Influenciadores internos: quando o buzz começa dentro de casa
As redes sociais se tornaram parte do dia a dia das pessoas – o que inclui também os colaboradores das empresas. Se antes os posts se restringiam a amigos próximos e falavam sobre amenidades, hoje atingem todo o universo de network e abrangem carreira e valores. Então, por que não aproveitar a divulgação espontânea para crescer a reputação?
No meio deste cenário, as empresas precisaram se adaptar e criar políticas para explicar aos colaboradores o que é aceitável ou não de publicarem nas redes sociais. Afinal, mesmo fora do expediente, carregamos o sobrenome corporativo da empresa que representamos.
No entanto, o controle absoluto sobre o conteúdo publicado é uma ilusão. Em vez disso, é possível direcionar de forma eficaz o que é compartilhado e até mesmo estimular os profissionais a explorarem tópicos relevantes. Esse novo paradigma é o que agora chamamos de Employer Advocacy, uma estratégia capaz de transformar colaboradores em influenciadores internos, moldando a narrativa da empresa de dentro para fora.
Falem mal, mas falem de mim?
Para nós, que trabalhamos com comunicação, o poder do boca-a-boca (para o bem e para o mal) é um velho conhecido. Aproveitar o talento que você tem dentro de casa pode ser muito mais assertivo e barato do que contratar alguém de fora.
Uma pesquisa da PQ Media apontou que o mercado de global de influência deve crescer 16,9% este ano frente 21,5% em 2022. Em valores, significa um aporte de US$ 34 bilhões – o triplo de 6 anos atrás -, considerando macro, micro influencers, embaixadores de marca, serviços e empresas relacionadas. O investimento das plataformas em creators ajuda a impulsionar este setor e a despertar o interesse dos usuários em postarem cada vez mais.
Mas, por que investir em influenciadores externos quando se tem um grande potencial dentro de casa? É um potencial para a marca corporativa que as empresas ainda não sabem explorar adequadamente.
Dúvida? Os números mostram: segundo dados do MSLGroup, mensagens corporativas têm 561% mais alcance quando divididas por colaboradores do que quando postadas nos canais oficiais das empresas / marcas. Também alcançam oito vezes mais engajamento se forem postadas pelos colaboradores, de acordo com a Social Media Today.
Mas, como fazer esse engajamento acontecer?
É sobre comunicação e ganha-ganha
Deixe de lado velhos conceitos como comunicação interna e externa. É comunicação e ponto. Não tem mais divisão: tem que olhar como um todo e trabalhar sem barreiras.
Muita gente também se questiona se o conteúdo orgânico tem mais valor do que o patrocinado e esse é um paradigma que precisa ser quebrado, uma vez que as empresas podem investir em posts pagos para ampliar o alcance da sua marca, mas também estimular os colaboradores a trabalharem de forma orgânica, colocando no conteúdo seus conceitos, experiências, valores em sinergia com a empresa – que gera um diálogo orientado pela companhia.
O profissional já conta, espontaneamente, sobre a sua experiência, os bastidores do que está vivendo, como é trabalhar naquele ambiente, suas conquistas e também as da empresa. Afinal, ele se orgulha de carregar consigo um selo de excelência atrelado ao nome da companhia e a companhia se orgulha de ter entre seus talentos alguém com determinadas expertises.
O propósito das redes sociais é exatamente esse: o compartilhamento de conhecimento e de vida. Quando a empresa orienta o colaborador a fazer isso da melhor maneira, todos saem ganhando. O profissional vira um advocate e aprende a usar melhor o espaço digital para se promover e, consequentemente, alavancar o alcance do nome e da reputação do local em que trabalha. E a empresa ganha visibilidade com novos públicos (os seguidores do seu novo influenciador).
Caminho das pedras, ou melhor, das palavras
O primeiro passo para contar com o poder dos influenciadores internos é não mapear aqueles que estão usando mais as redes e entender como eles estão fazendo isso, mas também aqueles que tem o desejo e não sabem como fazê-lo.
Depois, convidá-los a transformar o seu conteúdo em influência. Na grande maioria das vezes, o colaborador nem sabe que pode aprimorar o uso das redes sociais e muito menos que pode ter ajuda para isso.
Na minha experiência, tenho acompanhado empresas que se estruturaram para promover esse tipo de treinamento para os times e os resultados aparecem rapidamente. Não existe controle, obrigação de participar, mas a adesão espontânea e o engajamento sempre acontecem.
A produtividade não cai, as pessoas encontram tempo para pensar nos posts e, com o apoio correto e especializado, encontram seu tom de voz e a melhor forma de se comunicar on-line.
Employer advocacy: o alvo também está na ponta
Usar o poder de influência dos colaboradores é, também, um diferencial competitivo e uma forma de chegar ao consumidor neste mundo altamente conectado e em constante transformação.
Dados do Linkedin apontam que as mudanças econômicas têm dificultado que as empresas alcancem novos cliente. 44% dos consumidores estão menos receptivos aos contatos de vendas ou marketing, mas 50% dos C-suite afirmam que um programa de Thought Leadership de alta qualidade tem mais impacto nas suas decisões de compra nestes momentos do que quando vivemos tempos tranquilos. 65% dos compradores mudaram a percepção que tinham sobre uma empresa depois de acompanhar as postagens dos colaboradores no LinkedIn.
Poder trabalhar as capacidades dos profissionais para influenciar os negócios é algo que cabe em qualquer empresa – das grandes às pequenas – de qualquer segmento.
E se engana quem acha que o colaborador que adere a um programa de influenciador interno precisa, necessariamente, citar a companhia para a qual trabalha o tempo todo. Está aí a graça da coisa: é nas sutilezas e nos detalhes que eles acabam demonstrando a reputação da marca empregadora, reforça o quanto é bom trabalhar ali, o investimento institucional no desenvolvimento dos talentos, o clima etc.
Que tal começar a olhar para os colaboradores com esse novo olhar?
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