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29 de setembro de 2025

O inacabado da Narrativa

Paulo Nassar
Baker Street, Londres (Créditos: Paulo Nassar)
 
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Pensar a narrativa é atravessar uma estrada que nunca se deixa fechar. Entre filósofos, sociólogos, pedagogos, linguistas, historiadores e comunicadores, o que se percebe é uma trama feita de descobertas e de limites. Cada autor abre um campo, mas também nos deixa diante de perguntas que não resolve. Talvez seja justamente nesse movimento entre revelação e lacuna que a narrativa se mostra em sua verdadeira natureza: sempre inacabada, sempre disputada.

E digo isso a partir de um lugar muito específico. Em cada aula, nas mais diferentes salas que a Universidade de São Paulo abre como arenas democráticas de diálogo entre alunos e professores, eu vacilo em ser taxativo quando se trata de ideias sobre a narrativa e sobre o seu papel central. Vacilo porque ela pode ser compreendida, ao mesmo tempo, como organizadora da transmissão do conhecimento e como fio que dá forma à vida do sujeito, da sociedade e de suas organizações. Ao assumir esse vacilo, percebo que qualquer ensaio sobre autores e perspectivas teóricas da narrativa é, inevitavelmente, parcial e incapaz de abarcar um campo tão vasto, povoado de vozes cultas e sedutoras. A única certeza que levo comigo é que estudar a narrativa não é tarefa de um curso, nem de uma carreira, mas um compromisso para toda a vida.

Se recuarmos ao início do século XX, vemos surgir as primeiras grandes inflexões. Bergson, filósofo francês que dizem ter sido professor de Proust, nos convida a pensar o tempo não como cronologia, mas como duração vivida. Ao fazê-lo, sugere que narrar é organizar a memória íntima. Sua intuição inspirou artes e filosofias da experiência, mas ao privilegiar tanto a interioridade, deixou pouco espaço para as tensões sociais. Halbwachs, sociólogo francês que morreu assassinado no campo de concentração de Buchenwald, ouvindo um jovem Jorge Semprún recitar versos de Baudelaire para suavizar seu sofrimento, amplia o debate ao mostrar que não lembramos sozinhos: lembramos em grupo, emoldurados por quadros sociais. Sua contribuição é decisiva, ainda que funcionalista, pois subestima os silêncios impostos. Benjamin, por sua vez, um pensador que amava flanar por cidades como Paris e a narrava como um verdadeiro cityteller, observa a modernidade com um olhar poético e melancólico. Em O Narrador, fala da crise da experiência compartilhada diante da avalanche da informação. É uma leitura fascinante, embora nostálgica, que às vezes parece paralisar-se diante da novidade técnica em vez de explorá-la.

Potência e Criação

Desse cenário marcado pela memória e pela experiência, passamos a outro, centrado na ação da linguagem e nas grandes estruturas míticas. Austin, filósofo britânico de humor refinado e frase curta, mostra que falar é agir, que palavras instauram mundos. Sua teoria dos atos de fala é decisiva, mas limitada: ao se concentrar em rituais formais, esqueceu a instabilidade da linguagem cotidiana. Campbell, um estudioso apaixonado por mitos que dizia encontrar semelhanças entre Buda e Luke Skywalker, propõe a jornada do herói como estrutura universal. É sedutora, inspirou Hollywood e a publicidade, mas peca por reduzir a diversidade cultural a uma forma única. Viola Spolin, diretora teatral que começou ensinando crianças imigrantes em Chicago, devolve a narrativa à improvisação coletiva, lembrando-nos de sua potência lúdica e criativa. O problema é quando o jogo se desconecta das contradições sociais e vira apenas exercício estético.

