27 de abril de 2021
BLOG Agenda 2030: Comunicação e Engajamento

Como a longevidade pode gerar valor para sua empresa

 

Quando falamos de sustentabilidade, é inevitável não retomarmos o conceito de Triple Bottom Line, proposto pelo cientista John Elkington na década de 90. O conceito consiste na gestão empresarial com foco nos aspectos financeiros, sociais e ambientais. Esse conceito convoca as organizações a considerarem a interdependência dos pilares – Pessoas, Lucro e Planeta – para a perenidade do negócio, e do mundo, claro!

Afinal, qual é o negócio que prospera em um entorno ou uma cadeia de valor devastada e em meio à desigualdade social?

Ainda falando em interdependência para alcançar a prosperidade, nos voltamos para a Agenda 2030, instituída em 2015 pela ONU, composta por 17 objetivos e 169 metas globais.

Essa agenda é pautada no crescimento econômico, socialmente justo e ambientalmente equilibrado – também conhecido como Desenvolvimento Sustentável. E tudo isso é fundamentado nos 5 P’s (Pessoas, Parcerias, Planeta, Prosperidade e Paz).

Cada um dos 17 ODS, está interrelacionado, ou seja, quando trabalhamos em prol de um objetivo, inevitavelmente, impactamos outro.

Diversidade e inclusão intergeracional

“Diversidade é chamar para a festa. Inclusão é tirar para dançar”.

Essa tem sido uma frase que sintetiza muito bem o processo de mudança cultural dentro de organizações quando o assunto é pluralidade.

Essa pauta é urgente e está latente no mercado. É preciso mudança no mindset organizacional, fortalecer a empatia, o respeito ao próximo e olhar o valor de cada indivíduo.

Um trabalho de fomento para culturas organizacionais mais diversas resulta em melhoria no clima organizacional, enriquece o capital intelectual, torna mais consistente a resolução de problemas complexos, promove uma boa reputação para as empresas e aumenta a competitividade. Afinal, temos mais representatividade.

A diversidade intergeracional é um dos grupos mais presentes atualmente no mundo corporativo. Diversas gerações em um mesmo time, em uma mesma empresa, em um mesmo projeto.

Quando valorizamos a maturidade e experiência dos longevos e a criatividade e energia dos mais jovens, temos oportunidades potenciais como resultado. Basta empatia, diálogo, colaboração e consciência do valor de cada agente no processo.

Década do Envelhecimento Saudável: 2020 – 2030

Essa é uma chamada a ação global liderada pela Organização das Nações Unidas e alinhada aos últimos 10 anos para o atingimento da Agenda 2030 (17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

É um trabalho que precisa ser colaborativo, unindo forças de governos, sociedade civil, agências internacionais, academia, a mídia e o setor privado para aprimorar a vida dos(as) idosos(as), de suas famílias e comunidades onde vivem.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, existe mais de 1 bilhão de pessoas de 60 anos ou mais vivendo em países subdesenvolvidos.

Esse movimento possui 4 frentes de ação para direcionar os stakeholders em uma direção comum:

1- Ambiente favorável ao idoso, do ponto de vista social, psicológico e econômico;

2- Combate ao preconceito de idade;

3- Cuidado integral – Prevenção e reabilitação, promoção da saúde, tratamentos paliativos de forma acessível, segura e de boa qualidade;

4- Cuidado a longo prazo – Essencial para garantir habilidades funcionais, desfrutar dos direitos humanos e viver com dignidade.

“A vida está ficando mais parecida com uma maratona, do que com 100 metros rasos.  Precisamos ajustar o passo para o longo percurso”.

Alexandre Kalache, médico e pesquisador, um dos maiores especialistas em longevidade do mundo, nos convida a refletir sobre as possibilidades de um processo de envelhecimento saudável.

Envelhecimento Ativo

O convite é que juntos(as), possamos refletir sobre a relação desses objetivos globais com a LONGEVIDADE.

Como o envelhecimento populacional está mudando o funcionamento do mundo?

