A mídia em busca do renascimento

A revista Economist, em recente edição, sentenciou a morte dos jornais impressos. Na realidade, os jornais impressos pagos, a exemplo do New York Times, nos EUA, ou a Folha de S.Paulo e o Estado de S.Paulo, no Brasil.
A tese é, aparentemente, muito convincente: os jovens estão correndo para a internet, falta tempo para leitura dos jornais diários e os leitores estão mais interessados por temas que digam respeito diretamente à suas vidas – como ganhar dinheiro, lazer e gastronomia – do que com a guerra do Líbano, a corrupção política e vilanias das corporações. Além disso, os jornais distribuídos gratuitamente estão em alta. Não no Brasil, mas no exterior são a bola da vez.
Na prática, o impasse parece ser outro muito mais complexo e abrangente. A mídia impressa, não apenas por força dos impactos da internet, está sendo desafiada a se renovar. Nunca foi tão influente, nunca foi tão repetitiva. Falta análise, faltam reportagens exclusivas. Falta investimento.
Notícia custa caro. Exige talento para produzi-las. Exige tempo. A empresa jornalística também se comunica com precariedade. Investe pouco em publicidade. Dialoga pouco com o leitor. Tudo isso terá que mudar.
E mudanças estão ocorrendo. A revista Time é um caso emblemático. Entendeu que chegou o momento de adaptar-se aos novos tempos, deu uma guinada no rumo de um jornalismo menos informativo e mais analítico.
A Time, fundada no início do século passado, foi a fonte de inspiração das revistas de informação tal como hoje conhecemos. Isto significa que muitas seguirão sua nova guinada porque é assim que as coisas acontecem.
Crise no ar
A crise da mídia de referência, a chamada grande imprensa, tem como pano de fundo, mais do que outra coisa, o desinteresse pela política. Não é só o impacto da internet. A democracia, no Brasil por exemplo, veio acompanhada de um agudo desencanto pela política nos moldes tradicionais e a mídia não consegue ampliar os espaços de reflexão, nem apontar novas alternativas para discussão de caminhos a seguir.
O foco permanente são as denúncias de corrupção. O eterno debate em torno dos juros altos. Mudam os personagens, o enredo permanece intocado. É assim aqui, não é muito diferente em Paris ou Nova York. A diferença é de grau, do alcance das reações em cadeia.
Curiosamente, é essa mesma mídia que hoje desfruta de influência e credibilidade junto à sociedade brasileira superior àquela que a mídia americana e européia têm nos seus países. Isto, em larga medida, decorre do momento político. Novamente a política em cena. Tenta-se fugir dela. Ela corre no encalço do fugitivo. Quanto mais politizada a sociedade, mais há espaços para a mídia. Ao se perguntar quem está matando os jornais – leia-se mídia impressa – The Economist tocou num nervo sensível da questão.
Realmente existe uma crise no ar. Realmente o sinal de alarme está soando por todos os lados. Mas, evidentemente, não significa que esteja dada a última palavra.
Caminho demarcado
Existem muitas outras formas de avaliar o tema. Uma delas é sob o ângulo de um novo renascimento, como aconteceu após a década de 1960, com a ascensão da televisão.
A mídia está falando muitos sotaques. Fala pelo sotaque dos sites, do celular, dos blogs, das publicações segmentadas… A informação democratizou-se, tornou-se onipresente.
Os jornais vêm sentindo esse impacto há muito tempo. Nos anos 1970 e 80, enfrentaram a televisão com mais profissionalismo e reformas gráficas. Agora, certamente terão de fazer as duas coisas mais uma vez, com um passo à frente: vão se tornar mais analíticos, mais exclusivos. Não vão morrer. Vão se renovar.
A mídia impressa tem muita força, muita vitalidade. Não pode mais é adiar a hora da virada. O caminho a seguir já está sendo demarcado pela veneranda Time.
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