28 de junho de 2016

As 10 lições de Comunicação de Game of Thrones

O último episódio da sexta temporada da série Game of Thrones bateu recorde de audiência em sua primeira exibição, com 50 milhões de espectadores no domingo 25/06/2016. A HBO lançou o slogan “A maior série do mundo”. Não é exagero. Com um orçamento de pelo menos US$ 100 milhões por temporada, ela se equipara às maiores produções do cinema. Só que é televisão. O interesse do ciclo do escritor americano George R.R. Martin se deve à cinematografia deslumbrante e ao roteiro de David Benioff e D. B. Weiss, a dupla que tirou leite de pedra dos penosos romances de R.R. Martin. O roteiro conjuga lutas dinásticas e eventos sobrenaturais.  Há ainda uma narrativa oculta, da qual o público de Comunicadores pode tirar proveito.  Os personagens de Game of Thrones dão lições de como comunicar e reposicionar suas imagens, ainda que nem sempre defendam exatamente as boas práticas organizacionais.

ATENÇÃO: Este texto contém spoilers da última temporada de Game of Thrones. 

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1. Tyrion Lannister: Invista nas relações governamentais

A ambição do anão não é conquistar o poder, mas estar perto dos líderes para que adotem boas práticas de gestão. Como conselheiro da rainha Daenerys, ele a convenceu a não pôr fogo na cidade de Meeren.

Tyrion: a serviço do RelGov

2. Jon Snow: Não adote uma estratégia sem antes convencer seu público interno

Como chefe dos Guardiões da Muralha, ele fez um acordo com os selvagens, sem negociar com seus pares. Foi morto. Ainda bem que teve quem o ressuscitasse. Soube reposicionar suas ambições por meio de uma nova narrativa heroica e se sagrou Rei do Norte.

Jon Snow: mudança de narrativa


3. Melisandre: Tenha cuidado com o que você comunica

A feiticeira vermelha garantiu que as tropas do líder Stannis Baratheon tomariam Westeros caso ele oferecesse a filha em sacrifício a seu deus único. Errou. Aprendeu a lição e ressuscitou Jon Snow sem prometer que teria sucesso. Mesmo assim, fez isso tarde demais. Se ela manteve uma comunicação exemplar com Deus, mostrou-se péssima em relação a seus fornecedores.

Melisandre: boa comunicação com Deus, péssima com fornecedores

4. Lorde Varys: Cultive boas fontes  

O conselheiro de Westeros, conhecido como o Sussurador, faz lobby com os governantes e lança mão de informações confidenciais. Assim, fica bem com todos, sobrevive e triunfa nas mais diversas cortes, de Dorne a Mereen.

Varys: o mestre do lobby

5. Daenerys Targaryen: Governe com uma agenda positiva

A herdeira do Trono de Ferro está reunindo forças armadas de diversas origens para conquistar o poder. Para isso, tem abolido a escravatura, lançado políticas de inclusão de gênero, testado novos modelos de administração e punido as elites de povos primitivos. Para seduzir as multidões, ela ainda conta com três dragões invencíveis.

Daenerys: liderar para dialogar

6. Arya Stark: Tenha visão de longo prazo

Paciência é a maior virtude da filha caçula de Ned Stark. Ela também é um modelo de superação, pois espera para executar o projeto de vingar da morte dos pais, capacitando-se em artes marciais e técnicas de ocultismo e magia.

Arya: investimento na carreira

7. Lorde Baelish: Faça parcerias para progredir

De origem humilde, o Mindinho subiu na vida fazendo inimizades e destruindo pessoas, ao mesmo tempo que se uniu a protagonistas dos novos cenários de poder. Seu objetivo é se tornar Rei do Norte. Mas os sete deuses parecem que não vão dar asas à cobra.

Baelish: flexibilidade e ambição

8. Cersei Lannister: Saiba usar suas ferramentas na hora certa

Como ter uma imagem tão negativa e arrebatar tantos fãs? Para reconquistar o trono, a rainha Cersei se vale de todo seu repertório de crueldades, falta de ética e péssimas práticas. Espera o momento exato para se vingar e demonstra que a boa gestão pede medidas drásticas. Sua gestão rigorosa arrasta os fãs ao trono.

Cersei: gestão rigorosa

9. Sansa Stark: Utilize sua reputação com sabedoria

A filha mais velha de Ned Stark explora como ninguém a beleza e o decoro para disseminar uma imagem positiva entre seus seguidores. Até na vingança ela sabe manter a reputação e crescer na hierarquia real do Norte.

Sansa: o poder da imagem

10. Jorah Mormont: Não se apaixone pelo chefe

O guerreiro ândalo serviu sua chefe – a rainha Daenarys – com tanta dedicação e fidelidade que acabou se dando mal. Declarou-se a ela e teve que renunciar a seu posto, comprometendo seus projetos.

Jorah: sensibilidade além da razão
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luís Antônio Giron

Jornalista e escritor, Doutor em Comunicações e Artes e Mestre em Musicologia pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Trabalhou como editor e repórter especial nas seguintes publicações: Folha de S. Paulo, Veja, O Estado de S. Paulo, Gazeta Mercantil e Época. Como gerente de Multimídia da Fundação Padre Anchieta, reorganizou o portal cmais. Produziu e redigiu documentários e programas na TV Cultura. Livros publicados: Ensaio de Ponto (romance, Editora 34, 1998), Mário Reis, o fino do samba (biografia, 2001), Até nunca mais por enquanto (contos, Record, 2004), Minoridade crítica: folhetinistas diletantes nos jornais da corte (Edusp/Ediouro, 2004), Teatro de Gonçalves Dias (Martins Fontes, 2005) e Crônicas Reunidas de Gonçalves Dias (Academia Brasileira de Letras, 2013).

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