Vista a fantasia, mas não perca o emprego
Uma festa de final de ano para funcionários. Gente animada. Som alto rolando, comidinhas e bebidinhas à vontade e um clima pra lá de descontraído. Tudo para ser uma noite inesquecível, certo? E foi mesmo! Só que pelos motivos errados…
A comemoração de fim de ano da multinacional Salesforce tinha tudo para dar certo e ser um momento de celebração nota dez. O que deu errado? A celebração, embalada por um concurso de fantasias, gerou uma crise após um empregado usar a prótese de um pênis para fazer graça (qual?) e imitar um personagem que circula em memes, chamado de “Negão do Whatsapp”. Se a filial no Brasil permitiu tamanha tolice e mau gosto, a matriz não teve dúvidas e demitiu funcionário, diretor e presidente de uma só vez.
Navegando pelo website de empresa e conhecendo seu vídeo institucional, podemos ver uma marca em crescimento, uma companhia cuja cultura se baseia num conceito de família, chamado “Ohana” na língua original havaiana. Nesse espírito aberto ao diálogo, característico também de outras empresas do Vale do Silício, quatro pilares se destacam na formação do jeito de ser da Salesforce: crescimento, inovação, confiança e igualdade. E foi justamente o quesito igualdade que fez falta na tão comentada festa, gerando a crise que começou, na minha avaliação, num gap de comunicação interna e na dificuldade de se repassar e esclarecer os valores culturais da sede para as pessoas na sua filial brasileira. Entre ser uma cultura aberta e que defende a igualdade de todos, entre todos, e liberar geral, existe uma enorme distância! A começar pelo princípio do respeito. Quando as pessoas perdem os limites mínimos do bom senso, da gentileza, da etiqueta profissional e também da tolerância e do respeito é preciso relembrar quais são as regras. Aliás, compliance não significa exatamente isso? Agir de acordo com regras e instruções?
De quem foi a responsabilidade?
O que podemos aprender com uma festa de final de ano que deu errado seria a pergunta mais inteligente a ser feita. Mesmo porque três profissionais foram punidos com demissão sumária para comprovar que algumas coisas não são passíveis de tolerância. Por isso, defendo que a comunicação interna deve ir muito além do broadcasting de informações. Ela deve apoiar os processos educacionais das pessoas na organização, de entendimento dos aspectos culturais, dos valores organizacionais e também dos atributos da marca para evitar suposições e mal entendidos. Deve orientar o comportamento correto on e off line. Os modelos de compliance devem ser ensinados através de uma comunicação capaz de fazer as pessoas pensarem sobre suas escolhas e atitudes, de forma a envolver e comprometer as lideranças e os empregados no dia a dia do universo profissional e separar com total clareza o que pode e o que não pode ser feito. Aquilo que é legal e aquilo que é desonesto, obsceno e totalmente sem noção.
COMENTÁRIOS:
Destaques
- Aberje e Beon ESG debatem maturidade das empresas brasileiras na agenda ESG
- Raí fará masterclass para primeira turma do Mestrado Profissional em parceria da Aberje com FGV e Fundação Itaú
- Jorge Duarte, professor da Escola Aberje, vence Prêmio Jabuti Acadêmico e participa da Bienal do Livro em São Paulo
- Cristiana Xavier de Brito passa a integrar o Conselho Consultivo da Aberje
- Mônica Alvarez é a nova diretora do Capítulo Aberje Amazônia
ARTIGOS E COLUNAS
Marcos Santos O centenário de uma marcaAdriana Toledo A era das collabs: por que parcerias criativas dominam o mercadoAgnaldo Brito O papel estratégico da Comunicação Corporativa no segmento de infraestruturaCarlos Parente Pecar em segredo: reflexões sobre crises e redes sociaisMalu Weber Tempero brasileiro em churrasco alemão