A dimensão e a natureza das transformações propostas pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são, como expresso na declaração que institui a Agenda 2030, de alcance e significado sem precedentes. Por isso, seu sucesso depende da aproximação de nações, da mobilização dos setores público e privado e do engajamento dos indivíduos que perpassam essas diferentes esferas. Ou seja, trata-se de uma iniciativa que somente pode materializar resultados pela coletividade.
Contribuições expressivas podem se originar na esfera privada, uma vez que, quando se compara os maiores Produtos Internos Brutos (PIBs) do mundo com as maiores receitas de organizações, na lista dos top 200 figuram 157 empresas. O potencial para promover ações robustas e contínuas é ainda maior quando essas instituições se articulam em rede, compondo cadeias de valor efetivamente sustentáveis.
Embora esse entendimento ganhe cada vez mais espaço junto ao mercado, ainda é preciso avançar para que as empresas consigam inserir em sua rotina a contratação de fornecedores que buscam se diferenciar em temas relacionados à sustentabilidade, contemplando as dimensões ambiental e social junto à perspectiva financeira. Para contribuir com essa evolução, a Comissão de Engajamento e Comunicação (CEC), da Rede Brasil do Pacto Global, tem se dedicado ao tema por meio de sua Subcomissão de Engajamento da Cadeia de Valor.
Construção colaborativa
O caminho escolhido para esse trabalho não poderia ser outro: a escuta e a construção coletiva. Por meio de um workshop para sensibilização e compartilhamento de experiências, a Subcomissão mobilizou, em agosto, organizações de diferentes segmentos, representadas por profissionais das áreas de Suprimentos, Gestão de Riscos, Comunicação, Sustentabilidade e Compliance.
Essa troca de conhecimentos apontou percepções convergentes e boas práticas disseminadas no Brasil, como programas de qualificação de fornecedores, o desenvolvimento de código de ética e regras claras, a definição de cláusulas contratuais específicas e seu efetivo monitoramento. Também mostrou que é necessário buscar mecanismos para o acompanhamento em longo prazo, com indicadores de eficácia e retorno que evidenciem os resultados.
Referências como o Together for Sustainability (TfS), iniciativa conjunta de empresas químicas criada em 2011, demonstram a consistência de ações setoriais, que permitem criar, por exemplo, uma abordagem padrão para avaliar, auditar e melhorar o desempenho da sustentabilidade nas cadeias de suprimentos. A combinação de critérios predefinidos e do compartilhamento das análises entre todos os integrantes do TfS otimiza esforços e ajuda a fortalecer uma rede de nível global.
Para amplificar o tema dos ODS, é possível lançar mão de soluções como a definição de metas conjuntas entre contratante e contratada e a promoção de iniciativas de valorização e reconhecimento de fornecedores, como rankings e premiações. Destaca-se, ainda, a necessidade de capacitação da cadeia para incorporar a temática em seus processos, assegurando sua adequação às particularidades de cada empresa (porte, recursos humanos e financeiros, segmento, impactos etc.).
Diante de um cenário tão rico de informações e possibilidades, a Subcomissão segue trabalhando na consolidação de estratégias e materiais que apoiem as empresas na superação do desafio de que a aplicação sistêmica dessas diretrizes e a implantação de ferramentas transversais sejam percebidas como valor de negócio, evoluindo da categoria de custo para a de ativo de reputação e fator de competitividade. Se a sustentabilidade vem ganhando espaço no ambiente corporativo a partir da gestão de riscos, o momento é oportuno para demonstrar o quanto do seu potencial pode se tornar escalável e sinônimo de um desenvolvimento perene e qualificado em todas as esferas.
Destaques
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