Aberje, a alma mater da Comunicação Organizacional brasileira
Há 47 anos, os fundadores da Aberje, tendo o pioneiro Nilo Luchetti à frente, discutiam a gramatura do papel e a edição de jornais empresariais. Hoje, a entidade tem como seu ethos posicionar a comunicação de empresas e instituições diante das questões, dos fatos e das controvérsias de um mundo onde o diálogo é o que promove e fortalece a humanização, o progresso social e a democracia, evita, minimiza e resolve conflitos, além de estimular a produtividade, a boa competitividade e a inovação. E dentro desse ambiente, a Aberje tem no seu extenso currículo a formação de milhares de comunicadores, premiações de grande prestígio e se internacionaliza, a cada dia, por meio de sucessivos Brazilian Corporate Communications Days, eventos realizados em praticamente todas as grandes cidades do mundo, com o objetivo de inserir, destacar e dignificar no ambiente internacional a narrativa corporativa brasileira.
Naquele distante ano de 1967, mais exatamente em 8 de outubro, 47 organizações assinaram a ata de criação da Aberje, então batizada com o nome de Associação Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresa. Era uma época de regime político fechado, mas em que a economia começa a se expandir, a industrialização se consolidava e a profissão de comunicador ensaiava seus primeiros passos. Como uma missão institucional, a qualificação da narrativa voltada para os jornais de empresa começou a se esboçar ainda em 1967, em especial nas empresas internacionais, inspirada por comunicadores responsáveis pela divulgação de informações.
Estava em harmonia com a determinação da conquista de novos mercados. E se projetava para o futuro. Em um ambiente político de restrição de notícias, valorizava o jornalismo econômico, que viria a ser um respiradouro essencial da liberdade de expressão. O tempo passou. O número de associados se multiplicou, alcançando patamar superior a mil organizações, ao mesmo tempo em que a jovem entidade, e década após década, procurou ler o tempo e compreendê-lo.
Assim, transitou da elaboração dos jornais internos para o diálogo com as empresas, dando forma a cursos de profissionalização, seminários, encontros nacionais e, em 1979, oficializa o Prêmio Aberje que logo se consagrou como o principal da comunicação organizacional brasileira. Nos anos 80, ainda predominou a ênfase profissional, mas, com a globalização dos anos 1990 e o próprio vislumbrar da democratização do País, as relações da comunicação empresarial com o ambiente histórico foram naturais e imediatas.
A leitura do tempo aprimorou-se. Viveu-se as mudanças com a mesma intensidade com que a mecha da lamparina absorve o óleo para dar luz à chama. As demandas por formação de qualidade e em larga escala fizeram com que a Aberje, na década seguinte, solidificasse vínculos com as universidades. Mestres e doutores passaram a frequentar seus cursos e debates, o que influenciou a criação das primeiras disciplinas voltadas para a comunicação corporativa nos currículos acadêmicos brasileiros.
No coração do processo, estava a educação continuada em todas as frentes. Com a profissão de comunicador em plena expansão, tornando-se cadeira obrigatória nas universidades, ao lado dos cursos de jornalismo, a Aberje e seus associados, tornavam-se referência no campo da educação em comunicação de empresas e instituições.
Como consequência, a comunicação tornou-se respeitada e imprescindível às organizações, privadas ou públicas. Além dos caminhos da comunicação, que ampliariam horizontes com a internet e as mídias sociais, a ética e a realidade das organizações e do País passaram a integrar as temáticas cotidianas. Ao saber jornalístico e de relações públicas somou-se a metodologia científica.
Caminhou-se rapidamente para a governança corporativa, a edição de livros e parcerias como a celebrada com a Syracuse University, de Nova York, com a realização do Curso Internacional em Comunicação Empresarial, atualmente em sua nona versão. No documento Aberje 40 anos, a missão estava claramente definida: posicionar a comunicação organizacional frente ao seu tempo e discutir o papel do comunicador hoje e amanhã, a partir dos campos contemporâneos do conhecimento.
Foi o que aconteceu. A vontade de acompanhar o tempo materializou-se também em iniciativas como o Centro de Referência e Memória (CMR); a Aberje Editorial, com 38 livros editados; a Aberje Audiovisual, com mais de 700 vídeos em seu canal no YouTube; bem como uma publicação voltada para temas teóricos, a MSG, que vem se somar à segunda mídia especializada mais lida na área, a revista Comunicação Empresarial, atualmente em sua 92ª edição e à primeira publicação global sobre a comunicação empresarial brasileira, BR.PR magazine; o Portal Aberje, pioneiro latino-americano sobre o tema; e as discussões em torno das relações governamentais. É de se notar que o planejamento se sofisticou e que a representação da Aberje se expandiu por diferentes estados, empenhando-se em universalizar suas raízes entre os comunicadores.
Nada aconteceu sem a participação dos associados. A regra da presença do comunicador tem sido a condição essencial para que os sonhos aberjeanos se realizem. Diferentes organizações, diferentes formas de ver os negócios e o País e o mundo se unem numa mesma identidade construtiva para a unidade na diversidade. Privilegia-se a liberdade e o conflito como motor natural da democracia. Esse, o suporte maior para as mudanças e para a derrubada de barreiras impostas pelas incertezas próprias do devir.
Passadas quase cinco décadas, a profissão de comunicador tornou-se estratégica para antecipar impasses, desvendar tendências, lastrear valores da ética, da pluralidade dos saberes e, acima de tudo, do humanismo. Esse trabalho, aperfeiçoado na prática, é alicerçado por pesquisas, relacionamentos e, vale lembrar, pelo exercício permanente do princípio de compreensão da inescapável juventude dos tempos, começo e fim da contemporaneidade das narrativas.
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