30 de junho de 2022
BLOG Agenda 2030: Comunicação e Engajamento

Empresas de Saneamento e Educação Ambiental: Impacto no engajamento da sociedade para metas do ODS 6

 

A Agenda 2030 é um compromisso firmado pelos países que participaram da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em 2015. Os 193 Estados-membros da ONU assumiram a responsabilidade de comprimir as metas definidas pela Organização, com objetivo de promover uma vida digna para todos os seres humanos do planeta, respeitando as condições ofertadas pelo mesmo, ou seja, sem comprometer o meio ambiente, e, consequentemente, as gerações futuras. Os objetivos e metas abrangem os 3 pilares do ESG (social, ambiental e econômica) e envolvem a participação dos governos, sociedade civil, setor privado, setor público e cada cidadão individualmente.

A educação ambiental e o saneamento

A Lei nº 9.795, de 27.4.1999, que regulamentou a Educação Ambiental no país, define a Educação Ambiental como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Impactos positivos para o alcance às metas do ODS 6

O objetivo do desenvolvimento sustentável 6, água potável e saneamento, descreve o negócio principal das empresas do ramo. As empresas são responsáveis por prover água potável e esgoto tratado para a sociedade, conforme instrumentos como Planos Municipais de Saneamento, Contratos de Programa, Planos de Bacia, entre outros.

Com Relação às metas do ODS 6, destaca-se o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos. Um dos principais instrumentos utilizados pelas empresas de saneamento são tarifas sociais para promover acesso ao saneamento, dedicada a usuários que possuam baixa renda. Além disso, destaca-se a importância do marco do saneamento, que estabelece prazo para a universalização do saneamento até 2030. Todo esse trabalho só é obtido com sucesso através da educação ambiental nas comunidades, para incentivar o uso de água tratada de forma adequada, sem desperdícios. Além disso, os sistemas de esgotamento sanitário dependem da ligação das unidades consumidoras às redes disponibilizadas. Todo esse trabalho necessita de uma importante ação de educação ambiental para conscientização da sociedade com relação aos riscos e impactos negativos da não ligação.

O aumento da eficiência do uso da água inclui importantes ações de uso racional por parte dos consumidores. Esse uso eficiente está definido em uma das metas do ODS 6, com objetivo de assegurar retiradas sustentáveis de água doce, enfrentando com resiliência questões de escassez hídrica. Além das empresas de saneamento necessitarem de investimentos volumosos para prevenção de perdas no sistema de abastecimento, um importante papel da educação ambiental é observado para o incentivo dessa meta. Ações de conscientização dos usuários para o uso racional e consciente, em especial para locais com enfrentamento de escassez hídrica e secas, é fundamental para a garantia de abastecimento para todos usuários.

A proteção e restauração de ecossistemas relacionados com a água também está nas metas do ODS. A água é fundamental para a vida terrestre, trata-se de um recurso natural não renovável, e que a cada dia a sua disponibilidade e qualidade estão sendo reduzidas em decorrência de interferentes como poluição e mudanças climáticas, por exemplo. Nesse contexto, os recursos naturais são provenientes de um ecossistema equilibrado. Esse ecossistema equilibrado é capaz de prover inúmeros serviços, que são importantes para a manutenção da vida. Ao falarmos de água, sabemos que a produção e qualidade estão diretamente relacionadas com proteção e conservação de áreas permanentes, as APPs, como montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos, lagos, entre outros. Matas ciliares e nascentes protegidas são importantes para a manutenção dos mananciais, onde empresas de saneamento captam água. Além disso, o uso adequado do solo com práticas conservacionistas promove uma maior permeabilidade, o que facilita a recarga de lençóis freáticos – importante fonte de água para o abastecimento. No entanto, toda essa dinâmica do ecossistema está longe das empresas de saneamento, que atuam nas zonas urbanas das cidades. Assim, fomentar o uso de soluções baseadas na natureza para a produção de água é fundamental para resiliência hídrica nas empresas de saneamento.

