06 de outubro de 2022
BLOG Agenda 2030: Comunicação e Engajamento

Como a Cultura da Generosidade potencializa o resultado de equipes diversas

 

As organizações são frequentemente dirigidas segundo o modelo vertical, definido pela divisão do trabalho, especialização e hierarquia, tendo em vista a necessidade da delegação das atividades, bem como o controle sobre elas.

E este modelo de estrutura pode trazer resultados excelentes, desde que exista um ecossistema de colaboração, respeito e engajamento entre as pessoas e um ambiente aberto à solicitação e recebimento de ajuda.

Quando se fala sobre a Cultura da Generosidade nas organizações, é preciso desconstruir a ideia de que a generosidade se resume em fazer somente para os outros, doando 100% do seu tempo, da sua energia e da sua ajuda.

De acordo com o professor e psicólogo Adam Grant, reconhecer que o seu tempo tem muito valor e que é impossível dizer “SIM” para todos e para tudo é um primeiro passo para compreender que ser generoso não se resume em atender a todos os pedidos o tempo todo.

Você só pode ser generoso com os outros quando aprender a ser generoso em primeiro lugar com você mesmo(a).

Em seu livro “Dar e Receber”, Adam Grant traz um novo conceito sobre a generosidade, traduzido para o português como “Alterismo”, que se trata de uma prática de doação consciente, isto quer dizer, é você ajudar outras pessoas sem prejudicar suas decisões e seus próprios interesses.

Ser uma pessoa alterista não significa você se dedicar 100% do tempo a outras pessoas ou fazer tudo pelos demais. Ser alterista é ter a certeza de que os benefícios da doação irão superar os custos de seus esforços, ou seja, a sua ajuda valerá a pena não somente para o outro, mas também para você.

Pesquisas realizadas pela Universidade de Harvard demonstraram que doadores alteristas produtivos apresentam 3 grandes características fundamentais: sabem como ajudar, quando ajudar e a quem ajudar.

Mas para que isso aconteça, é preciso criar espaços generosos de cooperação entre as pessoas, onde a vontade de ajudar, o respeito aos limites do outro e aos seus próprios limites e a atenção para as ações de diversidade, equidade e inclusão se torne uma dinâmica natural e cultural para a empresa.

Isso até parece óbvio, mas não é.

De acordo com as pesquisas realizadas pelo professor Adam Grant, 19% das pessoas nas organizações são tomadoras (egoístas), 56% são compensadoras (fazem para o outro intencionalmente) e somente 25% são doadoras.

Estes dados refletem a insatisfação e o esgotamento dos doadores com seus trabalhos e a necessidade de mudança urgente de mentalidade comportamental nas organizações.

Inúmeras pesquisas indicam que equipes diversas são mais inovadoras e mais criativas. Porém, para que estas pessoas possam inovar e criar, sem medo de errar, elas precisam saber para quem podem pedir ajuda.

O que motiva as pessoas a desenvolverem suas ideias é a conexão, a lealdade e a confiança que estabelecem entre elas.

Pessoas diferentes têm histórias de vida, habilidades, conhecimentos e experiências distintas e quando estas pessoas trabalham em ambientes generosos, elas se sentem seguras para compartilharem suas histórias e isso constrói valor para a empresa e indivíduos.

Em agosto de 2022 a GPTW, “Great Place to Work” (Melhores Lugares para se Trabalhar), que certifica e reconhece os melhores ambientes de trabalho em 109 países ao redor do mundo, lançou o destaque de saúde emocional em mais de 6000 empresas e foi descoberto que a característica que diferenciou as melhores empresas em relação à sua liderança foi a GENEROSIDADE.

E o significado da generosidade nesta pesquisa estava totalmente conectado com a partilha de conquistas e erros.

Portanto, é preciso redefinir o conceito de liderança, para que todas as pessoas da empresa estejam engajadas na construção de espaços generosos, onde os limites são respeitados, para transformar intenções de diversidade, equidade e inclusão em ações, gerando produtividade sem impactar a saúde emocional de suas pessoas.

O InsAB (Instituto de Alterismo do Brasil) é o primeiro Instituto no Brasil a relacionar o tema generosidade, com produtividade, saúde mental e emocional e diversidade.

Quando empresas e líderes compreendem o real significado da generosidade alterista e começam a aplicá-lo diariamente por meio de ações estratégicas e estruturadas, os resultados aparecem, pois o ambiente fica aberto à solicitação e recebimento de ajuda, reduzindo os conflitos e aumentando a energia e a empatia.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Cris Zanata

Cris Zanata é fundadora do Instituto de Alterismo do Brasil (InsAB), Conselheira de diversidade, equidade e inclusão na RSU Lixo Inteligente e mestranda em Gênero e Diversidade pela Universidade de Oviedo, na Espanha. Trabalhou durante 15 anos em cargos de liderança em Big Four e empresas do setor privado na área de impostos aduaneiros e logística, alcançando o cargo de diretora global de logística em uma empresa de energia renovável espanhola. Atualmente é pesquisadora sobre a relação entre gênero e generosidade nas organizações.

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