17 de maio de 2018

Pesquisa da PwC e da FGV aponta discrepância entre remuneração variável e retorno para acionistas

Pesquisa realizada em parceria entre a consultoria PwC, associada da Aberje, e a Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (EAESP-FGV) mostra que executivos de empresas de capital aberto recebem remuneração variável mesmo que não haja o retorno esperado aos acionistas. As conclusões se referem ao período entre 2010 e 2016.

Os resultados foram obtidos a partir de uma amostra com 149 empresas presentes no IGC (Índice de Governança Corporativa) da BOVESPA e foram divididos em dois grupos: um, incluindo 28 empresas (cerca de 19% do total) que criaram valor aos acionistas neste período, ou seja, que tiveram seus investimentos remunerados; e um segundo grupo que inclui as 121 empresas restantes (81%) e que geraram retorno inferior ao custo do capital.

Em ambos os casos foram registradas distâncias entre a remuneração variável de executivos e o retorno aos acionistas, mas este vão é maior nas empresas que não tiveram ganho de valor no período analisado: imaginando que em 2010 os retornos aos acionistas e a remuneração variável estavam em uma base 100, em 2016 os ganhos de acionistas caíram para 22 enquanto a remuneração executiva não-fixa ficou em 87 (diferença de 65).

Já nas empresas que geraram valor entre 2010 e 2016, a remuneração variável oscilou de 100 para 82, enquanto o retorno de acionistas caiu de 100 para 36 (diferença de 46). É importante observar ainda que neste grupo de empresas que geram valor, a remuneração dos executivos é superior ao grupo que destruiu valor para os acionistas, demonstrando assim que o alinhamento de  interesses de acionistas e executivos é fundamental neste processo.

Apesar disso, chama atenção que, até 2015, a remuneração dos executivos seguiu em alta nas companhias que não geravam valor. “As empresas no Brasil insistem em uma estrutura antiga de pagamento variável aos seus executivos, como o bônus de fim de ano e outros benefícios não fixos, independente se há ou não aumento na geração de valor da empresa. Esta é uma das principais causas desta discrepância”, afirma Roberto Martins, diretor da PwC Brasil.

Para alinhar as expectativas de executivos e acionistas, o estudo sugere a criação de comitês de remuneração independentes vinculado ao Conselho de Administração das empresas, já que isso melhoraria a transparência, diversidade e equidade das operações de governança corporativa. Além disso, o estudo também defende que as empresas não foquem apenas no crescimento do lucro ou indicadores de curto prazo, mas também na geração de valor. “Nossas conclusões apontam que após dois anos seguidos de queda no valor médio das empresas, o ano de 2016 foi responsável por uma retomada do crescimento neste sentido”, conclui Roberto Martins.

 

Metodologia – Das companhias que participaram da pesquisa, 73% delas possuem capital nacional e 41% obtiveram um faturamento acima de R$ 3 bilhões em 2016. Foram 12 setores analisados, com destaque para produção industrial, engenharia e construção e prestação de serviços. O estudo se refere ao período entre 2010 e 2016, já que os dados do ano passado ainda não foram completamente informados pelas empresas à Comissão de Valores Imobiliários.

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