07 de outubro de 2015

Educação é comunicação

Falar sobre educação é assunto imprescindível e latente. É um campo que merece muito mais espaço e atenção do que encontramos atualmente. Espaço para debate, valorização e evolução. Tamanha é a importância do assunto, este artigo poderia resultar em um livro (enciclopédia não, pois tornou-se obsoleta! Dizem…).

O que me instigou a falar a respeito deste tema foi a leitura de diversos conteúdos e subsequente elaboração de um artigo científico sobre Ensino a Distância (EAD), apresentado no Intercom 2015 (*).

As possibilidades e os desafios do EAD têm sido pauta constante na mídia, nas instituições de ensino, em eventos científicos e rodas de conversa. O foco muitas vezes se direciona para o uso das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) ou a comparação entre as modalidades de ensino: presencial e a distância. Contudo, o “x” da questão não deveria ser o meio, mas o modo. Isso vale especialmente para a sala de aula: física ou virtual, com ou sem tecnologia.

Retomando o artigo, nesse estudo constatei que as principais dificuldades apontadas pelos professores entrevistados relacionam-se à comunicação. Comunicação com a equipe de trabalho, com os demais professores e com os alunos. Se você acha que isso ocorre tão somente por uma distância física, engana-se! Essa circunstância pode até influenciar o tópico em questão. Porém, quantos educadores, frente a frente com seus alunos, não se comunicam com eles?

Selecionei alguns trechos de artigos de outros autores que compartilharam essa sessão no Intercom e os descrevo, abaixo, para avivar a minha linha de pensamento:

A utilização de processos comunicacionais na educação remonta a experiências de diversos educadores ao longo dos séculos, sendo a educação, em sua essência, um processo comunicacional (DIAS, 2005).

A educação online é um fenômeno recente e pouco estudado sob a perspectiva da comunicação. Novas formas de vinculação entre professor-aluno-turma diferentes das praticadas por gerações anteriores surgem quando os processos educativos são transportados para a internet […] (VEDANA, 2015 citado por CASTELLI; DRIGO, 2015).

Comunicar não é transmitir uma mensagem ou receber uma mensagem: isso é condição física da comunicação. É certo que, para comunicar, é preciso enviar mensagens, mas enviar mensagem não é comunicar. Comunicar é partilhar sentido: seja de forma presencial ou remota (LEVY, 1993 citado por MARTINSKI, 2005).

O movimento existente entre alunos e professores da vontade de se apropriar do conhecimento, por intermédio da aprendizagem virtual, é um ato de comunicação em educação que não se restringe aos suportes e aos processos customizados das mídias educacionais. (MARTINSKI, 2005).

O que distingue o modelo educacional tradicional do modelo mediado e aberto na educação virtual é a sua circunstância: a distância física e geográfica entre o aluno adulto e o mediador. A distância dessas interfaces é uma mera definição, pois mesmo na modalidade presencial de educação existe a distância na relação professor-aluno, distância da comunicação, de metas e de objetivos (MARTINSKI, 2005).

De forma geral, a EAD estaria “presa aos conceitos de currículo e outros que marcaram a pedagogia num determinado momento histórico, valorizado por numa visão instrucionista”, com a reprodução do “mesmo modelo de educação que vem sendo criticado pelas diversas correntes pedagógicas, apenas se travestindo de inovadores”. Privilegiam-se os “aspectos informativos e instrutivos, em detrimento de aspectos construtivos, criativos, reflexivos e cooperativos” (ARAUJO, 2007, p. 516-517 citado por SABBATINI, 2015).

Ufa!!

Ficou instigado a pensar a educação como um processo permanente de aprimoramento do ensino e transformação legítima do indivíduo? Então você merece nota 10! E, além disso, se você está convencido de que a educação é comunicação e no contexto contemporâneo ela acontece, de forma complementar, on e off line, parabéns, aprovado!


 

Referências

– (*) Artigos do Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Rio de Janeiro, RJ – 4 a 7/9/2015 / GP Comunicação e Educação – Sessão 6: Interatividade, Tecnologia, Ensino:

CASTELLI, H.M.E.  DRIGO, M.O. Comunicação Na Educação: uma Proposta de Novos Formatos de Conteúdos para a Educação Formal, Presencial ou Online.

DIAS, L.M. Rádio e Blog Cabritos Web: Desenvolvimento de um portal multimídia escolar.

MARTINS, J. BELINSKI, R. Videoaulas como Apoio à Orientação de TCC no  Curso de Especialização em Mídias Integradas na Educação.

MARTINSKI, S.C. Espaços Virtuais de Aprendizagem Multimodais Autodirigidos: análise sobre suas interfaces e dos recursos didáticos instrucionais.

SABBATINI, M. A Educação a Distância (EaD) e a Reconfiguração (Ciber)Espaço Educacional: do Tradicionalismo à Reescolarização.

 

Autores diversos:

ARAÚJO, M. M. S. O pensamento complexo: desafios emergentes para a educação on-line. Revista Brasileira de Educação, v. 12 n. 36, p.515-551 set./dez. 2007.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa São Paulo: Paz e Terra, 2002.

LEVY, P. As Tecnologias da Inteligência. O Futuro do Pensamento na Era da Informática. São Paulo: Editora 34, 1993.

MELO, J.M. TOSTA, S. Mídia e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

ROMÃO, E. S. Políticas da Educação a Distância no Brasil: desvios e desafios. Revista Teoria e Prática da Educação, v.11, n.2, p. 199-206, maio/ago. 2008.

VEDANA, D. de B. Comunicação e processos de educação: limites e avanços da educação mediada pelas tecnologias. Dissertação de Mestrado da Faculdade Cásper Líbero. São Paulo, Orientador: Antonio Roberto Chiachiri Filho, 2015.

 

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