18 de outubro de 2023
BLOG Agenda 2030: Comunicação e Engajamento

Inteligência artificial abre novos caminhos para a sustentabilidade

 

O papel da inteligência artificial na tecnologia está cada vez mais forte e seu crescimento tem se tornado um caminho sem volta tanto para o mundo corporativo quanto para a sociedade como um todo. Segundo uma pesquisa da Bain & Company, lançada em julho, implementar soluções de IA será prioridade para 85% das empresas em nível global – com uma previsão de que, até 2032, esse segmento passe a valer R$ 1,3 trilhão, conforme apontou a Bloomberg, em junho. Por um lado, esse ganho de escala é um acelerador para diversos fatores tecnológicos, mas, por outro, gera questionamentos sobre quais podem ser os impactos sustentáveis – positivos e negativos – da expansão dessas ferramentas.

Nesse sentido, é possível refletir por meio de duas vertentes principais. A primeira é sobre as consequências que a infraestrutura que suporta o sistema de IA pode trazer ao meio ambiente – conceito denominado “Sustainability of AI”, pelo Gartner, neste ano. A segunda é sobre o quanto essa tecnologia pode fomentar a sustentabilidade em diferentes segmentos e aplicações – ou, então, “AI for Sustainability”, conforme apontou a instituição.

Sustainability of AI

O volume e a quantidade dos dados aumentaram nos últimos anos. Atualmente, 80% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet, de acordo com o levantamento TIC Domicílios 2022, feito pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Isso tem gerado impactos diretos na sustentabilidade – tendo em vista o maior uso de energia, o aumento das emissões e o uso de recursos naturais para resfriamento da infraestrutura de TI. Com inteligência artificial, isso não é diferente.

Assim como para o setor de tecnologia como um todo, a aplicação de inteligência artificial precisará de esforços, investimentos e desenvolvimento para que sua evolução seja acompanhada de sustentabilidade. O aumento das discussões sobre o tema tende a chamar atenção das empresas sobre essa questão para que possam enxergar ganhos de negócios, imagem e credibilidade na criação de um sistema que não cause problemas para o meio ambiente.  Tendo em vista que o avanço da IA foi extremamente rápido neste ano, é natural que os fatores que envolvem este mercado passem a se ajustar com o decorrer do tempo, principalmente, diante de um assunto tão importante quanto a preservação sustentável.

AI for Sustainability

Diante do enorme potencial da inteligência artificial, não é difícil considerá-la como um impulsionador dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Tornando-se cada vez mais um fator crucial na tecnologia, a ferramenta de IA pode ser um apoio para que diversos setores sejam mais sustentáveis – seja no campo de emissões, desperdícios ou, até mesmo, na otimização.

A IA pode melhorar, por exemplo, o monitoramento das mudanças climáticas. Por mais que o cenário não seja o mais favorável – segundo a ONU, em uma previsão feita em maio, o mundo terá um calor recorde até 2027 – é extremamente importante manter a atenção e assertividade nas análises. Nesse caso, a inteligência artificial pode atuar como uma visão computacional que pode checar questões como aquecimento global, derretimento do gelo ou branqueamento de corais. É possível processar os dados coletados por meio de ferramentas de IA para elaborar insights de longo prazo. No mundo corporativo, isso tende a favorecer diversos setores, como agricultura, óleo & gás e energia.

Outro ponto que pode se tornar mais sustentável com o uso da inteligência artificial é a reciclagem de resíduos. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%, sendo que o País produz cerca de 27,7 milhões de toneladas anuais. Para melhorar esse cenário, a IA tem sido considerada uma ótima alternativa para a triagem desses materiais, dimensionando operações e fazendo análises prescritivas para mapear essas movimentações.

Com base nessas diversas possibilidades, é crescente a viabilidade não só de tornar a IA mais sustentável, mas também utilizá-la como ferramenta para o fomento da preservação do meio ambiente. Temos que aproveitar as portas que essa tecnologia tem aberto para trazer mais luz à questão ambiental e ao papel da inovação nesse desenvolvimento. Sistemas modernos, eficazes e inteligentes são a chave para um futuro melhor nos negócios e na vida em sociedade.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Roberta Cipoloni Tiso

Diretora de sustentabilidade e comunicação na green4T e coordenadora do Grupo de Sustentabilidade da International Association of Public Transport (UITP) América Latina

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