Usando o futuro para compensar decisões do passado

Imagine uma situação hipotética que você compra um ingresso para um show. Depois de conversar com algumas pessoas e ver alguns vídeos no youtube, você percebe que não está mais tão a fim de ir naquele show. E surgiu algo muito mais interessante para você fazer naquele mesmo dia. Você pensa: Mas eu já comprei o ingresso, vou ter que ir, né? A resposta é: Não. Não é porque você comprou o ingresso que você tem que ir como forma de recompensar o investimento passado.

Saindo dessa analogia simples e trazendo para o mundo dos negócios: Eu já investi mais de 40 anos em um segmento, meu produto se transformou em sinônimo de categoria e fui líder de mercado por décadas. Eu vejo que no futuro há uma outra oportunidade que não está necessariamente associada a este produto que eu investi tantos anos. E aí? O que você faz? Você já dedicou tanto tempo, investimento, pessoas, é hora mesmo de mudar de rota? Será que o investimento do passado precisa ser compensado no futuro?

A inovação se paga no hoje. No agora. O investimento em inovação e no futuro não pode ser uma resposta para um compromisso do passado. A recompensa do investimento do passado, além de ser algo consumado, é algo que traz o retorno no hoje e não significa que trará no futuro.

A Blockbuster, por exemplo, para sua época foi revolucionária. Marcou gerações. Foi sinônimo de categoria, mas depois com avanço da digitalização e o desenvolvimento do streaming, ela deixou de fazer sentido. Ela investiu tantos anos no segmento de locação de fitas de filme. Agora, tudo o que ela investiu foi pelo ralo. Negativo. Tudo o que ela investiu fez dela o que ela foi. Trouxe muitas conquistas, foi importante para muitas pessoas. O sucesso que ela teve e o lucro que ela teve já trouxe o retorno deste investimento.

Não será o futuro que vai trazer.

Agora, o convite que eu faço é: observe no seu ecossistema, quantas vezes você se colocou numa situação em que se sentiu obrigado a continuar algo apenas pelo investimento passado que você fez?

Prometa que da próxima vez que enfrentar essa situação, você vai se libertar deste compromisso de insistir em algo pelo passado. Insista naquilo que te levará ao futuro. Isso é inovar.

Não use a métrica do passado para medir o sucesso do seu futuro. Além de incoerente, isso é contraditório. Inovar é um risco. Tomar a decisão de seguir um caminho, seja a ou b, é um risco. Mas o risco é muito mais recompensador do que apenas insistir em algo para fazer valer aquilo que você já consumou.

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