Mitos corporativos
![](https://www.aberje.com.br/wp-content/uploads/fly-images/43292/Domino-gestao-de-crise-scaled-e1599589789395-470x300.jpg)
A crise é um momento em que as carências são reveladas. A crise financeira internacional colocou o administrador diante de um labirinto. Os balanços financeiros, auditados por exércitos de contadores, transformaram-se em mitos decadentes, diante de previsões de um rigor que nunca se realizou ou se realizará. As matérias corporativas com controle perfeito de processos administrativos, entre eles o financeiro, viraram pó e deixaram de ser história. O administrador, que tem o controle total nas mãos, é um desses mitos destroçados. No cemitério da retórica, jaz o mito da sociedade da responsabilidade corporativa, na qual o emprego virou o seu maior indicador. Pelo menos é o que muitos empresários estão dizendo.
Volta com força a filantropia e seus mitos. Andrew Carnegie, escocês que virou empresário nos Estados Unidos é um deles. No final do século 19, chamado pela imprensa e pelos sindicatos da época de ‘barão ladrão’, bradou que os ricos tinham a obrigação moral de dividir suas riquezas acumuladas. Carnegie cumpriu a palavra à risca ao gastar em torno de 350 milhões de dólares em caridades. É dele a condenação bíblica que anuncia que ‘o homem que morre rico, morre desonrado’.
Mito, por definição, é algo totalmente não explicável. Assim, a narrativa mitológica está sempre aberta para a imaginação. E, aquilo que é completado pelo narrador, sempre será impreciso e fantasioso. Carnegie é mito porque a sua história é imprecisa. É um homem bom ou um ‘barão ladrão’?
Pânico e fantasia
A narrativa do que é transcendente atrai a poesia. A narrativa financeira é um espanta lirismo, um desfile quantitativo sufocante e enquadrado.
Engana-se, porém, quem acredita que as narrativas sobre as pirâmides financeiras de Bernard Madoff não produzirão narrativa mitológica. A persona inventada por Madoff tinha um curriculum vitae corporativo impecável, produzido para provocar a cobiça de head hunters e premeditado o suficiente para passar longe de um boletim de ocorrência. Afinal quem desconfiaria daquele que foi duas vezes presidente da Nasdaq? Mas Madoff acenou para investidores muito experientes com a possibilidade de retornos fabulosos no curto prazo e desapareceu com cerca de US$ 50 bilhões deles.
A lenda do labirinto nos lembra que no emaranhado de corredores é possível encontrar o Minotauro. Como narrativa mitológica, ela é mais crível do que os relatos das grandes revistas e jornais econômicos, que só noticiam o que é matemático e consolidado. A falta de dinheiro em grandes bancos globais é uma narrativa a ser preenchida. Se o jornalismo não o fizer com competência, os correntistas talvez o façam com a velocidade da fantasia e do pânico. Quer situação mais mitológica que a quebra de sigilo pelo sistema bancário suíço?
COMENTÁRIOS:
Destaques
- Escola Aberje leva comunicadores para Amazônia em expedição imersiva
- Encontro de líderes debate responsabilidade do setor empresarial e papel da comunicação na COP30
- Aberje realiza reunião presencial com Comitês de Estudos Temáticos em São Paulo
- A comunicação é forte em mercados em que as associações são fortes
- Aberje participa do painel de entidades no 19º Congresso da Abraji
ARTIGOS E COLUNAS
Marcos Santos Maratona da vidaMônica Brissac Thought Leadership: marca pessoal x reputação corporativaLetícia Tavares Liderança comunicadora: um tema sempre atualHamilton dos Santos Comunicação é estratégica na economia contemporâneaCarlos Parente Um salto ornamental para mergulhar no pires