Mais que IA: a força da cocriação com colaboradores

Em tempos de mensagens automatizadas e conteúdos gerados por inteligência artificial, cocriar com colaboradores é um ato estratégico. Empresas que envolvem seus times na construção das mensagens fortalecem vínculos, inovam com autenticidade e constroem culturas mais vivas.

Com um cenário corporativo cada vez mais impactado pela IA, é urgente resgatar a dimensão humana da Comunicação Interna.

Se por um lado a IA acelera processos e amplia a personalização, por outro ela não substitui o essencial: a construção conjunta de significados e vínculos genuínos, capazes de gerar pertencimento, confiança e engajamento real.

O que é cocriação na Comunicação Interna?

É o envolvimento dos colaboradores na construção de mensagens, campanhas e ações. Vai além de coletar opiniões: transforma os profissionais em agentes ativos da comunicação da empresa.

Como exemplo, é preferível desenvolver campanhas de Segurança do Trabalho que incluam convidar as equipes que atuam no campo ou em fábricas para ajudar a desenvolver mensagens chave e até aparecer nas peças do que apenas enviar peças prontas e sem o envolvimento do público alvo . Isso aumenta a identificação e a eficácia da mensagem e pode gerar conteúdos orgânicos, desenvolvidos pelos próprios profissionais.

Por que a cocriação fortalece a cultura e o engajamento?

Ao cocriar, os colaboradores se sentem vistos e valorizados. Isso gera um ciclo virtuoso: quanto mais participação, maior o alinhamento com os objetivos da empresa.

Outro exemplo: em processos de rebranding, algumas organizações criam grupos de embaixadores para testar o novo tom de voz e sugerir ajustes antes do lançamento oficial. Isso dá autenticidade e reduz ruídos, além de contar com pessoas dispostas a fazer com que o rebranding atinja seus objetivos, tanto dentro como fora da empresa.

“Em um momento em que a Inteligência Artificial avança rapidamente, é fundamental lembrar que ferramentas automatizadas não substituem a sensibilidade humana. Mensagens tecnicamente bem construídas podem soar vazias se não forem enraizadas na realidade dos colaboradores”, comenta Kalil Blanco, diretor de Transformação Digital do Grupo Trama Reputale.

A cocriação é o que dá alma à Comunicação Interna – algo que nenhum algoritmo consegue replicar.

Benefícios diretos da cocriação

• Fortalecimento da cultura organizacional de forma prática e vivencial
• Aumento do engajamento e da motivação dos colaboradores
• Redução de ruídos e maior clareza das mensagens
• Estímulo à inovação e à confiança entre áreas
• Construção de uma marca empregadora mais forte e verdadeira

Como cocriar na prática: ferramentas e boas práticas

1. Identifique colaboradores-chave
   Pessoas que já demonstram engajamento ou liderança informal.
2. Crie núcleos de cocriação
   Grupos multidisciplinares com diversidade de áreas, gêneros e gerações.
3. Use plataformas colaborativas
   Teams, Miro ou Google Docs ajudam a reunir ideias em ambientes híbridos.
4. Comunique com transparência
   Explique o papel do grupo, como as ideias serão aproveitadas e próximos passos.
5. Valorize publicamente as contribuições
   Mostre resultados e reconheça quem participou. Isso inspira novos engajamentos.

Exemplo: em algumas empresas, newsletters internas incluem uma seção fixa de “ideias dos colaboradores”, mostrando quais sugestões foram implementadas.

“O futuro da Comunicação Interna está na combinação entre tecnologia e empatia. A IA pode apoiar com dados e agilidade, mas é da interação humana que nasce o senso de pertencimento. Em um cenário onde tudo pode ser automatizado, cocriar com pessoas é um diferencial competitivo e profundamente estratégico”, completa Kalil.

* Colaborou neste artigo, Kalil Blanco, diretor de Transformação Digital do Grupo Trama Reputale.

Leila Gasparindo

Pesquisadora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e Mestre em Ciências da Comunicação pela mesma instituição. Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atuou em diversos veículos de imprensa no Brasil até 1996 quando direcionou sua carreira para fundar a Trama. Possui pós-graduação em Gestão da Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), certificação em GRI e diversos cursos de aperfeiçoamento em Comunicação Organizacional e Branding. Acumula mais de 25 anos de experiência em Consultoria de Comunicação e Relações Públicas realizando o atendimento de empresas de diversos portes e segmentos nacionais e internacionais. Em 2023, liderou o desenvolvimento da Radar Employer Branding, metodologia exclusiva do Grupo Trama Reputale para avaliar a maturidade da Proposta de Valor para o Empregado (EVP) das empresas que desejam ter uma Marca Empregadora competitiva, tanto para atuais quanto para futuros colaboradores. O diagnóstico gerado pela Radar Employer Branding permite às empresas revisarem seus processos internos de RH, em conjunto com ações de Comunicação, de forma a trabalhar a percepção positiva do público alvo a respeito dos benefícios psicológicos, funcionais e econômicos das marcas como boas empresas para se trabalhar. Autora de artigos e livros publicados na área de comunicação, marketing e inovação. É palestrante e aconselha diretamente presidentes de empresas. Ministrou mais de 450 Media Training para empresários no país. Foi uma das fundadoras da Abracom Associação Brasileira das Agências de Comunicação. É Practitioner em PNL.