09 de novembro de 2021

Só o estratégico já não basta: como um questionário pode se tornar um processo de comunicação. O caso do ISE

Publicado originalmente no LinkedIn em 01 de novembro de 2021

É notável o poder que a comunicação exerce no mundo contemporâneo. Essa comunicação precisa ser considerada não meramente como instrumento de divulgação ou transmissão de informações, mas como processo social básico e como um fenômeno presente na sociedade. Deve ser concebida como um poder transversal que perpassa todo o sistema social global, incluindo neste âmbito as organizações”. Ler esse trecho do artigo Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitual, da professora Margarida Kunsch, me fez pensar em várias situações de transversalidade da comunicação. Mais do que isso, nos resultados que isso traz para uma organização e, sobretudo, para as pessoas. Respeitando a vontade de escrever sobre essas experiências, esta é a primeira partilha de uma dessas histórias que transformam a comunicação nas organizações todos os dias. No primeiro texto dessa série que ouso chamar de Comunicação: o que a prática pode nos ensinar, trago um pouco do processo de mudança de percepção do ISE na organização.

Há alguns anos comecei a ser respondente do ISE B3, o Índice de Sustentabilidade Empresarial. Seu objetivo? “Ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial”. Eram duas ou três perguntas que abordavam política de comunicação e conformidade com a legislação.

Desde então, muita coisa mudou: o ISE, a comunicação, as empresas, o mundo. Mas, sobretudo, mudou o olhar sobre o Índice. Na Eletronorte, a parceria entre as áreas de comunicação e sustentabilidade conferiu ao processo de respostas, evidências e retorno do questionário, um caráter de experiência de comunicação organizacional. Nas reuniões com diversas áreas ou nas oficinas sobre as dimensões, a integração de saberes conectou muito mais que as respostas do questionário. Passamos a produzir matérias sobre o processo de construção, relatando as etapas, disseminando o ISE dentro de “casa” e apresentando os resultados não só do Índice, mas das melhorias implementadas a partir dele.

Nas conversas entre as áreas ficava cada vez mais evidente que esse era um processo de construção coletiva. E, mais do que isso: era ferramenta de melhoria permanente e transversal. Em um mundo cada vez mais em rede, faz sentido criar conexões transformadoras para as quais somente as ferramentas de comunicação não são suficientes. Nesse processo o que se viu foi comunicação de liderança, integração dos atores e gestão colaborativa. O resultado é um processo mais forte, consolidado que, agora, é mais que um questionário.

Nessa caminhada o processo foi além da Eletronorte e integrou também as equipes das Empresas Eletrobras. Num esforço conjunto, a pauta deixou de ser apenas o questionário e abriu espaço para iniciativas comuns às empresas, resultando em projetos vinculados ao planejamento estratégico. O olhar sobre o potencial de uma ferramenta pode fazer toda a diferença no engajamento das equipes. E o processo do ISE aqui na Eletronorte é um exemplo disso. Diversas áreas enxergando seus processos de forma transversal, integrando saberes e propondo melhorias. O que, em essência, é também o objetivo do Índice: “apoiar os investidores na tomada de decisão de investimento e induzir as empresas a adotarem as melhores práticas de sustentabilidade, uma vez que as práticas ESG (Ambiental, Social e de Governança Corporativa, na sigla em inglês) contribuem para a perenidade dos negócios”.

Certamente que o meu olhar é o de comunicação. E isso significa um olhar sobre todo o poder transformador que ela tem. Por isso mesmo vejo no ISE uma provocadora  ferramenta de conhecimento amplo da organização em todas as suas dimensões. E quanto mais pessoas conhecerem e fizerem parte desse processo, mais positivos serão os resultados para a organização, para as pessoas e para o planeta.

É fato que a comunicação já mostra dia a dia porque precisa caminhar junto com a estratégia em qualquer organização. Isso é uma realidade indiscutível em organizações do mundo inteiro. Mas, para além dos resultados, é preciso que essa comunicação faça sentido para quem faz parte de tudo isso. Ser estratégico já não basta, é preciso que tenha significado. A “magia” acontece na hora do insight, no pensar a mudança, no colocar em prática e naquele breve instante em que se percebe a comunicação como um processo relacional permanente. E isso pode acontecer não só num questionário como o ISE, mas também nele.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Michele Silveira

Superintendente de Comunicação e Relações Institucionais da Eletronorte

  • COMPARTILHAR:

COMENTÁRIOS: