Esporte Interativo: Conteúdo, Empoderamento e On Demand
Na grande rede as inovações continuam acontecendo e surpreendendo. O dubsmash, aplicativo que permite ao usuário escolher dublagens para seus vídeos amadores é um dos exemplos mais recentes e responsável por milhares de virais compartilhados através da internet.
É consenso e prática comum nas agências e departamentos de comunicação, o uso das redes e apps nas campanhas e comunicação das grandes empresas, mas estamos assistindo também à consolidação de empresas cujo foco do negócio foi pensado em torno da rede e suas possibilidades de compartilhamento.
O Esporte Interativo, empresa com a qual mantenho relacionamento apenas como assinante e admirador, é uma expressão do tema que ora desenvolvo: fundada em 2007 para produzir e distribuir conteúdo esportivo em múltiplas plataformas, cresceu consistentemente e hoje é destaque na grade esportiva nacional e através do EI Plus, serviço de assinatura on demand, já conquistou o posto de maior serviço de assinatura de notícias esportivas do Brasil, com mais de 500 mil assinantes ativos.
O crescimento expressivo de uma companhia com DNA interativo não se deu sem razão: ainda em 2012, durante painel sobre programação e o mundo digital realizado na ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), painéis já destacavam o potencial da união da rede, do empoderamento dos consumidores oriundo das novas mídias hiperconectadas e de uma novidade que na ocasião ainda era incipiente: as Smarts TVS.
Enquanto a mídia noticiava (e ainda noticia) seguidas quedas na audiência de veículos tradicionais da televisão brasileira, o Esporte Interativo pavimentava seu crescimento no cenário brasileiro ao aproveitar, como nenhum outro canal, as inevitáveis mudanças na forma de consumir programação televisiva advindas da conexão entre a internet, a tv e os dispositivos hiperconectados.
Com estatísticas que indicavam que tanto o público conectado quanto as receitas publicitárias crescem na oferta de conteúdo on demand, o grupo de mídia multiplaforma incrementou sua conexão com os consumidores e fez da convergência seu mote nas transmissões. Gol de placa!
Mas explicar o sucesso do Esporte Interativo não é o principal neste artigo, mas sim destacar a poderosa junção Conteúdo – Empoderamento – Streaming – On Demand como força capaz de alavancar mídia de uma maneira extraordinária e estabelecer uma ponte entre o desejo do consumidor de mídia, manifestado constantemente através dos diversos canais disponíveis, e o conteúdo que lhe é oferecido. E qual o segredo do conteúdo? Como afirmou recentemente Miles Young, CEO global da Ogilvy, “Não podemos pensar mais em termos de campanhas. Nosso centro é uma ideia. E as ideias se tornam ainda mais importante no mundo digital, porque elas dão sentido às coisas. Conteúdo não é mais uma especialidade, mas uma generalidade no trabalho que as agências fazem. Ele estará em tudo”. (Meio & Mensagem, 06/04/2015).
O que o Esporte Interativo fez está em sintonia direta com o pensamento de Miles Young: construiu seu conteúdo televisivo a partir de opiniões, votações e palpites dos internautas, com um nível de interação com seus consumidores dificílimo, quiçá impossível, de ser copiado pelas redes de tv tradicionais. Como bem frisou Maurício Portela, Diretor do Esporte Interativo, “Temos certeza que o apaixonado por esporte cria uma conexão muito forte com o canal pela presença nas mídias sociais” (Meio & Mensagem, 02/08/2012). Uma opinião extremamente plausível e lúcida, que nos remete ao pensamento do estudioso de mídia, Henry Jenkins, e bem fundamentada em outras abordagens tais como:
“A cultura da convergência, para Jenkins, é um clima participativo altamente interativo em que a mobilidade dos textos e discursos pelas formas de mídia borra distinções entre produtor e consumidor, e ajuda a gerar comunidades de inteligência coletiva que podem contestar ou alterar os significados e o alcance de textos da mídia comercial”.(CHAMBERLAIN apud JENKINS, 2011, tradução nossa)
Na condição de assinante e fã de esportes, posso afirmar que o Esporte Interativo já se tornou um dos meus canais preferidos para consumir esporte, principalmente ao verificar que o grupo pratica o que prega: seja dando voz aos consumidores através de suas múltiplas formas de interação ou elevando o futebol nordestino a um destaque inédito, jamais visto nos canais tradicionais.
Na condição de comunicador, acredito que as mudanças advindas do somatório entre o empoderamento dos consumidores com a convergência, com a melhora das transmissões via streaming, com a consolidação da oferta de transmissões on demand e com conteúdo escolhido principalmente pelas interações dos próprios consumidores, irá modificar cada vez mais o cenário onde atuam e a condição dos grandes grupos de mídia brasileiros.
Referências:
TV e internet, o poder da segunda tela. Meio & Mensagem, 02/08/2012.
Disponível em: <www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/08/02/TV-e-internet-o-poder-da-segunda-tela.html>. Acesso em: 23 de abril de 2015.
Agências vão virar publishers. Meio & Mensagem, 06/04/2015.
Disponível em: <www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/noticias/2015/04/06/Ag-ncias-v-o-virar-publishers.html>. Acesso em: 23 de abril de 2015.
KACMAN, Michael et al. Flow TV: Television in the Age of Media Convergence. New York: Routledge, 2011.
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