A matemática afetiva

A exposição “O Número”, do pernambucano José Patrício, no espaço Caixa Cultural Rio de Janeiro, até 7 de março, sugere a existência de afetividade sob a aparente frieza da matemática. A mostra, com 12 obras e foco na ideia de número, foi produzida a partir de elementos que estimulam o observador a quantificar, a organizar. Uma delas, “A Coleção”, contém 6274 botões de roupa. Outras obras são compostas por peças de quebra-cabeça, dados, e alfinetes, que me lembraram a proposta de linha de produção de alfinetes, quantificados e organizados, no livro “A Riqueza das Nações, de 1776, de Adam Smith.
José Patrício parece estimular comunicadores de empresas e instituições a pensarem sobre a comunicação mecânica, que despeja informação massificada na sociedade, sobretudo nos empregados, sem preocupação ética e estética. Afinal, vivemos na sociedade dos excessos e, entre eles, a obsessão pela medida, pela organização, amplamente reforçada pela comunicação empresarial, sem afetividade, porque não há lugar para a contemplação, para o pensar e o criar desinteressado ou para a conversa que integra, que gera o sentimento de pertencer, de fazer parte de alguma coisa. Para o administrador, todo gesto deve corresponder a uma intenção, uma meta, um objetivo, um resultado. É imperativo viver sobre uma linha do tempo, traçada dentro do relógio. A vida, orientada pela produção, acabou com a rotina desejada pelos trabalhadores franceses organizados na segunda metade do século XIX: 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e 8 horas de descanso.
No ambiente corporativo, prolongado por meio das formas digitais de relacionamento, o mantra quantitativo destaca a avaliação de homens e mulheres por réguas. Mensuração, resultados, metas, indicadores, índices, percentual, entre outros, são os verbetes do dicionário do trabalho. A transcendência foi escoada pela torrente de contagem dos escritórios, das fábricas e das ruas.
Nenhum deus quer morar na casa de máquinas, na memória do computador ou na encruzilhada esfumaçada. Os deuses e arteiros, longe do trabalho insano, parecem gostar dos jogos, das mulheres e de combinações infinitas. As suas igrejas e galerias são lugares de inovação e provocação. O mundo do trabalho, com seus slogans de inovação, se afastou das artes e suas possibilidades. O artista pernambucano José Patrício aponta para um caminho no qual as artes da medida e da contagem se fundem com o espírito e a imaginação.
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