Primeira reunião do Comitê Aberje de Relacionamento com a Imprensa discute novo cenário midiático

Em um cenário de redações cada vez menores, de colapso do antigo modelo de receita por meio da audiência e do surgimento dos influenciadores como verdadeiros veículos, como profissionais de assessoria de imprensa e de relações com a mídia podem criar laços com jornalistas de veículos?

Foi para responder essa questão que os membros do Comitê Aberje de Relacionamento com a Imprensa fizeram sua primeira reunião no dia 26 de março, de maneira virtual, com a coordenação de Renata Freitas, gerente de Relações com a Mídia e Imagem Corporativa do Iveco Group; e a participação de Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje.

É importante, porém, evitar o alarmismo. “Os veículos da chamada ‘imprensa tradicional’ estão atravessando uma tempestade”, pontuou Hamilton. Mas eles resistem. Tanto é que, em 2025, o Estadão completou 150 anos; o Grupo Globo 100 anos; o Valor Econômico, 25; e, na área digital, o Poder 360 comemorou 25 anos. Mas o fato é que novos players e a atuação das big techs (como o Google, com sua estratégia de zero click) estão transformando a realidade da mídia. As próprias marcas hoje têm um protagonismo maior na produção de conteúdo, contando até com veículos próprios e oferecimento de infoprodutos.

Partindo das perguntas “Quais as características essenciais em um profissional de assessoria de imprensa para a construção de uma boa relação com os profissionais de imprensa e de novas mídias nos dias de hoje? E quais comportamentos inoportunos devem ser evitados?”, o Comitê discutiu como assessores e jornalistas podem se relacionar melhor em meio às transformações cada vez mais rápidas no cenário atual da comunicação.

Assertividade é essencial nesse contexto de grande rapidez. Vários participantes da reunião destacaram a importância de fazer uma curadoria dos repórteres e entender suas demandas e necessidades antes de inundar redações (cada vez menores) com e-mails enviados indiscriminadamente. Para disputar a atenção escassa e preciosa dos jornalistas, vale a pena apelar para a criatividade e o uso de dados para tornar as histórias mais atrativas e relevantes.

Na construção dessa relação entre assessores e jornalistas, empatia, diplomacia e capacidade de negociação são habilidades fundamentais. E a qualidade desse relacionamento deve sempre vir acima da frequência de interações. Além de compreender a rotina do jornalista e seu veículo, profissionais de assessoria e de relações com a mídia devem controlar sua ansiedade e evitar pressionar repórteres para não queimar pontes.

Enquanto no início da reunião, Hamilton dos Santos ressaltou que as áreas de comunicação corporativa não devem mais se colocar em posição inferior aos jornalistas, pois ocupam hoje um patamar de diálogo igualitário com a imprensa, vários participantes alertaram contra a insistência e prepotência. Por isso, é fundamental respeitar o trabalho e a liberdade do jornalista e não interferir no processo com pedidos (ou exigências) de revisão e de aprovação do material.

Outro ponto abordado foi a necessidade de um conhecimento aprofundado sobre os temas trabalhados. Uma representante do setor automotivo ressaltou que os assessores devem compreender os produtos e serviços das empresas para fornecer informações consistentes aos jornalistas. Outros membros do Comitê concordaram e chamaram a atenção para a necessidade da formação continuada dos profissionais de Comunicação iniciantes, para capacitar novos especialistas e refinar cada vez mais seu trabalho.

Sobre os Comitês

Os Comitês Aberje de Estudos Temáticos são espaços seguros para troca de informações e aprendizado mútuo para profissionais da rede associativa. São grupos fixos de membros, nomeados por organizações associadas à Aberje, que se reúnem com regularidade para discutir, aprofundar e gerar novos conhecimentos sobre determinados temas de interesse da Comunicação Corporativa. A participação nos Comitês é exclusiva para empresas associadas e os temas e grupos são renovados a cada ano. Com calendário predeterminado para os encontros, o processo de seleção dos membros ocorre no início de cada ano.

A cobertura dos encontros dos Comitês segue a Chatham House Rule, onde os participantes são livres para usar as informações recebidas, mas preservando a identidade e filiação dos membros daquela reunião, de modo a permitir que a discussão possa se dar livremente em um ambiente seguro