É nesse ponto que chegamos à comunicação e às ciências sociais. Marshall McLuhan, canadense que se tornou pop star acadêmico nos anos 1960, ao ponto de aparecer em um filme de Woody Allen, cunhou a frase “o meio é a mensagem”. Visionário, mas acusado de determinista. Habermas, o filósofo alemão que enfrentou debates acalorados com Foucault, insiste na esfera pública e na racionalidade comunicativa. Traz a narrativa como pilar da democracia, mas é criticado por sua visão normativa. Peter Burke, historiador cultural inglês de fala calma e escrita clara, amplia o campo ao tratar a história como representação, multiplicando vozes, mas evitando entrar nos embates mais duros do poder. Já Martine Segalen, antropóloga francesa que estudou rituais de família e de casamento, observa como esses ritos produzem pertencimento. Sua leitura é rica, mas estruturalista, pouco aberta ao conflito e à ruptura.

Ferida e Silêncio

Nas últimas décadas do século XX, novas vozes consolidaram o campo. Chatman, crítico literário meticuloso, refinou a análise ao separar história e discurso, mas corre o risco de reduzir narrativas a engrenagens. Abbott, um didata norte-americano com talento para simplificar conceitos difíceis, escreveu uma introdução clara, ainda que rasa. Paulo Freire, em contraste, viveu sua vida no idealismo de alfabetizar os humildes, acreditando que aprender a escrever o próprio nome era também aprender a escrever a própria história. Sua pedagogia dialogal inspirou gerações, mas foi acusada de ideológica. Ana Mae Barbosa, referência da arte-educação no Brasil, levou sua Abordagem Triangular para museus e escolas, revolucionando o ensino da arte, mas enfrentando críticas quanto à viabilidade em contextos de carência. Já Jorge Larrosa Bondía, filósofo espanhol de fala pausada, devolve a experiência ao centro do saber, lembrando que só conhecemos quando algo nos toca. Sua visão é potente, embora romântica, pois esquece que a experiência também pode ser ferida e silêncio.

E assim, ao atravessarmos essa linha do tempo, vemos que a narrativa se move entre polos: memória e esquecimento, mito e poder, técnica e esfera pública, experiência e trauma. Cada autor ilumina um aspecto, mas também obscurece outro. Bergson e Bondía exaltam a subjetividade, mas escorregam no individualismo. Halbwachs e Habermas valorizam o social, mas caem no normativo. McLuhan e Campbell oferecem chaves universais, mas incidem em determinismos e reducionismos.

Por isso, ao olhar para esse conjunto, não me parece que haja uma teoria capaz de encerrar o assunto. Narrar é sempre disputar sentidos, organizar silêncios, legitimar memórias. E se há uma lição a levar para nossas aulas e pesquisas é esta: cada autor nos dá uma lente, mas nenhuma lente é suficiente. Cabe a nós, professores e alunos, experimentar os limites dessas perspectivas, cruzá-las, tensioná-las e, sobretudo, manter o compromisso de continuar estudando. Afinal, se há algo que aprendi nesse caminho, é que estudar a narrativa é tarefa para uma vida inteira.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Paulo Nassar

Diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); doutor e mestre pela ECA-USP. É coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN), da ECA-USP e pesquisados no campo da interface entre Comunicação e Antropologia. Docente de mestrado e doutorado (PPGCOM ECA-USP) desde 2006, onde ministra, juntamento com o Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias, a disciplina stricto sensu “Memórias Rituais, Narrativas da Experiência”. Pesquisador da British Academy (University of Liverpool) – 2016-2017. Entre outras premiações, recebeu o Atlas Award, concedido pela Public Relations Society of America (PRSA, Estados Unidos), por contribuições às práticas de relações públicas, e o prêmio Comunicador do Ano (Trajetória de Vida), concedido pela FundaCom (Espanha). É coautor dos livros: Communicating Causes: Strategic Public Relations for the Non-profit Sector (Routledge, Reino Unido, 2018); The Handbook of Financial Communication and Investor Relation (Wiley-Blackwell, Nova Jersey, 2018); O que É Comunicação Empresarial (Brasiliense, 1995); e Narrativas Mediáticas e Comunicação – Construção da Memória como Processo de Identidade Organizacional (Coimbra University Press, Portugal, 2018).

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