“Encontros COP30: Clima, Impacto e Mercado” reúne lideranças em Belém para discutir sustentabilidade e reputação corporativa

A Casa Balaio, em Belém, recebeu na última terça-feira, 1º de outubro, o evento “Encontros COP30: Clima, Impacto e Mercado”, promovido pela Revista Problemas Brasileiros, publicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em parceria com a Casa e com apoio da Aberje. O encontro reuniu representantes de empresas, organizações da sociedade civil e especialistas para discutir os desafios da conferência climática que será realizada em 2025, em Belém, e refletir sobre os papéis do setor privado, das comunidades amazônicas e do poder público no enfrentamento da crise climática. O Capítulo Amazônia da Aberje é parceiro institucional da Casa Balaio, idealizada pelas agências Alter Conteúdo e Jambo Soluções em Comunicação, associadas à Aberje, como um hub multifuncional para dialogar, inspirar, impactar e promover soluções concretas rumo a um futuro possível e mais sustentável.

A programação incluiu dois debates. O primeiro, “Estratégias Empresariais para um Futuro Sustentável”, mediado por Ivana Oliveira, diretora da Jambo Estratégias em Comunicação e idealizadora da Casa Balaio, abordou como articular metas ESG com realidades amazônicas, bioeconomia e cadeias produtivas regenerativas, desafios logísticos, casos de sucesso locais e expectativas para a COP30. Participaram Cristiane Lima Cortez, assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Joanna Martins, sócia-fundadora da Manioca e pesquisadora em cultura alimentar amazônica; e Edivan Carvalho, coordenador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e enviado especial da sociedade civil para a COP30.

O segundo debate, “Sociedade e Diálogo Climático”, mediado por Lucas Mota, editor da Revista Problemas Brasileiros, discutiu a comunicação climática voltada à população, a tradução dos efeitos climáticos para o cotidiano, a associação de eventos extremos às mudanças climáticas, percepção pública e polarização, além da conexão do clima com saúde, economia e qualidade de vida. Participaram Mônica Sodré, cientista política e diretora-executiva da Meridiana; Victor Pereira, gerente de Relações Institucionais e Internacionais da Aberje; e Kelly Lima, sócia-fundadora da Alter Conteúdo e idealizadora da Casa Balaio.

Na abertura, Victor Pereira destacou a importância da reputação para a transição climática. Segundo ele, a COP se consolidou como espaço de disputa de narrativas e influência, em que a confiança coletiva se torna um ativo essencial. “O risco reputacional não está apenas nas ações, mas na circulação simbólica delas em um ambiente marcado por desinformação e polarização”, apontou. Ao abordar a questão, Victor comentou o artigo assinado por Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP; e Hamilton dos Santos, diretor executivo da Aberje, publicado na edição especial da revista, dedicada à COP30. “A reputação passa a funcionar como um índice de confiança coletiva”, explicou, citando a publicação. Ele também apresentou dados de pesquisa recente da Aberje, segundo a qual mais de 90% das empresas brasileiras já possuem estruturas formais para tratar de sustentabilidade, e 70% pretendem se envolver mais diretamente com a pauta climática nos próximos anos. “A comunicação, nesse cenário, é o principal vetor de inteligência reputacional”, concluiu Victor.

Outros debates trouxeram a perspectiva de como a linguagem molda a política climática. Termos frequentemente utilizados em narrativas sobre a crise do clima podem reforçar o status quo e retardar transformações necessárias. A comunicação corporativa foi apresentada como ferramenta estratégica para recriar vocabulários, reforçar a responsabilidade e dar visibilidade a agentes de mudança, especialmente os amazônidas e povos originários.