Às vésperas da COP 30: Cultura e Amazônia como Futuro

A Cultura como Força Climática
Às vésperas da COP 30, que será realizada em Belém, dois documentos estratégicos mudam silenciosamente o eixo da conversa sobre o futuro da Amazônia e, talvez, do próprio planeta: o Guia “Cultura, Sustentabilidade e Mudanças Climáticas: das Ideias à Ação” e o Caderno Orientador de Mensuração de Impacto de Projetos Culturais, ambos elaborados sob a liderança de Ursula Vidal e da Secretaria de Cultura do Pará, em parceria com o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e a Fundação Itaú.
Mais que publicações técnicas, são manifestos políticos e poéticos sobre o papel da cultura como energia simbólica da sustentabilidade. O Guia propõe que a cultura é um recurso vital para enfrentar a crise climática, reunindo artes, saberes tradicionais, patrimônio e economia criativa em torno da regeneração da vida amazônica. Já o Caderno ensina como medir, narrar e comunicar os impactos culturais e ambientais dos projetos locais, criando um novo alfabeto de legitimidade e evidência para produtores culturais e gestores públicos.
A Virada Amazônica: Cultura, Território e Futuro
Esses documentos surgem num momento histórico. A Amazônia não é mais vista apenas como floresta, mas como sistema vivo de cidades, rios, pessoas e linguagens. Segundo o Guia, cerca de 70% da população amazônica vive em áreas urbanas — e nelas a cultura pulsa como ponte entre ancestralidade e inovação, tradição e tecnologia, espiritualidade e política.
O que está em jogo não é apenas proteger árvores, mas salvar formas de viver, imaginar e sentir o mundo. Nesse sentido, o Guia e o Caderno devolvem aos produtores culturais da Amazônia algo que lhes foi negado por séculos: o direito de narrar a si mesmos como protagonistas do desenvolvimento sustentável, e não como figurantes da floresta exótica descrita por olhares de fora.
Eles afirmam que a cultura amazônica não é ornamento do desenvolvimento — é sua espinha dorsal simbólica e ética.
Os Produtores Culturais como Agentes Climáticos
A maior contribuição dos dois documentos talvez seja a reconfiguração do papel dos produtores culturais. Eles deixam de ser apenas beneficiários de editais e passam a ser agentes de transformação climática e social, com capacidade de medir, planejar e demonstrar o impacto de suas ações nos territórios, nas comunidades e no meio ambiente.
O Caderno Orientador propõe que cada projeto cultural seja também uma ação climática mensurável, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso inaugura uma pedagogia inédita: o produtor cultural amazônico torna-se mediador entre o conhecimento local e as políticas globais, articulando práticas comunitárias, inovação e sustentabilidade.
Uma Diplomacia Cultural para o Clima
Essas iniciativas antecipam uma nova forma de diplomacia para a Amazônia: a diplomacia cultural. Enquanto a geopolítica ainda negocia em megawatts e hectares, a cultura amazônica oferece outra medida de valor, o pertencimento. O Guia mostra que é possível enfrentar a emergência climática não apenas com ciência e tecnologia, mas também com arte, narrativa e imaginação social.
Ao incorporar a linguagem da cultura nas políticas climáticas, Ursula Vidal e sua equipe estão construindo algo inédito: um protocolo amazônico de sensibilidade e regeneração, onde o gesto artístico é também gesto político e ecológico.
Às Vésperas da COP 30
Quando as delegações internacionais desembarcarem em Belém, em 2025, verão uma Amazônia que fala outra língua — a da cultura como política climática. Esses dois documentos serão o pano de fundo invisível de muitas conversas e negociações. Eles mostram que o combate à crise ambiental começa na imaginação coletiva, e que a Amazônia, longe de ser um problema a resolver, é uma escola de convivência planetária.
Mais do que técnicas, o Guia e o Caderno são convites: a repensar o que chamamos de desenvolvimento; a reencantar a política pública; a recolocar o humano — diverso, poético, comunitário — no centro da ação climática.
Se a COP 30 promete um novo pacto para o planeta, o Pará já entregou seu ensaio: uma Amazônia que ensina o mundo a viver com o planeta, e não apenas sobre ele.
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