Paulo Nassar fala a alunos de mestrado no Mackenzie sobre a Cultura além da função

Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, ministrou a palestra pro bono “A Cultura além da função” para os alunos do professor Carlos Netto no programa de Mestrado em Empreendedorismo e Comunicação Intercultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O encontro propôs uma reflexão sobre o papel da cultura nas organizações, destacando seus aspectos narrativos, simbólicos e vivenciais.
Ao abordar o tema, Nassar ressaltou que, muitas vezes, empresas e instituições reduzem a cultura a instrumentos funcionais, como manuais, indicadores ou códigos de conduta. Para ele, essa visão ignora que a cultura é um processo vivo, composto por memórias, encontros e experiências sensoriais que estruturam identidades e pertencimentos. “Cultura é mais do que função: é memória, é sensorialidade, é encontro”, afirmou.
Ele utilizou a metáfora do palimpsesto para explicar a complexidade da cultura, marcada por camadas históricas e significados sobrepostos. Ressaltou que a noção de cultura sempre esteve ligada a diferentes contextos, desde o cultivo da terra e a formação integral do ser humano na Antiguidade até as formulações modernas da antropologia. Destacou, ainda, que cada concepção carrega tensões: pode servir à emancipação ou à opressão, à diversidade ou ao fechamento.
Ao longo da aula, Nassar relembrou contribuições de pensadores como Johann Gottfried Herder, Franz Boas, Bronislaw Malinowski, Benedict Anderson, Marshall McLuhan, Homi Bhabha e Néstor García Canclini, mostrando como as ideias sobre cultura evoluíram e continuam a influenciar as práticas organizacionais contemporâneas. Também alertou para o risco de as empresas transformarem cultura em mero discurso de marketing ou em algoritmos e métricas, esvaziando sua potência simbólica.
Segundo ele, compreender cultura e interculturalidade nas organizações exige reconhecer que se trata de um campo em disputa, permeado por memórias e relações de poder. Ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de abrir caminhos para maior diálogo, pertencimento e sentido. “A crítica que se impõe é: se cultura for reduzida a algoritmo, KPI ou narrativa publicitária, ela se torna justamente o que pretendia negar – caos, entropia, barbárie simbólica”, disse.
“A Aberje é uma referência para quem pesquisa a comunicação organizacional. Temos uma mestranda pesquisando os projetos reconhecidos no Prêmio Aberje. O professor Paulo Nassar eleva o nível de reflexão necessária para a pesquisa acadêmica de excelência. Além disso, possui vasto conhecimento sobre a prática da gestão e comunicação organizacional”, afirmou o professor Carlos Netto.
“Ouvir o professor Nassar nos inspira e reforça a certeza de que ser pesquisador é um caminho relevante a ser trilhado como suporte em nossas práticas profissionais. Foi um momento de aprendizado, troca e diálogo”, afirmou a mestranda Malu Devesa é aluna da disciplina “Práticas Comunicacionais no Contexto do Empreendedorismo”.
“A generosidade do professor Paulo Nassar é motivo de gratidão para nós do Mestrado Profissional em Comunicação Intercultural nas Organizações, oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie”, concluiu Netto.
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