Mentiras tecnológicas e verdades fabricadas: o papel da sustentabilidade no caos digital

A inteligência artificial está ficando boa demais, tão boa que às vezes é difícil identificar vídeos falsos, vozes clonadas com perfeição, imagens que jamais existiram, mas que viralizam. Tudo validado com likes, muitos likes.
Se antes a gente precisava de tempo para desconfiar, agora a mentira chega antes da dúvida. A nova fake news não é mais um textão mal escrito, é uma imagem em 4K com trilha sonora, contexto, legenda e emoção.
Estamos na era da mentira bem contada. E o que isso tem a ver com sustentabilidade? Tudo.
Porque sustentabilidade não é só sobre carbono, energia limpa ou reciclagem, é sobre garantir que sistemas, inclusive os de informação, continuem funcionando. É sobre preservar o que é essencial para o futuro, a verdade, o senso crítico, a confiança.
Uma sociedade que não sabe mais o que é real não tem como sustentar nenhum pacto coletivo, nem ambiental, nem social, nem político.
A mentira agora tem trilha sonora e legenda
O Brasil registrou mais de 2,1 milhões de casos de estelionato no último ano, o que equivale a quatro golpes por minuto, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Esse número representa um aumento de mais de 400% desde 2018. A maior parte desses crimes acontece no ambiente digital, com golpes que vão desde engenharia social até fraudes com inteligência artificial, como deepfakes (vídeos falsos criados com inteligência artificial que imitam rostos e vozes reais).
Mas o problema vai além dos números: de acordo com a SaferNet, o uso indevido de IA generativa para criar conteúdos falsos, inclusive com fins de assédio, ciberbullying e extorsão, já é uma realidade em escolas brasileiras e foi tema de alerta no Fórum de Governança da Internet da ONU em 2025.
Governança digital aliada a compliance: proteger dados é proteger reputações
A falta de regras claras para o uso da inteligência artificial está abrindo espaço para golpes cada vez mais sofisticados. Não é exagero: sem governança, a IA pode virar uma ferramenta de manipulação em larga escala. Um relatório da UNESCO alerta que, sem diretrizes éticas e inclusivas, a tecnologia tende a reforçar desigualdades e colocar direitos fundamentais em risco, especialmente nos países onde a regulação costuma chegar depois do problema.
No Brasil, especialistas já apontam que a combinação de dados pessoais com imagens públicas, como selfies nas redes sociais, está sendo usada para burlar sistemas de reconhecimento facial, inclusive em serviços como o gov.br, como mostrou o G1.
Para as empresas, isso não é apenas uma questão técnica , é uma questão de reputação, confiança e sustentabilidade. Governança digital eficaz é hoje um diferencial competitivo e um escudo contra riscos reputacionais e jurídicos.
Redes sociais: onde o algoritmo decide por você
Hoje, muita gente se informa (e se confunde) pelas redes sociais. E isso tem peso real nas eleições. Um estudo da USP mostrou que plataformas de vídeos curtos como Instagram e TikTok têm muito mais poder de engajamento do que redes mais tradicionais. O problema? Nem sempre o que aparece no seu feed vem direto dos candidatos, muitas vezes são cortes, memes ou até conteúdos manipulados com deepfake.
Segundo os pesquisadores, alguns perfis crescem muito rápido, impulsionados pelo algoritmo. E isso bagunça tudo: o que viraliza nem sempre é o mais importante, e o que é importante nem sempre aparece. O resultado é um cenário onde o eleitor vê muito, mas entende pouco, e acaba tomando decisões com base em emoção, não em informação.
Educar para libertar: tecnologia como ponte para escolhas conscientes
Acreditar no futuro exige mais do que esperança, exige ação. E, no meu dia a dia, é exatamente isso que me move: trabalhar promovendo educação, especialmente tecnológica, para que mais pessoas entendam o mundo que estão vivendo e tenham senso crítico para saber o que é verdade.
Uma das iniciativas que eu recomendo é a Núclea Academy, uma plataforma de cursos sem custo, feita pra quem quer entender tecnologia de verdade. Lá tem conteúdo sobre dados, inteligência artificial, competências comportamentais e outras habilidades que estão fazendo falta no mercado.
Iniciativas como essa não apenas ampliam o acesso ao ensino em áreas que mais sofrem com a falta de profissionais qualificados, mas também cumprem um papel essencial de conscientização. Ao entenderem melhor o mundo em que estão inseridas, as pessoas passam a tomar decisões mais assertivas, reconhecendo riscos e evitando golpes, tanto na vida pessoal quanto no ambiente profissional.
Essa atuação está diretamente alinhada ao ODS 4: Educação de Qualidade, que propõe garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Só a educação liberta.
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