Em 2002, a Organização Mundial da Saúde destacou 4 pilares para o Envelhecimento Ativo:

  1. Saúde – ODS 3 (Saúde e Bem-estar)
  2. Participação social – ODS 5 (Equidade de Gênero); 10 (Redução das Desigualdades); 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes); 17 (Parcerias e Meios de Implementação)
  3. Segurança – ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis); 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes);
  4. Educação continuada – ODS 4 (Educação de Qualidade)

‘Despertar da Liderança para a Longevidade’ – Um case da Sicredi União PR/SP

A partir desses pilares e com o interesse genuíno em ressignificar o papel da liderança 60+, na Instituição Financeira Cooperativa – Sicredi União PR/SP, construímos em parceria com uma especialista em Longevidade, Simone Fernandes, um Programa conhecido como “Despertar da Liderança para a Longevidade”.

O trabalho é direcionado a associados e associadas da cooperativa, composto por 10 encontros, mensais e online, e a cada mês seguimos uma linha de raciocínio que estimule os participantes a dar luz em diversas esferas de sua vida e inspirá-los a buscar seus sonhos, contribuir com redes de conexões e continuarem aprendendo algo diariamente.

Ao final, será realizada uma exposição com imagens e saberes de cada integrante do projeto para permitir que outros públicos tenham a acesso e se inspirem com as percepções de mundo dos nossos longevos. Além disso, cada um terá a oportunidade de construir seu portfólio de vida e colocar o projeto para rodar com o apoio da rede cooperativista criada.

Esse é apenas um dos exemplos de trabalho que as organizações podem liderar para despertar a atenção para a Longevidade, do ponto de vista humano e de negócios.

Longevidade e o impacto na Agenda 2030:

Abaixo, trago 6 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que podem estar integrados nas estratégias das organizações e, dessa forma, contribuir para a atingimento dos objetivos globais:

Garantir condições de trabalho favoráveis aos idosos previne que eles se enquadrem na linha da pobreza (ODS 1) e impacta no crescimento econômico (ODS 8);

Aprendizagem e desenvolvimento não cessam na meia idade! É necessário aplicar o conceito lifelong learning para que os longevos tenham conexões sociais, mantenham suas identidades, troque com outras gerações e tomem suas próprias decisões (ODS 4).

Buscar a equidade de gênero ao longo da vida pode levar a melhores resultados na velhice e a um maior bem-estar (ODS 5). As mulheres tendem a viver mais do que os homens, em média, e, portanto, constituem a maioria dos idosos, especialmente em idades avançadas. Elas, em sua grande maioria, têm uma contribuição enorme na sociedade (trabalho, atividades do lar, cuidados com crianças, idosos e enfermos). A participação restrita das mulheres no mercado de trabalho tem muitas consequências negativas na vida adulta, incluindo maior risco de pobreza, menos acesso a serviços de saúde e assistência social de qualidade, maior risco de abuso, saúde precária e acesso reduzido a pensões.

Envelhecimento saudável também está relacionado a redução de desigualdades (ODS 10) e por isso, é necessário que considerem as relações injustas ao desenvolver políticas nos mais variados setores.

É benéfico para todos(as) que as cidades e comunidades maximizem capacidades e habilidades de diferentes pessoas ao longo da vida. Trabalhar para criar cidades e comunidades que sejam sustentáveis ​​e acessíveis a todos requer um processo ao longo do curso de vida que melhora progressivamente o ajuste entre as necessidades das pessoas e os ambientes em que vivem. (ODS 11).

Abaixo, deixo seis sugestões de ação que você pode promover na sua empresa:

  • Prestação de assistência a famílias que cuidam de familiares idosos;
  • Proporcionar acesso à educação ou formação profissional, requalificação ou outros meios para manter a sua empregabilidade;
  • Desenvolver estratégias robustas para a promoção da equidade de gênero dentro das organizações;
  • Quebrar as muitas barreiras que limitam a participação social contínua e as contribuições dos idosos;
  • Antecipar e responder com flexibilidade às necessidades e preferências relacionadas ao envelhecimento;
  • Disseminação de campanhas de conscientização baseadas em evidências sobre o envelhecimento.
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Gabriela Ottoboni M. De Castro

Assessora de Sustentabilidade e Cooperativismo na Sicredi União e Mentora no Programa SDG Young Innovators da Rede Brasil do Pacto Global. Membro da Liga de Intraempreendedores Brasil.

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