Como as mudanças climáticas impactam a nossa saúde e a rotina daqueles que cuidam dela

Os impactos das mudanças climáticas estão cada vez mais visíveis, e suas consequências para a saúde humana têm se tornado um tema de relevante discussão. Alterações no clima podem intensificar a disseminação de doenças transmitidas por vetores, como a dengue. Além disso, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e enchentes, têm efeitos diretos e indiretos sobre a saúde das populações vulneráveis.
Essa crise representa não apenas um desafio ambiental, mas também uma emergência sanitária. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as mudanças climáticas podem causar 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050.
Para melhor compreender como as mudanças climáticas afetam a nossa saúde, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), existem três vias básicas de exposição:
- Primárias ou diretas: relacionadas a eventos climáticos extremos, como calor, seca e chuva forte;
- Secundárias ou indiretas: por meio de mudanças nos sistemas naturais, que afetam os vetores e as vias de transmissão de doenças;
- Terciárias: com efeitos fortemente mediados por sistemas humanos, como é o caso de impactos ocupacionais, desnutrição e estresse mental.
Os impactos das mudanças climáticas não são uniformes
Importante destacar que os riscos à saúde, decorrentes (ou não) das mudanças climáticas, são distribuídos de forma desigual. Esses riscos surgem de uma combinação entre vulnerabilidade, exposição e perigos, sendo o clima um dos principais determinantes para os perigos, de forma que influencia a exposição e a vulnerabilidade e, consequentemente, o grau de risco.
Curioso que as pessoas mais atingidas pela crise ambiental são as que menos contribuem para o aquecimento do planeta e as que mais dependem de recursos naturais para sua subsistência. As transformações do clima têm incidido com maior força sobre populações e moradias vulneráveis, como indígenas, extrativistas, pescadores artesanais, pessoas em situação de rua e quilombolas. Esses grupos são especialmente afetados por viverem em locais de recursos escassos, infraestruturas frágeis, por enfrentarem serviços de saúde precários, ficando, portanto, mais expostos às situações de contágio e estresse, as quais, inevitavelmente, são agravadas pela crise climática.
A urgência da adaptação climática na Amazônia
A floresta amazônica é de grande importância para o equilíbrio climático global. As mudanças climáticas, impulsionadas principalmente pelo aumento da temperatura global, estão alterando os padrões de chuva, causando secas mais intensas e prolongadas, e afetando a biodiversidade e o ciclo hidrológico da região. Com isso, as populações que vivem nas áreas de risco alto e muito alto estão mais suscetíveis a eventos como as inundações, alagamentos, deslizamentos e erosões.
O especial “Vulneráveis do Clima”, produzido pela InfoAmazonia e veículos parceiros da Rede Cidadã InfoAmazonia, mapeou quem são os mais expostos a esses desastres na Amazônia brasileira. De acordo com o levantamento do veículo, 45% das áreas de risco estão concentradas em favelas e comunidades urbanas. Nas demais regiões do país, essa proporção é de apenas 22%.
A análise mostra que 61% das pessoas que vivem nessas áreas estão em terrenos com alto risco. Nestes lugares, as casas são majoritariamente chefiadas por mulheres. Elas compõem 55% desse cenário. Além disso, os jovens com menos de 30 anos representam 51%, e pessoas pardas ou pretas são 81% do total dos mais expostos aos eventos climáticos.
Ações individuais e coletivas podem fazer a diferença no enfrentamento às mudanças climáticas
De modo geral, os impactos ambientais nos determinantes sociais da saúde (alimentação, ar, água, habitação) resultam em falta de disponibilidade de água para consumo humano; inviabilização da produção de alimentos; mortalidade relacionada ao calor; doenças diarreicas; doenças transmitidas por vetores, como a dengue e a malária; conflitos relacionados com o esgotamento de recursos naturais e sobrecarga de serviços essenciais em contextos urbanos. Para se aprofundar nessa questão, recomendo a leitura da cartilha “Saúde e clima: nosso futuro depende deste equilíbrio!”, da iniciativa “Médicos pelo Ar Limpo”, formada por médicos e associações médicas no combate à crise climática e poluição do ar, em prol da saúde humana.
