22 de dezembro de 2021
BLOG Democracia e Comunicação

Debate ambiental reserva uma oportunidade para marcas e empresas se posicionarem com desenvoltura

 

Já se sabe que a pauta ambiental tem crescido no debate público e é especialmente apelativa entre as novas gerações, que nasceram em um mundo preocupado com aquecimento global, agrotóxicos e desenvolvimento sustentável. Agora, um amplo estudo realizado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) traz alguns detalhes sobre como esse debate público acontece nas redes sociais. O estudo pode ajudar a guiar marcas e empresas para navegarem neste tema com mais desenvoltura.

Um dos destaques da análise da FGV DAPP foi a enorme variedade temática em torno da agenda verde. De energias renováveis a tecidos ecológicos para roupas, de educação ambiental à crítica política: quase tudo cabe. Tanta variedade, na verdade, reflete a proximidade da pauta ambiental com praticamente todos os fatores da vida em sociedade. Enquanto alguns grupos focam, por exemplo, suas publicações na preservação das florestas, outros acompanham a evolução tecnológica como a aposta para manter o ar, os mares, os rios e a terra mais limpos e preservados.

Além da variedade, a correlação temática também marca o debate público ambiental. Dificilmente um dos temas analisados aparece sozinho. Pelo contrário, a análise mostra que os temas ambientais costumam ser tratados fazendo referência a outras sub-temáticas da agenda verde. Isso demonstra a complexidade inerente ao tema e traz um alerta para marcas e empresas: se não for vista e tratada de forma holística, qualquer ação em torno da agenda verde estará, na melhor das hipóteses, incompleta e superficial.

Os temas analisados pelos pesquisadores da FGV DAPP foram tecnologias e meio ambiente; agricultura familiar; crise hídrica e questões energéticas; incêndios e danos ambientais; e governo, políticas públicas e sociedade civil. Foram coletadas aproximadamente 12 milhões de publicações, entre junho e setembro de 2021, no Twitter e no Facebook. A metodologia do estudo combinou processamento computacional e análise manual feita pelos pesquisadores.

A transversalidade temática é especialmente notada no tema tecnologias e meio ambiente, que engloba assuntos como fontes renováveis de energia, moda, consumo consciente, educação ambiental, bioeconomia, emissão de carbono, ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) no mundo corporativo, economia circular e a agenda política nacional.

Nesta temática, entre as palavras muito frequentes, aparecem “produzir”, “pesquisa”, “tecnologia”, “sustentabilidade”, “desenvolvimento”, “projeto” e “futuro”, indicando que o debate público considera as tecnologias como fatores-chave para um futuro ambientalmente seguro. O debate sobre tecnologias e meio ambiente no Facebook acumulou 94.883 publicações, postadas em 24.837 grupos e páginas públicas, e que atraíram 6.835.399 interações.

A variedade de perfis envolvidos também foi notória, incluindo empresas e veículos de informação, políticos, organizações governamentais e não-governamentais, universidades e outras instituições educacionais, indústrias e marcas de diferentes setores. Os perfis noticiosos são, como esperado, um dos destaques. Mas também são numerosos os perfis ligados à moda e à educação ambiental. Nesses perfis, foram destaques as abordagens sobre consumo consciente, como moda sustentável, eletrodomésticos de baixo consumo e veículos que não usam combustíveis fósseis, além de emissão de carbono/aquecimento global, bioeconomia e ecoturismo.

Com tantas temáticas com que trabalhar, potencialmente, qualquer marca ou empresa pode participar do debate, mostrando a seus consumidores e clientes que compartilha da preocupação corrente com o futuro do planeta. Sua empresa está preparada?

Para acessar o estudo da FGV DAPP, clique aqui.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcela Canavarro

Marcela Canavarro é Jornalista com doutorado em Mídias Digitais pela Universidade do Porto e mestrado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como pesquisadora na FGV DAPP e tem interesse por estudos sobre comunicação & dados, desinformação, práticas de comunicação no contexto do capitalismo informacional e ativismo em rede.

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