2017 será o ano da diversidade
Se você acha que 2016 foi o ano da diversidade, prepare-se: o assunto deve crescer em 2017 e, enfim, alcançar mais empresas brasileiras.
A discussão em si não é nova, e teve início há mais de cinquenta anos, quando representantes de grupos minorizados tomaram as ruas dos Estados Unidos para reivindicar direitos iguais para mulheres, negros e pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). Repare o leitor que não falo em “minorias”, mas sim em minorização, um processo social que esvazia a existência de determinados sujeitos, mesmo quando eles são bastante representativos em termos numéricos na população
Na década de 1960, o governo norte-americano reagiu às pressões aprovando a Lei dos Direitos Civis, que tornou ilegal a discriminação racial e abriu as portas para a adoção de cotas em universidades e algumas empresas. O resultado, em progresso ainda hoje, foi a mudança na composição da força de trabalho daquele país. Os ambientes predominantemente brancos, masculinos, sem deficiências e heterossexuais passaram a ostentar uma diversidade maior.
De lá pra cá, houve alguns avanços e a globalização tratou de acelerar as mudanças. Afinal, como se relacionar, vender, antecipar demandas e entender públicos cada vez mais diferentes se o grupo que trabalha na empresa não for, também ele, representativo das diferenças existentes na sociedade?
Essas discussões chegaram ao Brasil no fim dos anos 1990, trazidas justamente por multinacionais dos Estados Unidos, bastante engajadas no assunto. Agora, o debate chega às empresas nacionais, impulsionado sobretudo por pesquisas que demonstram o valor da diversidade.
Estudos apontam que equipes diversas são mais criativas, produzem mais, criam um clima de trabalho mais agradável e sofrem menos com problemas como absenteísmo e rotatividade. A razão para isso é simples: quem se sente incluído justamente por aquilo que tem de mais singular realiza melhor suas atividades e tende a continuar na organização.
Outra vantagem em tempos de sociedade vigilante e conectada são os ganhos de imagem e reputação. Os consumidores querem e valorizam a diversidade, como demonstram a comoção em torno de propagandas que fogem dos padrões e apresentam, por exemplo, corpos de pessoas normais ou, então, diferentes formas de amar e de existir. É o caso das recentes campanhas de Skol.
Num país em que mulheres negras recebem 40% menos que homens brancos, em que a violência contra a população LGBT salta aos olhos e onde as pessoas com deficiências raramente têm acesso ao mercado de trabalho, é fundamental o engajamento de mais empresas brasileiras nas discussões sobre diversidade. É um dever delas colaborar na correção de injustiças históricas e na construção de uma sociedade mais justa. Os resultados certamente virão, também na forma de equipes mais motivadas, produtivas e engajadas.
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