Esse uso se soluções baseadas na natureza pode se dar inclusive através de pagamento por serviços ambientas. É necessário mobilizar e engajar um público diferente do habitual, para que as ações sejam efetivas e benéficas aos mananciais. Toda essa mobilização e engajamento depende fortemente de ações de educação ambiental voltadas para a zona rural, seja para conscientização das práticas sustentáveis, para adequação da produção à práticas conservacionistas, ou para apoio socioambiental com impacto positivo para as partes interessadas.

A gestão integrada dos recursos hídricos, bem como o apoio e fortalecimento da participação das comunidades locais, com objetivo de melhorar a gestão da água e do saneamento estão entre as metas do ODS 6. Nesse sentido, o impacto positivo da educação ambiental também é visto. Através da educação ambiental para as comunidades, é possível envolver todas as partes interessadas para a participação em processos de gestão. Além disso, disseminar importantes conhecimentos acerca de sustentabilidade são fundamentais para que essa participação ocorra de forma crítica e efetiva, com representatividade de todos usuários. São ações em escolas, eventos em comunidades, universidades, cursos técnicos, entre outros, que são capazes de impactar positivamente para o alcance dessa meta.

Educação ambiental no saneamento e rede de conexões com os ODS

A educação ambiental é capaz de sensibilizar para que todos tenham acesso a serviços básicos e recursos naturais, além de poder levar conhecimento sobre questões climáticas e impactos aos que se encontram em situação de vulnerabilidade, contribuindo para a construção de resiliência. Isso faz com que o objetivo 1 – sobre erradicação da pobreza – seja fomentado através de ações de educação ambiental. No ODS 3, saúde e bem-estar fazem parte dessa rede, uma vez que a educação ambiental é capaz de promover redução de mortes e doenças decorrentes da contaminação da água. O objetivo 4 – educação de qualidade – é fomentado por ações que levam à educação de qualidade com resultados de aprendizagem relevantes e eficazes, disseminando conhecimento e habilidades para promoção do desenvolvimento sustentável. O ODS 12, sobre consumo e produção sustentáveis, é beneficiado através de ações de educação ambiental que fomentam o manejo e uso adequado de resíduos, bem como a redução do uso por meio de prevenção, redução, reciclagem e reuso.  O ODS 13 – ação contra mudança global do clima – é promovida pela educação ambiental das empresas de saneamento ao tratarem de assuntos como conscientização, mitigação adaptação e redução do impacto das mudanças climáticas para a sociedade. O ODS 15 – vida terrestre – é tratado na educação ambiental das empresas de saneamento que promovem preservação de ecossistemas que proporcionam benefícios como a produção de água.

Educação ambiental e ODS na prática: Companhia Riograndense de Saneamento

A educação ambiental é importante e fundamental pois estimula que a sociedade se torne mais consciente sobre sustentabilidade e a importância de construir um futuro mais limpo para as próximas gerações. A adoção de hábitos ecologicamente corretos e o incentivo ao uso consciente dos recursos naturais são propostas incentivadas na educação ambiental. É importante educarmos a sociedade para conciliarmos a evolução tecnológica e de serviços e o aumento da demanda de consumo, com a conservação do meio ambiente e dos recursos naturais.

A Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), através da Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, atua diretamente com a educação ambiental. Por meio do Departamento de Educação Ambiental (DEEAM), realiza a gestão de 340 funcionários voluntários devidamente capacitados, que atuam como multiplicadores ambientais para o público externo e interno. Os dados atuais apontam que a ações ambientais realizadas na Companhia atingiram um público de mais de 50 mil pessoas, através de mais 2.300 horas de atividades.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marluza Gorga

Bacharela m química industrial, possui Master 1 em química pela Université de Rennes, na França; mestra e doutora em química pela UFRGS. É pós-graduanda no curso de MBA em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental. É química na CORSAN e atualmente está como chefe do Programa Especial em Pagamento por Serviços Ambientais da Diretoria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CORSAN.

Nadine Vergara Schorr

Engenheira Química pela UNISINOS. Engenheira de Segurança do Trabalho pela PUC-Minas. Pós-graduanda em Engenharia Sanitária pela PUC-Minas. Atualmente é gestora do Departamento de Educação Ambiental da CORSAN.

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