Comunicadores brasileiros ampliam presença em posições globais

Ocupando funções estratégicas que influenciam agendas internacionais, profissionais brasileiros em posições de liderança em comunicação corporativa levam para a mesa global competências desenvolvidas no Brasil – um mercado complexo, diverso e altamente competitivo. Essa bagagem é um diferencial decisivo na condução de estratégias, no diálogo com múltiplos públicos e na adaptação a diferentes culturas.
“O nosso principal papel é ser uma voz influente nas tomadas de decisão do global, representando o segundo maior mercado da Bayer no mundo”, afirma Malu Weber, vice-presidente de Comunicação e do Agronegócio da América Latina no Grupo Bayer Brasil – além de Presidente do Conselho Deliberativo da Aberje. Malu completou recentemente cinco anos de Bayer e hoje viaja regularmente para a matriz da empresa em Leverkusen, na Alemanha, e para diversos países da América Latina, além de visitar diversas regiões do Brasil, para acompanhar as operações da companhia. Para ela, a atuação no país exige visão integrada e foco absoluto no que é relevante para stakeholders, habilidade que se reflete em sua participação nas discussões globais. “Com esse novo modelo de operação, tanto dos negócios quanto da nossa estrutura e forma de operar, os líderes dos clusters e países se aproximaram mais, então aumentou a colaboração, a troca, a construção conjunta e a discussão sobre nossos talentos no mundo todo, ampliando visibilidade de nossos times e maior oportunidades de desenvolvimento”, explica Malu.

“A diversidade cultural e demográfica exige constante adaptação das mensagens, algo essencial para atuar globalmente”, observa Pedro Torres, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau, que ressalta que o Brasil funciona como uma grande escola para o exercício da comunicação em escala internacional. Baseado no Brasil, Pedro hoje viaja para os diversos países em que a Gerdau tem operações próprias, com fábricas e colaboradores: Estados Unidos, Canadá, México, Peru, Uruguai e Argentina (países em que é responsável pela gestão de comunicação e reputação). Os Estados Unidos são um destino frequente, devido à importância do mercado do país para a estratégia da empresa.

A mesma percepção sobre a relevância da adaptabilidade é compartilhada por Pedro Alves, vice-presidente sênior global de Comunicação da Mastercard. Segundo ele, o mercado brasileiro obriga o profissional a atuar de forma holística, dominando diferentes frentes de comunicação e marketing. “Não senti falta de nenhuma competência técnica para trabalhar fora do Brasil. Pelo contrário, pude contribuir com os times globais porque, no Brasil, aprendemos a fazer de tudo”, afirma. Com o aprendizado do Brasil, Pedro Alves hoje está em Nova York, em contato constante com os Tech Hubs da Mastercard ao redor do mundo. No papel de líder da Comunicação para Tecnologia, ele viaja regularmente para Saint Louis e Arlington, nos EUA; Vancouver, no Canadá; Dublin, na Irlanda; Pune, na Índia; e Sidney, na Austrália.

“A vivência brasileira desenvolve uma capacidade única de navegar cenários incertos com criatividade e empatia”, explica Sarah Bonadio, diretora global de Assuntos Corporativos da Alpargatas. “Esse olhar resiliente e inovador nos ajuda a equilibrar estratégia e flexibilidade, unindo objetivos corporativos a realidades distintas”, diz. Sarah reforça a necessidade do contato pessoal, que acontece em momentos necessários durante o ano. Ela está baseada no Brasil, no escritório da empresa em São Paulo, mas mantém contato frequente com Estados Unidos, Itália, França, Espanha, Portugal, Austrália, Filipinas, Indonésia e Tailândia, países no foco da Alpargatas.

Desafios e prioridades da comunicação global
A atuação internacional demanda habilidades que vão além do domínio técnico. Para Malu, a “competência humana” é central: construir relações de valor, fortalecer equipes e compreender o que é relevante para diferentes públicos. Já Pedro Torres, da Gerdau, destaca a importância de descentralizar e dar autonomia para que cada mercado seja construtor de estratégias, e não apenas replicador.
Pedro Alves, da Mastercard, acrescenta que liderar equipes multiculturais requer sensibilidade cultural e habilidade política. Ele também aponta que engajar funcionários tornou-se um desafio crescente no pós-pandemia, variando muito entre países. Sarah Bonadio reforça que, no contexto global, autenticidade, escuta ativa e abertura a diferentes perspectivas são ativos essenciais.
Para além da execução, os líderes afirmam que o trabalho passa cada vez mais por conectar negócios e sociedade de forma coerente e transparente. Isso implica lidar com pressões externas por posicionamento em temas sensíveis, como mudanças climáticas, diversidade e inovação responsável, sem perder consistência nas narrativas corporativas. A necessidade de alinhar mensagens em diferentes fusos horários e idiomas, garantir que estratégias globais sejam compreendidas localmente e mensurar impacto com métricas comparáveis entre mercados também se impõe como prioridade. “A comunicação precisa ser fluida, mas não fragmentada; integrada, mas respeitando as especificidades culturais”, resume Sarah.
Entre os temas recorrentes nas agendas internacionais, os executivos destacam sustentabilidade, reputação corporativa, inovação, descarbonização e relações institucionais. No Brasil, somam-se eventos como a COP30, que colocam em evidência as mudanças climáticas, a agricultura regenerativa e as responsabilidades empresariais diante desses desafios. “Tudo o que for relevante para o negócio e seus stakeholders precisa estar na nossa agenda”, afirma Malu, ressaltando que a comunicação deve traduzir esses compromissos em ações concretas e narrativas consistentes. Para ela, acompanhar essas discussões globais é fundamental para antecipar tendências e fortalecer o posicionamento da empresa em um cenário cada vez mais competitivo e interconectado.
O recado dos quatro líderes para quem aspira seguir carreira global é claro: é preciso unir competência técnica, capacidade de adaptação e visão estratégica com uma rede sólida de relacionamentos. “Não é apenas saber pedir; tem que saber fazer, liderar e construir conexões de confiança”, resume Pedro Alves.
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