Entre o Discurso e a Ação: ODS, ESG e os Caminhos até 2030

Em 2015, a Organização das Nações Unidas lançou a Agenda 2030, um ambicioso plano de ação global estruturado em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esses objetivos funcionam como um guia coletivo para enfrentar os grandes desafios do nosso tempo — da erradicação da pobreza à ação climática, da igualdade de gênero à inovação responsável.
Com a meta final marcada para 2030, estamos agora diante de um ponto de inflexão: os próximos cinco anos serão decisivos. O progresso em muitas metas tem sido desigual, e fatores como crises econômicas, conflitos geopolíticos e os impactos crescentes das mudanças climáticas impõem obstáculos concretos à sua realização. Ao mesmo tempo, surgem oportunidades inéditas de inovação, colaboração e engajamento — A contribuição intersetorial, avanço tecnológico, e a comunicação transparente como motores para induzir práticas efetivas.
Neste contexto, mais do que nunca, é essencial refletir: quais são os desafios e oportunidades reais para alcançar os ODS nos próximos cinco anos? E qual o papel das organizações e das estratégias ESG nesse processo?
Frente aos complexos desafios que se apresentam para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos próximos cinco anos, é fundamental explorar alternativas que possam transformar obstáculos em oportunidades reais. Entre os diferentes atores estão as organizações, que possuem um papel importante ao incorporarem estratégias ESG que alinhem práticas ambientais, sociais e de governança com os objetivos globais, potencializando impacto positivo e sustentabilidade de longo prazo.
Independentemente do tamanho da organização, seu histórico de atuação e seu tempo de mercado, para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável deixem de ser apenas metas globais e se tornem realidade prática, é essencial que as organizações integrem esses objetivos em suas estratégias de negócio.
E por onde começar?
Definindo os Temas Materiais para Incorporar a Sustentabilidade na Estratégia de Negócio
Um passo essencial para que a sustentabilidade seja efetivamente incorporada à estratégia de negócio é a definição dos temas materiais — ou seja, os assuntos mais relevantes que impactam e são impactados pela organização. Esse processo estruturado envolve algumas etapas principais.
A primeira delas é o estudo de contexto, que contempla o levantamento secundário de tendências em sustentabilidade, benchmarking com empresas do setor de atuação da organização, análise de critérios de padrões internacionais — como SASB Standards, S&P Global, índices ESG e ratings —, além da identificação de requisitos regulatórios aplicáveis ao setor. O resultado dessa etapa é uma lista preliminar de temas materiais prováveis.
Na sequência, são realizadas consultas aos stakeholders, essa fase tem como objetivo captar diferentes percepções sobre a relevância dos temas levantados. O processo ocorre por meio da interação com os stakeholders priorizados pela organização e pode se estabelecer pelo estabelecimento de grupos focais, entrevistas com a alta liderança, membros dos órgãos de governança — especialmente o Comitê de Sustentabilidade, quando houver —, investidores e especialistas na área, órgãos reguladores e entre outros. Além disso, é recomendável uma consulta online ampla, que garanta uma amostra significativa de respostas.
A terceira etapa é a priorização e análise dos temas, conduzida por especialistas internos. Nela, são avaliados os impactos socioambientais com base em critérios como significância, probabilidade e direitos humanos, além dos impactos financeiros. Com isso, consolida-se uma lista final de temas materiais, respaldada por análises técnicas e estratégicas.
Por fim, ocorre a validação, com a aprovação formal dos temas pela alta liderança e pelo Comitê de Sustentabilidade da organização. Essa etapa garante o alinhamento estratégico e o compromisso institucional necessário para que esses temas orientem, de forma concreta, as ações e decisões da companhia.
Estrutura de governança como indutor de resultados que transformam
Uma vez definidos os temas prioritários da organização — com base na escuta qualificada dos stakeholders e na análise de riscos e oportunidades —, é chegada a hora de transformar esse diagnóstico em ação. Para promover impactos positivos e duradouros, é essencial que a sustentabilidade seja integrada ao planejamento estratégico da companhia.
Nesse processo, a estrutura de governança desempenha um papel central como indutora de resultados concretos. Órgãos como Comissões e Comitês de Sustentabilidade devem ser compostos por membros diversos, que representam diferentes áreas da organização — tanto corporativas quanto de negócio. A diversificação favorece uma visão sistêmica dos desafios e fortalece a tomada de decisão alinhada aos compromissos ESG.
Ao apresentar os temas prioritários da companhia a esses fóruns de governança, cria-se um ambiente mais propício para o engajamento genuíno, a responsabilização coletiva e a construção de estratégias integradas. É aqui que entra o princípio do accountability: os responsáveis pelas decisões estratégicas devem não apenas acompanhar e avaliar o desempenho socioambiental, mas também prestar contas de forma transparente sobre os avanços, limitações e aprendizados ao longo do caminho.
Incorporar a sustentabilidade à governança, portanto, vai além de criar estruturas formais — trata-se de cultivar uma cultura organizacional em que compromisso, coerência e responsabilidade são valores praticados diariamente, da liderança à operação.
Um case – Regenera: Cuidar do presente para Regenerar o Futuro
A Porto atua com sustentabilidade há mais de 20 anos, e recentemente trilhou uma jornada intensa, colaborativa e estruturada para revisar sua estratégia e reafirmar seus compromissos públicos. Essa caminhada envolveu muitas pessoas, áreas e perspectivas, em um processo que buscou alinhar propósito, planejamento e impacto.
O Regenera é a expressão concreta desse compromisso. Mais do que um programa, ele é um instrumento para transformar o cuidado — com as pessoas, o meio ambiente e a sociedade — em ações tangíveis. A iniciativa consolida a sustentabilidade como uma responsabilidade compartilhada por toda a organização, com metas claras e visão de longo prazo.
Esse compromisso está materializado no alinhamento das metas de sustentabilidade às diretrizes estratégicas da Porto para os próximos cinco anos (2025–2030), garantindo integração e foco em resultados reais. A jornada se estrutura em quatro pilares fundamentais: valorização do capital humano e impacto social, estratégia climática e circularidade, produtos e soluções sustentáveis e engajamento da cadeia de valor.
Totalmente conectado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o programa conta com ações concretas e caminhos possíveis para contribuir de forma efetiva com as metas globais — mesmo diante dos desafios que ainda persistem.
Sabemos que a jornada é longa e desafiadora, mas ao olharmos para o presente com intenção, responsabilidade e colaboração, estamos, de fato, construindo o amanhã.
Espero que este texto possa te inspirar. Porque, independentemente do tamanho do desafio, o único caminho possível é aquele construído coletivamente — com cuidado, compromisso e coragem para transformar o futuro.
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