Comunicação interna: onde estamos e para onde vamos
Por muito tempo, a comunicação interna ocupou uma posição secundária no organograma de muitas empresas e era vista como uma área não-estratégica para o negócio.
Ao longo dos anos esse quadro foi mudando e o ápice desta virada de jogo, na minha visão, se deu na pandemia quando os colaboradores ficaram afastados fisicamente tendo a comunicação como o principal – e talvez único – elo entre eles e a empresa.
Essa notoriedade também deu a nós, profissionais de comunicação, a oportunidade única de aperfeiçoarmos nossos processos. Neste texto, compartilho três pontos que, para mim, foram os mais significativos e de maior impacto no cotidiano de trabalho.
O primeiro deles foi a velocidade. Estávamos diante de um vírus desconhecido e, a cada descoberta e informações, novas decisões eram tomadas com a necessidade de comunicá-las de maneira rápida e assertiva. Se antes, comunicados e mensagens vindos da área de comunicação eram por vezes “deixados para ler depois” ou até mesmo ignorados, na pandemia eles eram aguardados com grande expectativa e, portanto, maior foi a responsabilidade com o teor e formato dos conteúdos.
Em segundo, a transparência. Sempre aprendemos que os colaboradores precisam saber das coisas por dentro, e não de fora, mas foi na pandemia que pudemos colocar à prova nossa capacidade de aplicá-la. Foi necessário comunicar número de infectados, e informações extremamente sensíveis como a morte de colegas e seus familiares.
Ainda no que tange à transparência, decisões eram tomadas pelo comitê de crise, mas muitas vezes precisaram ser repensadas, mostrando as fragilidades da alta direção, mas, ao mesmo tempo, demonstrando coragem e firmeza para assumir um posicionamento e mudar de rota, quando se mostrou necessário.
E por fim, a mensagem. A crise do coronavírus nos ensinou a fazer uma comunicação interna mais sensível e mais humana, com palavras de acolhimento, segurança e esperança em um momento de incerteza global. Eis o grande paradoxo das relações humanas na pandemia: ainda que estivéssemos longe fisicamente uns dos outros, nos tornamos mais próximos porque uma comunicação humanizada consegue conectar e gerar identificação.
Chegamos em 2022 em um cenário de pós-pandemia. E a pergunta que surge é: o que podemos esperar daqui para frente?
Elaborei uma enquete sobre este tema em meu Linkedin e perguntei qual o principal desafio da comunicação interna nas organizações. Até o momento, 57% responderam “humanização”, o que nos mostra que ainda temos muito para evoluir.
Além disso, o sistema híbrido de trabalho virou realidade em muitas empresas e entendo que o alinhamento contínuo ganhará cada vez mais importância. Independente do canal e do meio, a essência será sempre manter o colaborador informado, alinhado e engajado.
Mas, para isso é preciso um posicionamento coerente das empresas no qual discurso e prática estejam em sintonia. Hoje, mais do que nunca, os colaboradores têm voz, não são meros espectadores e consumidores de informação. As redes sociais permitiram maior interação, compartilhamento de experiências, espaços de diálogo e questionamentos.
Daí a importância da comunicação interna nas organizações: primeiro a gente precisa comunicar, alinhar e engajar dentro de casa para que depois seja possível externar para o mundo e para a sociedade. Não há mais espaço para discrepância.
Não poderia deixar de mencionar a necessidade de maior valorização do profissional da comunicação. A relevância que nossa área demonstrou ao longo dos anos precisa ser acompanhada por mais investimento, reconhecimento e espaço de decisão dentro das empresas.
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