15 de maio de 2023

Chefe inseguro é um convite ao fracasso

Publicado originalmente no LinkedIn, em 15 de maio de 2023

Líderes em uma empresa enfrentam diariamente um sem-número de inimigos ocultos. Antes que olhemos para os lados com desconfiança, é preciso dizer que todos esses inimigos vivem dentro de cada um deles: falta de comunicação, empatia, visão, de direção, omissão na construção de laços de confiança, resistência a mudanças e aquele considerado um clássico: a insegurança. É nesse contexto que reside mais uma das fronteiras que diferenciam chefes e líderes. Quando um chefe é inseguro, a dinâmica da equipe é prejudicada e o desempenho geral de uma área ou mesmo de uma empresa se vê aos poucos afetado. O resultado é o mesmo do sapo na panela depois da fervura.

Provavelmente já encontramos pessoas com uma ou mais dessas características, embora seja importante pontuar que não existe um inimigo pior ou menos ruim. O que existe quando detectamos algum desses inimigos ocultos em nós é a necessidade de trabalhar a situação para que ela não prejudique aqueles que lideramos, a empresa para a qual trabalhamos e a nós mesmos como profissionais.

Para colocar ainda mais tempero nesse prato, dentro de cada inimigo há perfis distintos e graus de complexidade. No caso da insegurança, ela pode estar ligada à incapacidade de tomar uma decisão importante, de delegar tarefas, dar um feedback, de reconhecer membros da equipe, de dar notícias impopulares e de enfrentar uma situação ou desafio jamais provado. Em qualquer desses casos, a produtividade e o clima organizacional se verão prejudicados.

Os chefes inseguros também podem ter dificuldades em lidar com críticas e sugestões de melhoria, o que pode afetar negativamente a inovação e a capacidade da empresa de se adaptar às mudanças do mercado. Entretanto, o maior problema em minha opinião reside nos chefes incapazes de admitir sua insegurança pessoal e como ela afeta o restante de suas vidas. As fontes para essa insegurança podem ser inúmeras: traumas de experiências passadas que podem ter deixado marcas emocionais na formação do indivíduo, baixa autoestima, exagerada autocrítica, a mania de ficar se comparando, medo de errar, pressões de todos os tipos, a necessidade de o tempo inteiro ser aprovado pelos demais, entre outras.

Para evitar esse tipo de situação, é importante que os líderes trabalhem sua autoconfiança e segurança emocional (há vários caminhos para isso), busquem feedback e desenvolvam habilidades de comunicação e de liderança que sejam eficazes. Do lado da empresa, é fundamental que elas criem uma cultura organizacional que incentive a confiança, a transparência e o diálogo aberto entre líderes e colaboradores.

Chefes inseguros são um convite ao fracasso porque não há ambiente que aguente sua toxicidade. Investir no autoconhecimento e na segurança emocional são passos iniciais importantes para quem de fato queira se transformar e assumir o real significado de liderança.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luis Alcubierre

Luis Alcubierre é executivo de Comunicação Corporativa, Relações Institucionais e Governamentais há mais de 25 anos e hoje atua como conselheiro para a América Latina da Atrevia, agência espanhola de PR e Corporate Affairs, além de liderar o escritório Advisor Comm. É também palestrante, mediador e mentor. Formado em Comunicação Social pela FIAM, possui pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela FIA-USP, com diversos cursos de gestão de liderança e negociação realizados em instituições como IESE, Berlin School of Creative Leadership, Columbia Business School, Universidad Adolfo Ibañez, Escuela Europea de Coaching, Fundação Dom Cabral, IBMEC e FGV. Foi diretor de Comunicação e Assuntos Corporativos de empresas como Kellogg, Pernambucanas e Samsung, onde teve responsabilidades adicionais pela Comunicação na América Latina. No Grupo Telefônica, assumiu a Direção Global de Marca e Comunicação da Atento em Madrid, na Espanha, sendo responsável pela gestão da área em 17 países. Passou ainda por Dow Química, TNT (adquirida posteriormente pela Fedex) e Rede (antiga Redecard), tendo iniciado sua carreira no rádio, nos sistemas Jornal do Brasil e Grupo Estado. Também foi membro do Conselho de associações ligadas às indústrias de alimentos, varejo, vestuário e mercado financeiro, onde teve importante papel negociador em distintas esferas de governo.

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