Menos horas de trabalho e mais produtividade
Tínhamos muitas dúvidas de como encararíamos a pandemia há dois anos e meio e uma delas era como trabalharíamos remotamente. Para nós, profissionais intelectuais, o desafio do trabalho remoto se apresentava de forma jamais vista e muitos apostavam que não daria certo. Pois essa discussão hoje é antiga. O trabalho remoto não só deu certo como, para muitas empresas, a produtividade do colaborador aumentou, seja por conta das reuniões com hora certa de início e término, seja pela redução do tempo de locomoção economizado no deslocamento ao escritório. Mas qual foi o custo desse confinamento? Muitas vezes, excesso de atividades, chegando ao burnout.
Foram mais de dois anos intensos e de muito aprendizado de como vamos caminhar daqui pra frente. Eu, particularmente, chego à conclusão de que o modelo híbrido pode ser o melhor formato. Concentração maior em casa, reuniões presenciais com clientes e time para mantermos o contato social tão necessário.
Mas creio que aprendemos ainda mais com a pandemia. Nossa saúde foi posta em xeque e o estresse à porta de todos nós nos trouxe a reflexão não apenas do melhor formato de trabalho, mas de quanto é saudável e necessário balancearmos mais nossa vida pessoal com a profissional. Afinal, estar com a família, amigos e no ambiente de lazer é quando relaxamos e recarregamos as energias.
Um estudo conduzido pela economista americana Juliet Schor, do Boston College, se dedica a um experimento de trabalho de quatro dias da semana (32 horas semanais) em empresas dos Estados Unidos, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia, com cinco dias de remuneração. Após seis meses de acompanhamento, constatou-se redução drástica de pedidos de demissão (antes demasiadas por conta de esgotamento emocional) e atestados médicos, clientes mais satisfeitos com resultado do trabalho e colaboradores se sentindo mais felizes e produtivos.
A redução da carga horária não significa diminuição de produtividade. Ao contrário. Os profissionais encontraram novas formas de organização com menos reuniões, menos tempo destinado a redes sociais e menos ausências para consultas médicas – agora agendadas para o day off.
Na Europa – Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Dinamarca e Noruega -, governos se adiantaram à discussão e já subsidiam o quinto dia de trabalho. Nos Estados Unidos, onde os índices de pedido de demissão batem recorde por estresse, a mudança ainda caminha a passos mais lentos.
Estamos longe desse estágio dos países desenvolvidos, porém, temos como mudarmos alguns velhos hábitos que já não cabem mais, como excesso de horas de trabalho e ausência de limites de horário para respostas de e-mails e outras mensagens. Pesquisa na FleishmanHillard Brasil junto aos colaboradores demonstrou a satisfação que os profissionais têm em trabalhar na agência. Bom sinal, de que estamos levando com leveza o trabalho de todos, onde passamos a maior parte de nossa vida. Mas, para termos ainda mais satisfação de trabalhar e trazermos ideias novas e criativas aos nossos clientes, precisamos de mais tempo livre.
E que não pensem que não estamos de alguma forma trabalhando quando estamos assistindo a uma série, praticando um esporte ou viajando e conhecendo novas culturas. Essa experiência na vida fora do ambiente de trabalho nos garante mais bagagem para sermos melhores profissionais. Podemos ainda não estar maduros para assumir os quatro dias de trabalho semanais, mas estamos prontos para ter finais de semana mais plenos e felizes para encarar sem depressão a música do Fantástico no domingo à noite. E que venha a segunda-feira!
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