De 2006 à carta aos CEOs: a trajetória do termo que veio para ficar
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Com o enorme, e crescente, protagonismo do ESG na esferas privada, pública e política, parece inusitado, ou no mínimo curioso, que o termo, tão em voga hoje no nosso dia a dia, tenha surgido em uma conferência direcionada aos investidores. O E (Enviromental), que antes parecia caminhar sozinho sendo a única “letrinha” que parecia preocupar o planeta até então, encontra mais dois aliados, o S (Social) e G (Governance) e, desde 2006, quando o termo apareceu em documento da ONU intitulado “Princípios para o Investimento Responsável”, chamando a atenção de uma plateia composta por um nicho improvável, o ESG virou a nova ordem mundial.
A questão ambiental já era pauta de grandes fóruns a partir do momento em que se tomou consciência de que as mudanças climáticas podem sim afetar o desempenho econômico de grandes (e pequenas) corporações. Mas não só as preocupações ambientais seriam motivo para uma mudança de postura. As questões sociais, tão amplamente divulgadas na imprensa, e já fazendo parte de discussões acaloradas na opinião pública, também se tornam parte do debate na medida em que a fome alcança estatísticas preocupantes, o desemprego aumenta e as desigualdades se tornam evidentes.
Não mais as empresas poderiam apenas captar recursos e gerar lucros, era preciso mais, era preciso devolver de alguma forma para a sociedade e, até mesmo, se tornarem agentes de transformação social no seu entorno e nas comunidades em que geram maior impacto. Posto essa pauta, a governança se faz necessária a fim de equilibrar questões mais urgentes como combate à corrupção e ética no ambiente de negócio. Algumas empresas priorizam um pilar do ESG mais do que os outros. Isso decorre de inúmeros fatores dentre eles a identificação, o impacto e os riscos associados. O Boticário, por exemplo, prioriza mais as questões sociais do que as ambientais. Não há regra, porém importante que todos os pilares estejam contemplados de alguma forma, independentemente do segmento.
Parece inviável pensar em sustentabilidade sem o fomento das ações em ESG. Além das ações a fim de mitigar possíveis impactos negativos, a estratégia em ESG consiste também na gestão de riscos e oportunidades. Riscos esses que podem ser econômicos, operacionais, reputacionais, financeiros, dentre outros. Uma boa estratégia em ESG leva em conta os potenciais riscos da organização, seja para ela mesma seja para o seu entorno, para os seus stakeholders.
Os investimentos em ESG há muito já não são mais vistos como custos apenas, mas também como forma de potencializar a atuação organizacional, gerar retorno de imagem e reputação, contribuir para o meio ambiente e gerar ações sociais que reverberem em seus stakeholders. Empresas que adotam políticas robustas de ESG, bem reportadas e fundamentadas com métricas de acompanhamento e retorno real para a sociedade, são as com mais potencial de investimento. Os bancos, por exemplo, mudaram sua política de empréstimos e financiamentos baseados em critérios rígidos de ESG. As empresas que pleiteiam financiamento para algumas dessas frentes precisam comprovar suas ações nesses sentido.
Larry Fink, CEO da Blackrock, em carta endereçadas aos CEOs, em 2022, intitulada “O Poder do Capitalismo”, reafirma a importância de postura para os negócios: “A maioria dos stakeholders – desde acionistas a funcionários, clientes, comunidades e reguladores – agora espera que as empresas desempenhem um papel na descarbonização da economia global. Poucas coisas afetarão as decisões de alocação de capital – e, portanto, o valor de longo prazo de sua empresa – mais do que a eficiência com que você navegará na transição energética global nos próximos anos.“
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