As mudanças climáticas também exigem de hospitais, clínicas e serviços de saúde como um todo, a adaptação de suas infraestruturas para lidar com esses desafios emergentes, e a implementação de protocolos que considerem os efeitos climáticos em seus planos de ação. As ondas de calor, por exemplo, podem sobrecarregar os sistemas de saúde, comprometendo a qualidade do atendimento. Portanto, a avaliação sistêmica dos riscos ambientais é essencial para assegurar a excelência no atendimento. Para os gestores de saúde, o Green Paper da ISQua (Associação Internacional para Qualidade em Saúde) é uma ótima ferramenta. O documento fornece uma análise detalhada sobre como a mudança climática afeta o setor de saúde, destacando estratégias eficazes para gestão e adaptação.
Por outro lado, é crucial educar e capacitar os profissionais da saúde sobre essas emergentes questões de saúde pública. Treinamentos específicos podem preparar equipes para enfrentar novas demandas e situações emergenciais. O Ministério da Saúde lançou um guia de bolso sobre mudanças climáticas voltado para profissionais do setor com protocolos de atuação e recomendações para lidar com as consequências do clima na saúde.
Projeto “Afya Amazônica” pela saúde das comunidades da região
Lideranças no setor de saúde têm a responsabilidade de integrar a agenda climática à sua estratégia de sustentabilidade e promover ações baseadas na ciência, visando o cuidado, proteção e adaptação de territórios e comunidades em maior grau de risco e exposição. A COP30 no Brasil passa, mas as consequências das alterações no clima na saúde humana permanecem.
A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica, tem trabalhado bastante para levar saúde e educação, não apenas para a população, mas também para aqueles que cuidam da saúde das pessoas, médicos, professores e estudantes de medicina. Para discutir a conexão entre clima e saúde na Amazônia, em junho deste ano, uma parceria da empresa com a revista Exame resultou na realização do Exame ESG Summit. Pela primeira vez o evento aconteceu em Belém, capital paraense, e contou com a presença de profissionais que atuam na região Norte. Os relatos abordados nos painéis mostraram o quanto saúde e clima são temas intrinsecamente relacionados e reforçaram a necessidade de a saúde ser analisada sob um olhar mais amplo, que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental.
Em Abaetetuba, nordeste do Pará, a Afya promoveu uma capacitação para mais de 400 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), com o objetivo de fortalecer o atendimento básico de saúde nas comunidades do município. O treinamento foi ministrado por profissionais do Instituto Evandro Chagas, órgão de quase 90 anos e que é vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Durante a capacitação, os participantes aprenderam a identificar sinais e sintomas de doenças ligadas diretamente às mudanças climáticas, divididas em quatro eixos fundamentais: arboviroses, doenças respiratórias e alérgicas, doenças transmitidas por água contaminada, e ainda, doenças dermatológicas e micóticas, que afetam as comunidades mais vulneráveis da Amazônia.
Abaetetuba também foi palco de outra ação que visa preencher vazios na saúde de comunidades vulneráveis da Amazônia. Nos dias 30 de junho e 01 de julho, médicos e estudantes de medicina do Pará e de outras regiões do país foram voluntários da 3ª edição da Expedição Rios de Saúde. Juntos eles realizaram mais atendimentos gratuitos, exames e testes rápidos, além da entrega de medicamentos, na comunidade quilombola Piratuba, onde residem mais de 2 mil moradores que vivem essencialmente da pesca artesanal, agricultura familiar, extrativismo e saberes ancestrais.
Os quilombolas receberam atendimento nas áreas de cardiologia, pediatria, clínica médica, infectologia, geriatria e psiquiatria. Também tiveram a acesso a exames renais e eletrocardiograma, além de testes rápidos. Nesta edição, os profissionais adotaram uma abordagem mais atenta aos sintomas de doenças motivadas ou potencializadas pelos efeitos das mudanças no clima e altamente prevalentes na região, também conhecidas como “doenças negligenciadas”, como doença de chagas, dengue, zika, chikungunya, esquistossomose, tuberculose e outras.
Todos esses esforços mostram que cuidar da Amazônia vai além da preservação ambiental: é também garantir saúde e dignidade a quem vive nas margens dos grandes rios, longe dos centros urbanos e das políticas públicas tradicionais. A atuação da Afya na região é de antes da COP30 e vai além dela. O compromisso da companhia em levar saúde e educação, não apenas para a população, mas também para aqueles que cuidam da saúde das pessoas é de longo prazo.
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