e nutrientes (ciclos de nitrogênio e fósforo).
Em duas barreiras, a poluição da atmosfera e lixo, apesar dos sinais de desequilíbrio, a ciência ainda não conseguiu determinar exatamente em que ponto é a barreira, ou, melhor dizendo, até onde o planeta aguenta. Então, apesar de toda a poluição, o terreno é ainda meio desconhecido nessas duas dimensões.
Em relação à camada de ozônio, acidificação e disponibilidade de água doce, estaríamos ainda em uma zona verde. E em quatro barreiras já estamos na zona vermelha, entrando em colapso (ou de um ponto se volta): clima, perda florestal, biodiversidade e nos ciclos de nutrientes.
Apesar disso, o documentário é otimista em relação à possibilidade de revertermos esse quadro e coloca a década de 2020 a 2030 como decisiva para o futuro da humanidade. Os cientistas fazem uma análise mais aprofundada sobre a questão da biodiversidade como fundamental para os ciclos da água, purificação do ar, sequestro de carbono e reciclagem de nutrientes sendo, portanto, uma peça fundamental para a economia e para o futuro da civilização.
Também fazem uma análise do cenário atual, da pandemia de covid-19, destacando que a principal lição dessa crise é mostrar como a saúde humana, a saúde animal e saúde ambiental estão interconectadas. Viroses como a covid-19 são sinal de grande desequilíbrio.
Como soluções, o documentário aponta a necessidade de: 1 – reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa entre 6% e 7% ao ano, permitindo reduzir pela metade as emissões globais em uma década; 2 – reforçar o plantio de árvores e a estabelecer a regeneração florestal como estratégia central do desenvolvimento sustentável; 3 – optar por uma dieta semivegetariana, reduzindo o consumo de carne e, consequentemente, a pressão da agropecuária sobre os remanescentes florestais, e, de maneira geral, adotar uma dieta mais saudável; e 4 – estabelecer uma economia circular, com resíduo zero: um mundo sem lixo é possível. Em cada um desses campos, novas atitudes podem ser tomadas tanto no nível individual como coletivo.
Em resumo, o filme é um importante reforço para a urgência na implementação da Agenda 2030 e do Acordo de Paris nesta década e, também, para o fato de que todos (governos, empresas, indivíduos etc) têm um papel a cumprir.
Destaques
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- Terceira edição da revista Interfaces da Comunicação, da ECA-USP, já está disponível
- Em artigo no Poder 360, diretor-executivo da Aberje fala sobre impacto das mudanças climáticas no esporte
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